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Trabalhadores lutam por melhorias diante de lucro recorde da Vale

Wagner Xavier, do Sindfer, aponta que empresa vai distribuir R$ 12 bilhões a acionistas, mas ainda precisa valorizar funcionários

O Sindicato dos Ferroviários (Sindfer ES/MG) promove uma Campanha Salarial e deve realizar na próxima semana uma mesa de negociação com a Vale em busca de garantias para os trabalhadores por meio de Acordo Coletivo do Trabalho diante de um cenário em que a empresa lucrou R$ 35 bilhões no primeiro semestre e se prepara para pagar mais de R$ 12 bilhões para os acionistas, como aponta a entidade.

“Quem está na retaguarda das operações que possibilitaram à Vale seus lucros bilionários são centenas de milhares de trabalhadores, que não mediram esforços em manter a produção a pleno vapor”, aponta Wagner Xavier, presidente do sinficato. “A direção do Sindfer não criminaliza a remuneração do acionista. É do jogo de uma grande empresa no modo de produção capitalista. O que não se pode aceitar é que os acionistas sejam legitimamente remunerados e os trabalhadores tenham reajustes rebaixados ou direitos eliminados”, ressaltou.

Wagner Xavier, presidente do Sindfer MG/ES. Foto: Divulgação

Em tempos de pandemia do coronavírusz, a empresa foi beneficiada com a desvalorização do real frente ao dólar e com aumento de 34% do preço do minério de ferro no mercado global. Além disso, a Vale e outras do ramo continuaram com suas atividades, amparadas por um decreto que considera a mineração como “atividade essencial”. “As mineradoras, incluindo a Vale, têm atuado fortemente junto ao governo federal e gestões locais para garantir que o lucro não seja interrompido, mesmo em um cenário de ataque implacável da Covid-19”, afirma o dirigente sindical. “Coube ao trabalhador o ônus de estar exposto, em que pesem as corretas medidas sanitárias preventivas adotadas pela Vale, algo que não podemos deixar de reconhecer”.

Para a Campanha Salarial deste ano, o Sindfer realizou uma consulta à categoria que ouviu 1,5 mil empregados e apontou os eixos principais da pauta de reivindicações que já foi encaminhada para a empresa, com quem se sentará para negociar nos dias 14 e 15 de outubro. São eles: manutenção de todos os benefícios, reposição salarial da inflação mais ganho real, reajuste no cartão alimentação e no piso, e manutenção dos empregos.

“E a Vale pode e deve atender essas demandas. O trimestre tem sido quase perfeito para o minério de ferro. O real fraco ante o dólar, os volumes crescentes da produção e a recuperação dos preços levaram os analistas a rasgarem elogios ao setor”, destaca Wagner, citando relatório recente do BTG que aponta a Vale e as siderúrgicas como as estrelas dos resultados econômicos deste trimestre, sendo que o resultado do primeiro semestre indica que a empresa deve ter lucro recorde este ano.

“A Vale tem lucrado em qualquer cenário e sob as mais diversas condições, ainda que adversas. Após o acidente de Brumadinho [MG] e, diante da incerteza da redução de oferta de minério de ferro, a cotação internacional do valor da commodity explodiu”, reforça o sindicalista, lembrando da terrível tragédia no interior de Minas Gerais que destruiu ecossistemas e tirou a vida de trabalhadores da própria empresa e moradores do entorno.

“O conceito fundamental da Campanha Salarial deste ano é justamente valorizar o empregado por ter reerguido a empresa após Brumadinho, mantendo-a em franca produção mesmo em um cenário de pandemia, sob o risco constante de serem infectados por Covid-19”.

A Campanha Salarial já teve início com a divulgação entre os trabalhadores e com a publicação de outdoors em algumas das principais vias de acesso da Grande Vitória. “O resultado dependerá significativamente de nossa capacidade de articulação, mobilização e negociação, mas, também, da boa-fé da Vale em negociar um acordo justo e digno, sem jogo de cena, sem retóricas infundadas, sem a imposição de perdas. Até porque não iremos aceitá-las”, ressalta o presidente do Sindfer.

Wagner diz que o sindicato pode ampliar a divulgação nas mídias e desencadear uma forte mobilização nos acesso às instalações da empresa, se esta não se dispuser a negociar, o que pode ampliar o desgaste de sua imagem pública.

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