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Feriadão tem três microrregiões turísticas com índice de transmissão em ascendência

Secretário Nésio Fernandes pede à população que tenha “respeito e humildade diante da pandemia”

Neste feriadão de sete de setembro, o primeiro sem a vigência de grande parte das medidas restritivas pelo governo estadual, três importantes microrregiões turísticas do Espírito Santo estarão com as curvas do Índice de Transmissão (Rt) em ascendência e demandam ainda mais atenção ao cumprimento dos protocolos de biossegurança para Covid-19. 

Caparaó, litoral sul e nordeste (veja municípios de cada microrregião abaixo) possuem vários pontos importantes de atração de visitantes, a maioria deles em municípios cuja classificação no mapa de risco do governo do Estado é baixo ou moderado e, por isso, estão com muitas atividades sociais e econômicas abertas. Além delas, a microrregião noroeste também está em franco aumento do seu Rt.

Os gráficos produzidos com dados até essa quinta-feira (3) mostram que a região nordeste vem estacionada num platô alto, com Rt acima de 1,4, destacou o matemático Etereldes Gonçalves Junior, professor da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e membro do Núcleo Interinstitucional de Estudos Epidemiológicos (NIEE) que assessora tecnicamente o governo do Estado na tomada de decisões sobre o enfrentamento à pandemia. 

“A região está nessa média desde início de julho, o que significa que os casos vêm subindo bastante durante todo os meses de julho e agosto. Não foi à toa que São Mateus fechou a praia para o feriado”, ressaltou.

O Caparaó está tendendo a um platô alto, de 1,0 de Rt, sublinhou o matemático. “A tendência é de subida. Temos que aguardar o que vai acontecer quando os dados da semana do dia 28 e 29 de agosto se consolidarem, se a tendência de alta permanece ou se vai estabilizar”, explicou. “Risco baixo não é ausência de risco”, enfatizou.

Nesse contexto, declarou o secretário de Estado de Saúde, Nésio Fernandes, em transmissão nesta sexta-feira (4) em suas redes sociais: “Cada vez mais cai sobre o indivíduo, sobre as famílias e as pessoas, a responsabilidade pela adesão às medidas de distanciamento social, pelo uso de máscara, a etiqueta respiratória da qual temos nos educado desde o início da pandemia para evitar a transmissão e o contágio”.

“Nós precisamos que nesse feriado prolongado, todo mundo tenha humildade em relação à pandemia e à doença. Aqueles que se oferecem ao vírus correm um grande risco de contrair a doença, uma grande parte deles vão evoluir para uma condição crítica e outra parte poderá evoluir a óbito”, alertou. “Nós não queremos mais perder pessoas queridas, então proteja-se, cuide-se, use máscara, lave as mãos constantemente e, por favor, evitem aglomerações. Respeitem a pandemia e mantenham a humildade diante de uma doença que já ceifou mais de três mil capixabas”, pediu.

Risco baixo ainda é risco

A epidemiologista e professora da Ufes Ethel Maciel, também integrante do NIEE, reforça o alerta em relação ao feriadão. “Esse momento nos faz ter uma preocupação adicional. Nós vínhamos falando que estávamos estabilizados, mas não controlados. Alguns lugares nem haviam chegado à estabilização, com Rt menor que 1. Isso é preocupante porque mantém esse vírus circulando por mais tempo, casos novos de pessoas que vão circular transmitindo a doença. É bastante ruim”, afirma. “Se agora no feriado as pessoas viajarem pra esses lugares e voltarem contaminadas, locais que já estavam com Rt abaixo de 1 podem ter mudanças, aumento da circulação do vírus”, analisa.

“Se for viajar, evite qualquer aglomeração, mantenha distanciamento físico de dois metros, use máscara em todos os locais, mesmo onde esteja com nível baixo, porque nível baixo de risco, é importante que se fale, ainda é risco, ainda tem pessoas contaminadas e vírus circulando, é importante que as pessoas se protejam para que a gente possa chegar a uma estabilidade em todo o Estado”, orientou.

Etereldes explica que o impacto da movimentação durante o feriadão será sentido, na prática, a partir dos próximos sete dias na vida das pessoas, com possível aumento das contaminações e mortes. No gráfico de médias móveis de quatro semanas, os números serão registrados no final de setembro. “Os números entram por volta do dia 15 de setembro e se consolidam de 12 a 14 dias depois”, explana.

“Não devemos relaxar os cuidados. As taxas de transmissão destas microrregiões, principalmente do norte, estão muito altas. Sabemos o quanto é difícil, mas é preciso manter a vigilância. A população destas cidades turísticas deve exigir o cumprimento das medidas de segurança sanitárias”, recomenda.

Guriri fechada para visitação

Em São Mateus, um dos dois únicos municípios classificados com risco alto no mapa de risco que vale até o próximo domingo (6), o Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES) notificou a prefeitura para restringir a permanência nas praias da cidade entre os dias 7 e 9 de setembro, entre outras recomendações. A prefeitura atendeu a notificação e publicou o Decreto Municipal nº 11.769/2020 com as diretrizes indicadas pelo MPES.

Expedida pela 2ª promotora de Justiça Cível de São Mateus, a recomendação orienta que, enquanto perdurar o risco alto na cidade, o consumo em restaurantes e lanchonetes ocorra por delivery e retirada nos estabelecimentos, aos finais de semana e feriados. As medidas buscam reduzir a circulação de pessoas no município, que costuma receber turistas durante os feriados, principalmente no Balneário de Guriri, que está entre as localidades com maior número de casos na região. Também serão organizadas barreiras sanitárias nos principais pontos do município.

As barreiras devem promover a orientação e medição de temperaturas de pessoas a pé ou em veículos, entre outras medidas preventivas. Essa fiscalização deverá ser realizada nas vias que dão acesso ao município e a Guriri, bem como na orla do bairro. O MPES recomenda ainda que sejam realizadas ações envolvendo a fiscalização e a conscientização em templos de igrejas, em razão de denúncias recebidas pelo órgão a respeito do descumprimento das normas de proteção nas celebrações religiosas.

Microrregiões

As quatro microrregiões são formadas pelos seguintes municípios, segundo o Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN):

Caparaó: Alegre, Bom Jesus do Norte, Divino de São Lourenço, Dores do Rio Preto, Guaçuí, Ibatiba, Ibitirama, Irupi, Iúna, Muniz Freire e São José do Calçado.

Litoral sul: Alfredo Chaves, Anchieta, Iconha, Itapemirim, Marataízes, Piúma, Presidente Kennedy e Rio Novo do Sul.

Nordeste: Boa Esperança, Conceição da Barra, Jaguaré, Montanha, Mucurici, Pedro Canário, Pinheiros, Ponto Belo e São Mateus.

Noroeste: Ecoporanga, Água Doce do Norte, Águia Branca, Barra de São Francisco, Mantenópolis, Nova Venécia e Vila Pavão.

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