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Sistema socioeducativo capixaba permanece sem testagem de Covid-19, aponta CNJ

Servidores confirmam que não foram testados, mas afirmam que houve testes entre os socioeducandos

O sistema socioeducativo do Espírito Santo continua sem realização de testes para Covid-19 entre socioeducandos e servidores, segundo dados divulgados nessa terça-feira (13) pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Entretanto, os números sobre testagem entre os socioeducandos contrastam com informações passadas pelos servidores ao Século Diário. Os trabalhadores afirmam que foram realizados testes, mas somente nas unidades de Linhares e Cariacica, após um surto de Covid-19.

O documento aponta também um grande número de infectados entre os servidores, que é de 215, e um óbito. Já em meio aos adolescentes, são 80 casos de contaminação por coronavírus. O CNJ não aponta os óbitos entre esse grupo, mas servidores do sistema afirmam que houve um. Eles confirmam que, de fato, não houve testes entre eles. “Os trabalhadores que têm sintomas estão sendo orientados a procurar a rede de saúde, mas, em alguns municípios, elas são mais estruturadas do que em outros. Alguns conseguem com facilidade, outros não. A pessoa tem que se virar”, dizem. 

Os servidores relatam que, antes do retorno ao trabalho presencial, estavam atuando por revezamento. Para eles, o fato de todos terem que retornar às atividades presenciais é um risco para os trabalhadores e suas famílias. “Nós temos filhos, moramos com pessoas do grupo de risco. O próprio espaço das unidades é insalubre por natureza. Em tempos de pandemia, piora. Nós trabalhamos em salas minúsculas, com cerca de seis pessoas utilizando a mesma mesa, sem possibilidade de fazer distanciamento social”, denunciam. 
No sistema prisional, o número de testes realizados até 30 de setembro no Estado foi de 1.859 entre os detentos e de 675 entre os servidores. Um mês antes, nos dados referentes até 30 de agosto, os testes feitos entre detentos totalizaram 925, enquanto entre os trabalhadores nenhum havia sido feito. A quantidade aumentou após inquérito sorológico feito pelo Governo do Estado em setembro e do qual participou a epidemiologista e professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Ethel Maciel. 
De acordo com ela, os servidores testados foram os da área da saúde e do judiciário, como os agentes penitenciários. Ethel informa que entre os da saúde, 11,9% testaram positivo; e os do judiciário, 22,1%. Ela explica que a quantidade maior de positivados no segundo grupo se deve ao fato de ser composto por pessoas que têm mais proximidade com a população carcerária no cotidiano de seu trabalho. “O pessoal da saúde atende com hora marcada, é apenas uma pessoa que vai ao atendimento”, diz. Entre a população privada de liberdade, os casos positivados foram de 31,6%.
Os dados atuais do CNJ apontam que houve três mortes de detentos e de servidores até a segunda semana de outubro, ou seja, se manteve estável em relação aos dados de até 30 de agosto. Ethel acredita que o pequeno número de mortes se deve ao fato de que tanto os servidores quanto os presos são majoritariamente jovens e sem comorbidades. A professora aponta ainda que entre os trabalhadores da saúde, 70% estão na faixa etária entre 21 e 40 anos. Em meio aos do judiciário, 85% estão entre 31 e 50; quanto aos detentos, 80% estão entre 21 e 40. Apenas 16% dos servidores da saúde apresentaram comorbidades. Nos do judiciário esse número foi de 13%. Entre a população privada de liberdade, 7%. 
Outro fator apontado por Ethel como um dos que pode ter contribuído para o pequeno número de mortes no sistema prisional foi o encerramento das visitas no primeiro semestre de 2020. As cidades onde a população carcerária apresentou mais casos de contaminação foram Serra, Guarapari, Linhares e Colatina, com mais de 50%. Viana, Cachoeiro de Itapemirim e Cariacica foram os de menor porcentagem de contaminação, com menos de 20%.

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