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‘É hora de discutir a economia como cuidado com a casa comum’

Debates sobre economia e educação são foco da plenária pré-Grito do Excluídos, nesta sexta-feira

“É hora de discutir a economia como cuidado com a casa comum, que é o bairro, a cidade, o país”, convoca Giovani Lívio, integrante do Fórum Igrejas e Sociedade em Ação, alertando que a pandemia do coronavírus tem aumentado as desigualdades, fazendo com que os pobres fiquem ainda mais pobres e os ricos aumentem suas riquezas. Essa reflexão, baseada na Economia de Francisco, proposta pelo Papa Francisco, irá nortear os debates da plenária pré-Grito dos Excluídos, juntamente com a temática da educação. A atividade será virtual, nesta sexta-feira (7), com transmissão ao vivo pelo YouTube da Arquidiocese de Vitória, às 19h. 

Para falar sobre Economia, o convidado para a plenária é Rafael Moraes, professor de Economia da Universidade Federal do Estado (Ufes), doutor em Desenvolvimento Econômico pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e membro do Grupo de Conjuntura da Ufes. Já o tema da Educação será abordado por Dom João Justino, presidente da Comissão Episcopal Pastoral para Cultura e Educação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e doutor em Teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana (Roma).

O economista e professor titular aposentado da Ufes, Arlindo Villaschi, acredita que a inspiração por uma nova economia instiga a reflexão sobre como a pandemia e seus efeitos sociais e econômicos são resultado de um modelo “excludente, concentrador de riquezas e depredador”.

Arlindo afirma que a Economia de Francisco, que no Brasil ganhou o nome de Economia de Clara e Francisco, para reconhecer a importância da igualdade de gênero, levanta como questionamento se é necessário retornar ao modelo econômico de antes da pandemia e que se acelerou durante a crise sanitária. “Os efeitos se aceleram porque quem mais sofre nesse contexto são os mais pobres, os excluídos de sempre. São também as micro, pequenas e médias empresas, que estão fora dos incentivos fiscais e do apoio tecnológico para prosperar”, ressalta. 

No que diz respeito à educação, um dos assuntos a serem debatidos durante a plenária será o Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), cuja votação no Senado está prevista para dia 18 de agosto. “Não podemos deixar de debater. O Fundeb é essencial para a educação pública. Os municípios não têm condição de investir na educação sem esse Fundo”, diz Giovani. Ainda dentro dessa temática, ele destaca que também será debatida a questão do Ensino à Distância (EAD).

“O EAD já é uma realidade, não se pode fugir dela, mas não pode substituir o ensino presencial e, inclusive, o integral”, afirma Giovani, que destaca que o EAD pode promover a exclusão das pessoas com deficiência. “Uma pessoa com deficiência deve estar em uma sala de aula com acompanhamento profissional, conforme previsto em lei”, defende.

Outro problema relatado por ele é que o EAD pode fazer com que famílias mais pobres percam parte de sua renda, uma vez que um dos responsáveis provavelmente terá que sair do mercado de trabalho para acompanhar os estudos da criança e, normalmente, é a mulher. 

“Isso contribui para o empobrecimento das famílias, faz com que mulheres percam sua autonomia, tenham seu papel social reduzido e possam voltar para a cozinha, que é o lugar de todo mundo, não somente da mulher”, pontua Giovani.

O Grito dos Excluídos 2020 tem como tema “Terra, Teto, Trabalho e Participação”, e lema “Vida em Primeiro Lugar”. A mobilização acontece anualmente no dia sete de setembro e será realizada pelo Fórum Igrejas e Sociedade em Ação, Fórum Capixaba em Defesa da Vida das Trabalhadoras e Trabalhadores, Comitê Popular de Proteção dos Direitos Humanos no Contexto da Covid-19 e Vicariato para Ação Social, Política e Ecumênica da Arquidiocese de Vitória. Este ano, devido à pandemia, contará com atividades virtuais e presenciais, que ainda estão sendo elaboradas.

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