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Pré-candidato a prefeito de Cachoeiro vai entrar com queixa-crime por homofobia

Guilherme Nascimento, do Psol, sofreu ataques homofóbicos virtuais

O pré-candidato a prefeito de Cachoeiro de Itapemirim, no sul do Estado, Guilherme Nascimento (Psol), vai entrar com queixa-crime por homofobia devido a ataques virtuais feitos, segundo nota do partido, por um “morador e eleitor do mesmo município”. Utilizando palavras de baixo calão, o agressor comentou em um post do pré-candidato, entre outras coisas, que ele é um “viado”, que para ganhar voto “vai dizer que foi violentado na infância e vai fazer melhorias para viadagem em geral”.

O ataque, segundo Guilherme, que faz parte da comunidade LGBTQ+, aconteceu depois da homologação de sua candidatura, em 15 de setembro. “A denúncia é para fazer valer a lei que criminaliza a homofobia. As pessoas acham que internet não é terra de ninguém, mas não é bem assim”, destaca. O partido afirma que “agressões homofóbicas ocorrem por todo o país e são estimuladas por uma parcela da sociedade dita conservadora, por todo o governo Bolsonaro, que defende as ações de fascistas e do próprio poder de repressão do Estado”.

Ainda de acordo com o Psol, a nota foi emitida “a fim de garantir que o dever de luta contra as injustiças sociais não fique só na teoria da legenda, mas na prática diária do respeito mútuo e deixando claro aos fascistas que suas agressões não passarão impunes”. O partido também menciona outro caso de homofobia ocorrido em Cachoeiro nas eleições deste ano, quando o pré-candidato a prefeito Jonas Nogueira (PL) – atual vice-prefeito rompido com Victor Coelho (PSB) – “teve a infelicidade em dizer na convenção do seu partido que ‘Deus fez Adão e Eva, não Adão e Ivo'”.

Guilherme Nascimento tem em sua chapa, como pré-candidato a vice, o também psolista Vitor Pizetta, que é líder comunitário.

No início de setembro, outro pré-candidato sofreu ataques virtuais. Jocelino Júnior (PT), pré-candidato a vereador de Vitória, registrou Boletim de Ocorrência na Delegacia de Crimes Cibernéticos por crimes informáticos e injúria racial. Um dia antes, hackers invadiram o lançamento virtual de sua pré-campanha, que acontecia pelo Google Meet, chamaram Jocelino de macaco, ameaçaram roubar dados bancários das pessoas que participavam, e colocaram uma música muito alta e imagens aleatórias na tela, conforme comunicado oficial de sua pré-candidatura.

Por causa do ocorrido, a plenária virtual foi interrompida. “O que era para ser uma conversa informal com apoiadores de uma pré-candidatura, acabou se tornando uma live no Instagram”, diz o comunicado. Jocelino relata que antes de ir para o Instagram, foi feita uma tentativa de realizar a atividade no Facebook, mas a live foi derrubada pelos hackers. Em suas redes sociais, o pré-candidato afirma que a invasão e as ofensas racistas não irão intimidá-lo.

“Isso não vai nos enfraquecer. Vai nos dar musculatura para seguir em frente na pré-campanha, colocando nosso nome para a cidade de Vitória, que precisa de representatividade na Câmara de Vereadores. Nós vamos fazer uma construção coletiva. É muito entristecedor colocar nosso nome para disputar uma pré-candidatura e sofrer ataques como esse”, afirmou Jocelino na ocasião.

Ele questiona se os ataques não se intensificarão. “Ontem foi virtual, daqui a pouco vai ser como? Vai ser físico, como aconteceu com Marielle Franco? Que democracia é essa em que a gente vive que não pode apresentar nossas propostas, debater, fazer uma construção coletiva sem sofrer um ataque violento, sorrateiro? Não podemos deixar que o racismo ultrapasse a democracia. O próprio racismo é uma prova de que não vivemos em uma democracia. Nem quando eu reivindiquei intervenção de política pública na Piedade eu fui ameaçado”, ressalta Jocelino.

O pré-candidato, que é professor, ex-conselheiro tutelar, militante do Movimento Negro e mestrando em Educação pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), também é um dos fundadores do Grupo Raízes da Piedade, projeto social que atua no Morro da Piedade. 

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