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Faculdade particular decide manter aulas remotas até dezembro

Decisão é excepcional. Segundo o Sinepe, as 42 escolas filiadas estão prontas para reabrir nesta segunda (14)

Numa decisão, ao que tudo indica, excepcional no universo das instituições de ensino superior particulares do Espírito Santo, a Faculdade da Região Serrana (Farese), localizada em Santa Maria de Jetibá, decidiu manter as aulas teóricas em formato remoto até dezembro deste ano. 

Em comunicado enviado aos alunos, a professora Ana Paula Rodrigues, em nome da direção da escola, explica que a autorização para retorno das aulas presenciais a partir de 14 de setembro, dada pelo governador do Estado, Renato Casagrande (PSB), “vai de encontro com as normativas do MEC [Ministério da Educação], portaria nº 544 de 16 de junho de 2020, que trata da substituição das aulas presenciais por aulas em meios digitais, enquanto durar a situação de pandemia da Covid-19”.


A decisão também levou em consideração uma pesquisa respondida pelos estudantes, na qual 73% dos alunos afirmaram que não gostariam de retornar às atividades presenciais no segundo semestre deste ano.

O risco à saúde física e mental de alunos é destacado como motivo de maior preocupação da instituição, que ressalta o fato de mais de 65% dos alunos dependerem de transportes coletivos para chegar à faculdade e a condição de grupo de risco, seja dos próprios alunos e docentes ou de familiares com os quais os mesmos convivem.

“Mediante a esses fatos, acreditamos que devemos aguardar a vacina contra essa doença terrível, pois somente assim estaremos seguros no ambiente escolar”, assevera a diretora.

O comunicado informa ainda que, nesse período de suspensão das aulas presenciais, continuará tratando de forma específica “os casos especiais de alunos com dificuldades ao ensino remoto [que] continuarão sendo atendidos dentro do padrão de qualidade [da instituição]” e que as aulas práticas “serão ministradas presencialmente, obedecendo a todos os critérios de segurança estabelecidos pela Portaria Conjunta Sedu/Sesa nº 01-R, de 8 de agosto de 2020”, a partir de um calendário a ser elaborado.

Segundo o presidente do Sindicato das Empresas Particulares de Ensino do Espírito Santo (Sinepe-ES), Moacir Lelis, todas as 42 escolas de ensino superior filiadas ao sindicato, de um universo de 60, “estão prontas pra voltar no dia 14”, mas que a decisão de retomar ou não as aulas presenciais é individual, sobre a qual o Sinepe-ES não interfere.

Destacando-se como um ponto fora da curva no universo privado, a Farese segue, no entanto, o posicionamento das duas instituições públicas de ensino superior do Estado – a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e o Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) seguirão apenas com aulas não presenciais até dezembro de 2020 – cumprindo assim uma orientação epidemiológica mais condizente com a gravidade da pandemia de Covid-19.

“As universidades enquanto centros de conhecimento devem conduzir as pesquisas para guiar a reabertura. Devem publicar seus próprios protocolos de segurança e divulgar dados internos diários com o número de testes realizados, infectados e mortes”, afirma a epidemiologista e professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) Ethel Maciel, que colabora no assessoramento técnico ao governo do Estado na condução da crise sanitária, por meio do Núcleo Interinstitucional de Estudos Epidemiológicos (NIEE), citando editorial publicado nos Estados Unidos recentemente que avalia a experiência de reabertura do ensino superior em agosto, classificada como desastrosa.

“Transparência e responsabilidade são o mínimo esperado das lideranças universitárias quando decidem colocar tantas vidas em jogo. Fica a dica para seguirmos a ciência!”, orienta a especialista.

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