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Instituto realiza campanha de apoio a indígenas do Espírito Santo

Iniciativa do Ipae arrecada fundos para associações indígenas no enfrentamento à pandemia

A pandemia do coronavírus tem mudado a rotina e condições de sobrevivência de muitas pessoas e afetado de forma especial alguns grupos, como as comunidades tradicionais. Foi observando o impacto do momento sobre as populações indígenas, que o Instituto Pesquisa Arqueológica e Etnográfica Addam Orssich (Ipae) iniciou há duas semanas uma campanha de doações que tem como foco ajudar os povos Tupinikim e Guarani do Espírito Santo e os Wai-Wai que vivem em territórios no Pará e Roraima.

As arrecadações das doações podem ser feitas para conta no Banco do Estado do Espírito Santo (Banestes) ou pelo aplicativo PicPay e são direcionadas diretamente para as associações indígenas dessas etnias e comunidades. A iniciativa terá duração prevista de 40 dias e está produzindo conjuntamente com as comunidades campanhas pela internet para abordar e visibilizar os efeitos da pandemia nesses territórios indígenas.

“As necessidades variam de acordo com cada grupo. Os que estão mais próximos das rodovias mostram preocupação por conta do número de pessoas infectadas com Covid-19, enquanto em aldeias que conseguiram se manter mais isoladas há uma preocupação com a autonomia alimentar, já que não conseguem mais comercializar seus produtos”, explica Henrique Valadares, diretor-técnico do Ipae.

Ele conta que embora o instituto trabalhe sobretudo com história e arqueologia, o momento de pandemia trouxe inquietações na diretoria do órgão diante dos relatos que têm recebido vindos das comunidades. Primeiramente no apoio à difícil situação dos Wai-Wai, e depois buscando contribuir nas proximidades dos locais de atuação da entidade, que está sediada em Vitória, próximo ao território indígenas Tupinikim e Guarani.

No caso dos Wai-Wai, por exemplo, há dificuldade de se deslocar para realizar a coleta de castanhas, o que demanda buscar outras fontes de renda e autonomia, utilizando os recursos, por exemplo, para comprar materiais que auxiliem na pesca para subsistência.

Também os Tupinikim e Guarani foram afetados na venda de produtos agrícolas, artesanatos e outros. Nas aldeias menos isoladas pela distância, o coronavírus já é uma realidade. Os locais com mais contágios são Caieras Velha (26), Pau Brasil (24) e Irajá (20) e há casos registrados ainda em Comboios, Areal e Boa Esperança. “No caso dos Tupinikim, das comunidades mais próximas à rodovia, há aumento de casos de Covid e necessitam fazer exames para conseguir realizar um isolamento adequado”, informou Henrique. Para isso, o Ipae realiza uma parceria com um grupo de pesquisa da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) para conseguir realizar os testes nessas localidades.

Outra questão apontada é a necessidade de autonomia alimentar nesse momento, diante do isolamento, entre elas a necessidade de conseguir sementes para plantio nas aldeias, o que tem sido buscado por meio de diálogos com projetos e movimentos sociais do campo.

Depois de iniciar uma campanha com material de divulgação por meio de fotos e mensagens enviados pelas comunidades que participam do projeto, a campanha Ipae Apoia divulgará em breve, por seu Instagram, uma série de vídeos enviados pelas lideranças de cada território informando sobre a situação de cada comunidade.

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