Deputado estadual solicita esclarecimentos a Vitor de Angelo e Iriny pede por consulta pública mais acessível
Escolas consideradas já preparadas para o retorno às aulas; professores sendo convocados para trabalhar presencialmente, mesmo os que possuem comorbidades; consulta pública que não é compreendida pelas famílias de estudantes.
Algumas das principais ações e falas empreendidas pela Secretaria de Estado da Educação (Sedu) nos últimos dias levaram os deputados Sergio Majeski (PSB) e Iriny Lopes (PT) a interpelarem o secretário Vitor de Angelo e o governador Renato Casagrande (PSB), em defesa das reivindicações feitas pela comunidade escolar.
Na sessão da Assembleia Legislativa desta quarta-feira (16), Majeski anunciou que já entregou à Comissão de Educação da Casa, da qual ele faz parte, uma pedido de convocação do secretário para que explique ponto a ponto o protocolo de biossegurança publicado no último dia oito de agosto (Portaria conjunta Sesa/Sedu nº 01-R). “Que ele venha à Assembleia, numa reunião virtual, para que a gente consiga entender”, declarou, ressaltando o “inacreditável” protocolo fúnebre para o caso de óbito de professores ou alunos, e cuja consulta pública, encerrada na última segunda-feira (14), já foi motivo de críticas por ele na Casa.
A consulta também foi alvo de críticas por Iriny, que já solicitou ao governador, na última sexta-feira (11), que a suspenda e a substitua “por um modelo mais enxuto e de linguagem acessível”. A deputada conta que foi procurada por mães e pais “aflitos por não terem tempo para ler um documento de 76 páginas, já que trabalham, cuidam da casa e dos filhos e filhas, além daqueles que necessitam de cuidados especiais, [além da] linguagem como outro elemento dificultador.
Com base em consultas semelhantes feitas em outros estados, a parlamentar sugere que sejam disponibilizadas perguntas e uma versão com linguagem mais simplificada do Plano, de modo a “facilitar o processo e gerar maior participação de pais e responsáveis”, e que uma consulta seja feita também aos “profissionais da Educação, pais e mães de estudantes em relação especificamente ao retorno das aulas, para aferir a percepção dos envolvidos na atividade sobre a pandemia e o momento que consideram seguro para o retorno das atividades presenciais”.
‘Preparadas como?’
No Plenário da Assembleia, Majeski também manifestou sua preocupação em relação à afirmação feita pelo secretário, de que as escolas já estão prontas para o retorno às aulas, a salvo alguns equipamentos que estão em vias de serem entregues a algumas escolas, como dispensers de álcool em gel.
“Preparadas como? Se eu for hoje fazer uma visita a qualquer escola, vou encontrar uma escola plenamente preparada para o retorno dos alunos, com tudo o que se exige em termos de segurança?”, inquiriu Majeski no plenário. “Já tem EPIs [Equipamentos de Proteção Individual] em quantidade caso os professores e alunos não tenham? A questão da tecnologia já está toda preparada? Os professores já estão com suporte suficiente, assim como os alunos? Já tem selecionado claramente quais são os alunos e professores que estão em grupo de risco e que não devem retornar? Qual o resguardo que se dará a essas pessoas? Qual o atendimento que se dará aos alunos com deficiência, que durante todo esse período dessas atividades virtuais ficaram alijados de qualquer tipo de atividade? Tudo isso já está preparado?”, elencou.
Evasão
O parlamentar lembrou ainda que já se passaram seis meses da suspensão das aulas e que, durante este período, as aulas remotas têm sido motivo de transtorno e angústia para milhares de professores que estão tendo que se desdobrar para produzir as atividades, utilizando a própria internet e equipamentos, além de terem que aprender sozinhos a trabalhar com a plataforma digital.
Aulas estas que não conseguiram ser acessadas por milhares de estudantes. A exclusão já é considerada pelo governo do Estado como causa de uma provável maior evasão de estudantes, situação que merecerá “grande esforço” da administração, em 2021, para “trazer de volta” esses estudantes.
Nesse sentido, Majeski protocolou o Requerimento de Informação nº 104/2020 direcionado ao secretário Vitor de Angelo. Informando que o Espirito Santo possui 96 mil jovens entre 15 e 17 anos fora da escola, segundo dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o parlamentar pergunta “quais são as políticas públicas dedicadas ao combate ao abandono e a evasão escolar existentes na Sedu” e, caso existam, “qual é o orçamento designado para os respectivos projetos, quais são as metas e objetivos estabelecidos para os respectivos projetos e quais são os indicadores/resultados de controle para os respectivos projetos até o momento”.
Convocação presencial
Outro ponto abordado por Majeski durante a sessão da Assembleia foi a convocação que está sendo feita pela Sedu, nesta semana, para o comparecimento presencial dos professores nas escolas. “Não há nessa convocação dizendo que aquele que tem comorbidade não tem que retornar. Todos estão sendo convocados”, questionou.
“Nós estamos muito preocupados com esse discurso. É claro que hoje se conhece um pouco mais da doença, mas o vírus continua tão perigoso quanto era há seis meses. A Covid-19 continua tão mortal quanto há seis meses atrás. Não existe tratamento para a doença. Precisamos estar alertas, porque as questões não são tão simples quanto muita gente está querendo parecer ser”, advertiu Majeski.
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