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Camponeses realizam jornadas pela soberania alimentar

Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) faz ato nacional contra a fome nesta sexta-feira 

Como vem realizando anualmente, o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) promove no Espírito Santo e em todo Brasil as suas Jornadas de Lutas, com a intensificação de ações desenvolvidas durante todo ano. Desta vez, devido à pandemia do coronavírus, o modelo é híbrido, com debates online e atividades nos territórios, principalmente com as doações feitas regularmente às pessoas e famílias em situação de vulnerabilidade. O lema das jornadas deste ano é “Contra a fome, por soberania alimentar”.

Divulgação/ MPA

Nesta sexta-feira (16) acontece o ato nacional, com mobilizações em todos estados onde o movimento atua. Já o sábado (17) será dedicado a ações de solidariedade.
“A soberania alimentar é tema central em nossas ações, pois envolve toda discussão em torno das sementes crioulas, dos camponeses, do acesso à terra, água, soberania genética. Quando falamos em soberania alimentar, vai muito além da segurança alimentar, que trata do acesso à comida, de ter algo para ingerir. Estamos falando de alimentos que vão proporcionar saúde e bem-estar em consonância com a preservação ambiental, com respeito às culturas e hábitos de cada povo e, principalmente, no combate à fome, porque nos últimos meses, temos visto ameaça do país voltar a figurar no Mapa da Fome”, alerta Leomar Lírio, da coordenação do MPA no Espírito Santo.

Ele explica que, para o movimento, o campesinato tem como função social produzir alimentos saudáveis que proporcionem saúde para a população. “A gente precisa tomar como bandeira de luta esse debate contra a fome, entendida como um processo político, como consequência da ação política de um projeto econômico que visa ao lucro, concentração de renda e, por consequência, a desigualdade. Uma coisa está relacionada a outra”, indica.

As Jornadas de Luta realizam debates sobre temas como “Mulheres camponesas em defesa da vida, pelo alimento e contra a fome”, “Nova geração camponesa e a soberania alimentar”, “Cultura popular: luta e resistência por soberania alimentar” e “Da educação camponesa germinará a soberania alimentar”, todos contando com presença de debatedores do movimento e de outras organizações sociais, transmitidos e disponibilizados pela página do MPA no YouTube.

Leomar Lírio explica que a ideia de um mutirão contra a fome surgiu a partir de um debate de mulheres camponesas durante a Marcha das Margaridas. “É importante ressaltar o protagonismo das mulheres na agricultura e alimentação, desde o ato de amamentar, de cultivar hortas, guardar saberes e conhecimentos da medicina alternativas, e muito mais”, afirma.

O papel da juventude também tem destaque dentro do movimento. “A questão da juventude tem sido muito discutida para que ela tenha seu espaço, não cedido pelos adultos e mais velhos, mas um espaço construído pela determinação da própria juventude, como protagonista, como no debate que ela realizou, organizou, debateu e mediou”, pontua o coordenador do movimento.

No âmbito da cultura popular, Leomar aponta que o MPA enxerga a cultura de forma ampliada, pois além das manifestações artísticas, inclui a própria dimensão cultural do alimento, a preservação da semente de geração em geração, todo o fazer camponês como parte de sua cultura.

A educação camponesa é pensada num modelo baseado na educação popular, inspirada nos estudos, debates e metodologias de Paulo Freire e outros educadores para a valorização da vida e dos sujeitos. Nesse processo, buscando também reconhecer a figura do educador e sua importância em vários municípios do Espírito Santo e do Brasil, o MPA realiza a doação de cestas de seus produtos a professores, como forma de homenagem simbólica e agradecimento por seu empenho na educação.

Durante as jornadas, o movimento ainda tem realizado campanhas de doação de sangue nos municípios, dada a necessidade ampliada nos tempos de pandemia. Entre as ações de solidariedade que serão realizadas nos próximos dias, estão nos território onde o movimento e organizações parceiras têm atuado na comercialização e doação de alimentos saudáveis, como Vale Encantado (Vila Velha) e Morro do Quadro (Vitória), em parceria com moradores, e Terra Vermelha (Vila Velha) e Feu Rosa (Serra), junto à Caritas e Levante Popular da Juventude, respectivamente, reafirmando o compromisso de levar a produção agroecológica também para os bairros e comunidades periféricas.

“Estamos fazendo as mobilizações com cautela e todos cuidados recomendados, sem deixar de fazer nossa luta e nosso grito de protesto a esses descasos diante do agravamento da fome que nosso povo tem passado”, diz Leomar Lírio.

O manifesto nacional do MPA para as Jornadas de Lutas Conta a Fome, Por Soberania Alimentar pode ser lido aqui

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