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Cursinho popular organiza sarau em apoio a artistas

Sarau Vozes da Resistência reunirá artistas do campo e da cidade nos dias 5 e 6 de setembro em versão online

Divulgação

Desde que iniciou suas atividades em 2015, o Cursinho Popular Risoflora, que acontece no bairro Maria Ortiz, em Vitória, envolve atividades artísticas dentro de sua proposta pedagógica e educacional, que busca ampliar o acesso de estudantes de origem popular ao ensino superior. O auge dessa política se manifesta na realização anual de um sarau. Em 2020, o ano da pandemia do coronavírus, em que as aulas têm acontecido pela internet, o Sarau Vozes da Resistência também será de forma virtual e com um motivo extra: ajudar os artistas que tiveram suas rendas afetadas com a pandemia.

O evento ocorrerá nos dias 5 e 6 de setembro, com transmissão pelo canal do cursinho pelo YouTube e presença de artistas da Grande Vitória e também do campo, como do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST). Estão confirmadas as participações de Samara Segades, MPBlues, Rebeca Ribeiro, Michelly Sá, Eustarley Barone, Rafael Xavier, Guto de Oliveira, Emerson Poeta Morto, Nathália Assumpção,Grupo Chapéu de Palha, Larissa Fornasiari, Dandara, Kricia Sampaio, Grupo Mamburé, Josélia Andrade, Mar Céu, Thaís Almeida e Yuriê Perazzini, incluindo atrações de música, poesia, dança, performance e outras linguagens.

“É um sarau que busca pensar as vozes da resistência, que mesmo em meio a esse tempo de pandemia, resiste e luta pelo pão que alimenta o corpo, mas também a arte como alimento e forma de se expressar nesse aqui e agora”, diz a artista e educadora Rebeca Ribeiro, integrante da coordenação do Risoflora. Para apoiar os artistas, o cursinho pede apoio voluntário do público por meio de doações pelo site Vakinha ou pelo aplicativo PicPay (@cprisoflora), sendo que toda arrecadação será dividida entre os artistas que se apresentam no Sarau Vozes da Resistência.

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O Sarau ainda marca a abertura do “Intensivão do Risoflora”, que se inicia em setembro e vai até janeiro, na reta final dos preparativos para a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que dá acesso ao ensino superior e busca oportunizar que outras pessoas possam se somar e acompanhar o cursinho em suas atividades online.

“O cursinho que nas suas práticas educacionais é sempre da roda e da coletividade, neste contexto de pandemia e isolamento social não deixou perder de vista essa essência. Para cada planejamento de adaptação e das novas formas de continuar com a as aulas, mesmo que à distância, foram buscadas algumas estratégias e mecanismos como as aulas virtuais com materiais e apoio de cada disciplina e áreas específicas, e com o apoio de cada educador”, explica Rebeca.

Os diálogos também se estendem para outros aplicativos como o WhatsApp, onde se podem realizar atendimentos coletivos e grupais em relação às dúvidas e dificuldades dos alunos. As aulas em forma de “live” tem sido transmitidas por Instagram, Facebook e YouTube, e incluem discussões sobre racismo, corpo, identidade e território, desigualdade social e impactos do ensino à distância.

Com base na educação popular, o cursinho busca aliar os conteúdos necessários para o ingresso na universidade com a formação cidadã, incluindo a arte e a cultura como elemento fundamental das práticas educativas. “A arte está em tudo e através dela temos um fio condutor para nos expressamos no mundo. Uma performance artística fala também sobre geografia; matemática e português; um batuque também é história; química e sociologia; uma música pode falar de artes; literatura; atualidades; espanhol e física; e por aí vai. Tudo está conectado, e a arte une pessoas e questões”, reflete a integrante da coordenação do Risoflora.

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Os integrantes do cursinho ainda lembram com carinho da primeira edição do sarau em 2015, que aconteceu no quintal da casa de Carminha, já falecida, que era cozinheira e grande incentivadora do projeto. “Carminha sempre falava que a escola é o quintal da comunidade. Essa fala é muito importante e simbólica, pois foi na casa dessa guerreira que o primeiro sarau aconteceu, cheio de música, batuque, poesia e fartura de comida. Carminha nos ensina que se alimentar, sentar em roda e partilhar o alimento é um ato de resistência e, que para estudar, nada melhor do que estar bem alimentado”, lembra Rebeca Ribeiro.

Nos anos seguintes, o sarau aconteceu na própria escola Juscelino Kubitschek, onde acontecem as aulas do cursinho, na quadra de Solon Borges, bairro vizinho, e no Centro Cultural Eliziário Rangel, na Serra. “Neste atual momento, o sarau não vai deixar de acontecer, e mesmo que online e à distância, o que nos une é a arte e a essência do amor, luta e afeto. Para cada prática realizada, seja ela online ou não, carregamos a partilha do alimento, que se dá em roda. A educação e a arte plural, e que fala do povo da cidade, do campo, do quilombo, das aldeias e dos quintais, são o que nos une mesmo à distância. É a vontade de querer ser coletivo e não individual”, pontua a artista.

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