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As apostas de Neto Barros para manter projeto político em Baixo Guandu

Chapa para prefeitura terá atual vice-prefeito Eloy Avelino (PDT) na cabeça com PCdoB na vice, com Lorrany Rodrigues

Igor Báfica

Depois de oito anos à frente da prefeitura de Baixo Guandu, Neto Barros (PCdoB) se prepara para deixar a administração do município e oficializou em convenção sua aposta para continuar o projeto político. O diálogo para compor com o grupo do deputado estadual Dary Pagung (PSB) não evoluiu e a solução será caseira: assume a candidatura à sucessão o atual vice-prefeito, o microempresário Eloy Avelino (PDT). A vice ficará com a pedagoga Lorrany Rodrigues (PCdoB), jovem negra do partido de Neto, servidora da Secretaria Municipal de Assistência Social, que faz sua estreia em eleições. Além do PDT e PCdoB, que invertem a cabeça de chapa da atual gestão, já foi fechado apoio do Podemos e Patriota.

Neto Barros deixa a prefeitura com aprovação que beira os 80%, segundo as sondagens internas. Único prefeito comunista do Estado e um dos poucos à esquerda eleito no último pleito municipal, ele aposta numa gestão marcada pelo crescimento econômico e obras importantes, incluindo o asfaltamento de várias ruas, a revitalização da principal avenida da cidade, a Praça São Pedro e o Parque da Lagoa, que está prestes a ser entregue para se tornar um dos principais espaços de lazer da cidade. Outra marca apontada como trunfo da atual gestão é a redução significativa da criminalidade em Baixo Guandu.

O prefeito também ganhou notoriedade estadual e nacional pela postura combativa que assumiu diante do crime socioambiental da Samarco/Vale-BHP no Rio Doce, que diferiu dos outros gestores dos municípios capixabas afetados. Não foi a única tragédia enfrentada pelo prefeito, já que o município também registrou a grande enchente de 2013 e a seca durante anos, além do impacto da pandemia este ano e da crise econômica do País. Apesar de tudo, Neto se gaba de ter “assumido um município endividado e deixado com investimentos e as contas arrumadas”.

O principal adversário da chapa de Eloy e Lorrany pode ser o ex-prefeito Lastênio Cardoso (Solidariedade), que antecedeu Neto Barros e foi derrotado pelo mesmo em 2016. Embora tenha o alto recall de ex-prefeito, também traz a mais alta rejeição entre os candidatos, como aponta o mercado local. Lastênio ainda corre o risco de ter sua candidatura barrada na Justiça por conta de irregularidades cometidas quando estava no comando do executivo municipal.

Na sua ausência, duas candidaturas têm mais chances de crescer. Uma é do vereador Wilton Minarini (PSD), que foi secretário e aliado de Neto Barros como presidente da Câmara Municipal, e almejou até o último momento o apoio do prefeito. Outro é o também vereador Aguinaldo da Fênix (PSB), que ainda precisa ser aprovado pela convenção do partido nesta quarta-feira (16). Embora apontado como mais próximo do bolsonarismo, ele é do partido do governador e do deputado estadual Dary Pagung, com base no município e atual líder do governo na Assembleia Legislativa.

Completam o cenário o ex-diretor do Cinetran Saulo Bussolar (Avante) e o empresário Valteir Lopes (PSC), confirmados em convenção. A presença de seis candidatos é um recorde na política recente do município. “Na minha gestão, a arrecadação do município triplicou. Isso gerou cobiça de muita gente e nem toda com interesse só republicanos”, critica Neto Barros.

O prefeito virá como nome forte da esquerda capixaba para 2022, com forte base eleitoral no município e possibilidade de conquistar eleitores no noroeste capixaba e também difusos pelo Estado, especialmente os ligados ao campo progressista. O mais provável como deputado federal ou então como estadual, cargo que chegou a exercer como suplente em 2016 pelo PDT, após a morte do então deputado Édson Vargas. “Estou a disposição do partido. Então é difícil que eu não seja candidato, mas qual posto depende da conjuntura e do que o partido vai precisar”, afirmou.

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