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Ato na Segunda Ponte denuncia violência contra população de rua

O ato contou com momento celebrativo, almoço e distribuição de lanches e kit limpeza

Em um lugar onde ocorreu o assassinato de uma pessoa em situação de rua no último sábado (15), centenas de pessoas celebravam a vida de Janine e Rose, duas mulheres que também não têm onde morar. O tradicional “parabéns para você” e os pulos de alegria das aniversariantes ao celebrar mais um ano de vida em uma sociedade que acha que pessoas como elas não têm direito de viver, se mesclavam com o sentimento de revolta e denúncias de violência, marcando o início ato do Dia Nacional de Luta da População em Situação de Rua, ocorrido nesta quarta-feira (19).

Movimento População de Rua e apoiadores. Foto: Charles Martins

O ato aconteceu embaixo da Segunda Ponte, ao lado da Rodoviária. Foi organizado pela Pastoral do Povo de Rua da Arquidiocese de Vitória, tendo como apoiadores o Fórum Capixaba de Lutas Sociais, o Fórum de Educação de Jovens e Adultos (EJA) e o Círculo Palmarino, além da parceria da Associação Grupo Orgulho, Liberdade e Dignidade (Gold), que fez testagem de HIV nas pessoas em situação de rua e distribuiu kits lanche e kits limpeza. A Pastoral do Povo de Rua está realizando atos em todo o Brasil nesta quarta, data na qual recorda uma chacina em que 10 pessoas em situação de rua foram espancadas com golpes na cabeça na Praça da Sé, em São Paulo, sendo que seis morreram. Três dias depois, a mesma violência aconteceu com mais cinco, levando uma a óbito.

O ato aconteceu embaixo da Segunda Ponte, ao lado da Rodoviária. Foto: Débora Sabará

“O ato marcou com dignidade o dia de luta. Cerca de 120 pessoas participaram, sendo que umas 100 eram pessoas em situação de rua. Celebramos a vida, mas também denunciamos a ausência de políticas públicas para a população em situação de rua. Onde morrer uma pessoa em situação de rua, estaremos lá para denunciar”, afirma Carlos Fabian, que relata que o assassinato do último sábado ainda está sendo apurado pela polícia e denuncia que a não repercussão do caso mostra que a morte dessas pessoas está sendo banalizada.

O ato contou com um culto ecumênico feito pela Ação Diaconal Ecumênica (ADE), composta pelas igrejas Católica, Luterana e Presbiteriana. Com um pano branco no chão e alguns objetos em cima, como ramos de flores, foi improvisado um altar. O momento celebrativo, sem um roteiro, foi sendo feito de maneira espontânea com a participação das pessoas em situação de rua. O padre Manoel David, pároco da Páróquia São Pedro, na Vila Rubim, em Vitória, destacou a necessidade de valorização da vida humana “em tempos em que ela é tão rejeitada”.

Momento Celebrativo. Foto: Jocelino Júnior

A presidente da Central Única dos Trabalhadores no Espírito Santo (CUT/ES), Clemilde Cortes, salientou a necessidade da luta popular em defesa dos direitos das pessoas em situação de rua. “Precisamos defender a vida por meio da luta. Temos que agir, cobrar políticas públicas em defesa da vida. Infelizmente, para a nossa sociedade, viver na rua, morar na favela, é sinônimo de ser bandido. Precisamos que o governo do estado garanta a vida”, diz. 

Leilão

Além da celebração e da distribuição de kits limpeza e kits higiene, o ato finalizou com um almoço e contou com atrações culturais. Durante o momento celebrativo o grafiteiro Handerson Chic fez um quadro que será leiloado pela Pastoral para arrecadar dinheiro em prol da população de rua. “Ele remete à questão da periferia, da comunidade. As pessoas em situação de rua costumam se identificar com meu trabalho, pois as faz recordar lugares por onde passam, vivem e viveram”, diz Handerson Chic.
Quadro será leiloado. Foto: Jocelino Júnior

Handerson afirma que a população em situação de rua costuma entrar em contato com seu trabalho pelas ruas de Vitória, como na rua Sete, além de outros espaços públicos, como o Museu Capixaba do Negro (Mucane). Outra atração cultural realizada durante o ato foi a apresentação da bateria da escola de samba Novo Império.

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