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Filme é surpreendentemente divertido e de fácil comparação entre o protagonista e o presidente Bolsonaro

Tranqueira nigeriana entre as menos piores da Netflix, como a maioria dos filmes desse País no catálogo, este também é deficitário em todos os aspectos, mas consegue, ainda assim, ser surpreendentemente divertido. 

O roteiro, para usar um eufemismo, não segue uma trajetória linear, na verdade é tão bagunçado que os personagens entram e saem de cena o tempo todo, alguns com aparição relâmpago, como os filhos do protagonista, que mesmo sendo importantíssimos, só aparecem no meio do filme, para sumir logo depois.

O filme começa com o eterno azarão Chief Ajadi, candidato que financia a própria campanha a cada quatro anos, mas nunca ganha e, mesmo depois de ter perdido três vezes seguidas e ter se separado da primeira mulher após a derrota na segunda corrida presidencial, não desiste. A candidatura de Ajadi chama a atenção de outro partido de menor expressão, porém, mas tradicional e que está falido devido aos problemas de gestão.

O bonachão Ajadi pode ajudá-los a se reerguer com o dinheiro investido no novo partido e os líderes podem emplacar um dos seus usando Ajadi como laranja. O tiro sai pela culatra e Ajadi passa pela pré-candidatura como representante do partido, seu perfil um misto de palhaço e messias político ganha a simpatia do povo e, pela primeira vez em quadro candidaturas, ele dispara nas pesquisas como sério postulante ao cargo de presidente.

As lideranças partidárias se enfurecem com o seu sucesso, até a música da campanha que é uma cópia de uma música popular local e sua ridícula dancinha fazem sucesso.

Em Londres, a senhora Laide Ajadi, a ex-esposa que o abandonou, descobre a partir dos filhos que o azarão finalmente pode ganhar. Ela faz as malas de volta para a África. Apesar de estar vivendo no exterior há anos, seu casamento ainda não se dissolveu por divergências quanto ao patrimônio.

O novo partido de Ajadi obriga-o a utilizar os serviços de um consultor político estrategicamente escolhido para sabotar a candidatura.
A narrativa do filme é uma verdadeira bagunça, outras histórias se entrelaçam como a da blogueira Stephanie, dos outros candidatos, de um músico local e de uma equipe de jornalismo que mistura política com fofoca.

Os personagens não aparecem de vez em quando como acólitos do protagonista, suas histórias se desenvolvem em separado por algum tempo, para depois saírem de cena como se fizessem parte de alguma outra história, tudo feito de forma canhestra, melhor dizendo, sem forma nenhuma.

Não se trata de um filme como Babel, porque são histórias diferentes que podem ter até uma temática comum, mas nunca se misturam. Neste caso, todos os personagens fazem parte da trama e eventualmente se encontram. É complicado explicar os outros personagens, porque cada história daria um filme diferente.

Mas é fácil fazer comparações entre o protagonista e o presidente Jair Bolsonaro, aqui o messias palhaço ainda tem o exército e o aparelhamento militar por trás de sua candidatura fake, em que os bons entendedores já perceberam que quem manda não está visível, mas agindo debaixo dos panos, militares da ativa e da reserva ocupando cargos destinados aos civis, sem falar nas áreas de gestão assumidas por incompetentes.

Até a dancinha pode ser substituída pelo gesto com armas e outras piadas toscas de um presidente que desrespeita a hierarquia do cargo comendo em pratos de plástico e bebendo em copos de requeijão. Os filhos 01, 02 e 03 são ainda piores, é a feiura institucionalizada e normalizada.

Assim como Bolsonaro, Ajadi é o candidato do povo, um povo que não votou nele mas contra a “velha política” da qual o presidente do Brasil também faz parte e que fez questão de omitir o fato de ter sido deputado por 25 anos antes de chegar na presidência.

O filme termina com um Cliff-hang. Numa possível segunda parte vamos descobrir se ele virará um falso messias ou se tomará outro rumo.

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