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Governo reafirma acreditar em condições para retorno da educação básica em outubro

Inquérito escolar balizará decisão. Testes envolverão todos os profissionais da rede estadual

“Estamos tratando de construir estratégias do ponto de vista sanitário para que as atividades escolares possam ser retornadas de forma gradual e progressiva em outubro”. A declaração foi feita pelo secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, em coletiva de imprensa realizada nesta sexta-feira (18), ao lado do secretário de Estado de Educação, Vitor de Angelo, e da médica infectologista Cristiana da Costa, colaboradora da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) na coordenação da equipe que irá realizar o inquérito escolar. 

“Reconhecemos o caráter endêmico da Covid-19 e a prevalência atual permite projetar que em outubro pode haver condições sanitárias de retomada de atividades mais amplas, entre elas, as escolares. Nós somos contrários à retomada ampla das atividades escolares sem cuidado com as pessoas de comorbidades. Propomos retomada segura, com baixo risco”, afirmou, citando as reduções sustentadas dos números de óbitos e de casos novos no território capixaba.

“Se retomarmos as atividades com respeito aos protocolos, estamos dizendo que essa comunidade estará submetida ao mesmo baixo risco que está fora da escola, na praia, no transporte coletivo para ir ao shopping, fazer compras, trabalhar, ir pro estágio … o mesmo risco dos trabalhadores que retornaram suas atividades”, alegou, salientando que, “como médico e gestor”, não mente para a sociedade. 
“A pandemia chegou no Espírito Santo a um nível de baixo risco de transmissão”, afirmou o secretário de Saúde, ressaltando que toda doença respiratória de transmissão direta, como a Covid-19, ao se tornar endêmica, representa risco para todos os que vivem em sociedade e passa a fazer parte do dia a dia também dos profissionais de saúde. “O risco é incrementado ou reduzido a partir do respeito às medidas de segurança. As condições de vida e as formas de viver podem aumentar ou reduzir o risco. Hoje temos segurança em dizer que o respeito aos protocolos reduz a transmissão”, garantiu.
O secretário destacou que ainda não há data para o retorno, mas que, acontecendo, será feito primeiro com o Ensino Médio, em seguida com o Fundamental 2, depois o Fundamental 1 e, por último, a educação infantil, cada etapa sendo acionada a cada quinze dias. 
O inquérito escolar, que será feito nos próximos dias, sublinhou Nésio Fernandes, é uma das principais ações que irão balizar a decisão sobre a data do retorno. “O inquérito escolar é mais uma prática internacionalmente recomendada para reconhecer o real comportamento da pandemia em meio a essa população que precisa ser bem cuidada”, disse. 
O secretário Vitor de Angelo informou, na coletiva, que todos os professores e demais colaboradores da educação estadual serão testados, no formato de “censo sorológico”. E, de forma amostral, o inquérito irá abranger profissionais e estudantes das redes municipais e privadas, em escolas sorteadas em treze municípios: Vitória, Vila Velha, Cariacica, Serra, Afonso Cláudio, Santa Maria de Jetibá, São Mateus, Linhares, Colatina, Nova Venécia, Cachoeiro de Itapemirim, Marataízes e Alegre. “Amostras desses municípios serão uma representação estatística do conjunto da comunidade escolar do Espírito Santo”, disse. 
A infectologista Cristiana Costa explicou que as duas primeiras levas de testagens serão feitas com as escolas fechadas e que as repetições dos testes serão realizadas em uma periodicidade ainda a ser definida, de forma a acompanhar a evolução da prevalência após a abertura. 
Serão testados cerca de cinco mil estudantes em cada etapa, envolvendo 750 escolas. Além dos testes, que serão analisados pelo Laboratório Central Estadual (Lacen) e pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), serão aplicados questionários aos trabalhadores e alunos sobre questões relacionadas à demografia, pré-existência de doenças, riscos e sintomas, para “fazer uma descrição e aprender com essas informações”. A confiança dos testes, informou, é de 95%, e a margem de erro do método empregado é de 1,5%.
O secretário Vitor de Angelo voltou a dizer que as famílias que não quiserem enviar seus estudantes para as aulas presenciais, preferindo manter o sistema remoto, poderão fazê-lo, podendo recorrer à Defensoria e Ministério Público. O objetivo é garantir “o direito das famílias de fazerem uma avaliação de maneira pessoal e particular” sobre o assunto. “Nós trabalhamos para o conjunto da sociedade”, disse, alegando que há famílias que querem as aulas presenciais e outras que não.

O esforço do governo do Estado em viabilizar o retorno das aulas presenciais em outubro contraria manifestações de coletivos de professores, da Associação de Pais e Amigos de Alunos do Espírito Santo (Assopaes) e da União Nacional dos Conselhos Municipais de Educação do Espírito Santo (UNCME-ES), já enviadas diretamente à Sedu.

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