Houve um tempo em que a máscara facial era: a) parte essencial da fantasia de carnaval; b) obrigatória para assaltante, meliante, bandido; c) acessório indispensável no aparato exigido para os profissionais da saúde. Portanto, um apetrecho voltado tanto para o bem como para o mal. Vantagem para uns, prejuízo para outros, diria o vulgo, esse elemento sem rosto e sem carteira de identidade que costuma levar a culpa de tudo. A máscara facial hoje faz parte do nosso dia a dia, e mesmo quando a luz no fim do túnel finalmente brilhar, continuaremos usando, receosos de uma recaída, ou para evitar outras epidemias, como a gripe comum. Que tal máscaras personalizadas, com seu rosto dez anos mais jovem impresso no tecido?
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Já que os bem-intencionados estão usando, as vendas dispararam, mesmo com a competição desigual das confecções caseiras – os adeptos da economia informal estão se agarrando a qualquer boia de salvamento. Verduras e frutas com entrega a domicílio, motoristas alugando o carro particular por hora, e muita gente tentando ser o primeiro a encontrar a vacina salvadora com um kit comprado no Amazon e instalado na garagem. Para os apressadinhos que zombarem do esforço, peço lembrar de algumas empresas que começaram – e por muito tempo funcionaram – em uma garagem: Apple, Amazon, Google. Sem falar nos deuses da música, como Os Beatles e outros mais. Vem aí a máscara transparente, para não esconder seu belo sorriso.
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Houve um tempo em que as únicas preocupações ao sentar em um restaurante eram a escolha do prato na entrada e o tamanho da conta na saída. Tudo mudou e nossos restaurantes favoritos estão cerrando as portas. Quebrou, como assim? Estava sempre lotado! choram os inconformados. Alguns ainda resistem com entregas a domicílio, ou vem buscar o seu. No Brasil, 35% já sumiram do cardápio, mas os efeitos da pandemia vão ainda se fazer sentir por muito tempo. Nos States, 3% saíram do ar, ou seja, cerca de 30 mil estabelecimentos. Tal como acontece com o número de mortes, a estatística é pequena, mas os efeitos são devastadores. Entre os que fecharam as portas definitivamente, registro o famoso Paris Café, em Nova Iorque, que esteve em funcionamento por 147 anos. Até agora, o McDonald fechou “apenas” 50 lojas.
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Com o advento do vírus, outra espécie em extinção é a terceira-idade, e beyond. Ora direis, para que servem idosos e idosas? Gente que não produz, gasta demais em remédios e sobrecarrega a previdência, exaurindo recursos que poderiam ser melhor aplicados em outras áreas. No entanto, a idade avançada e decrépita faz a indústria farmacêutica faturar trilhões e cria empregos para uma legião de profissionais da saúde, mantendo as engrenagens azeitadas. O altíssimo número de assistentes de idosos que perderam o emprego com essa epidemia está debilitando a economia mundial.
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As epidemias estão sempre nos rondando, mas achamos que pandemia era coisa da Idade Média, quando não tinham penicilina nem álcool gel, e ninguém lavava as mãos. Sabonete na Inglaterra era taxado como artigo de luxo. Tudo muda e a realidade nos confunde, mas se tem empresas fechando, outras estão lucrando com o novo normal: agora que Trump liberou o uso do pijama no home office, as fábricas estão rolando a todo vapor para dar conta da demanda. Mas cuidado, jogue no lixo o velho pijama desbotado, esgarçado nas mangas e faltando botões: está em alta o pijama fashion. Minha amiga Bruzilda essa semana encomendou 15, muito elegantes e combinando com a cor das cortinas. Fica de pijama, bem, mas sem perder a classe.