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Janelas abertas, carteiras com mais de 2,4m de distância e barreiras de vidro

Estudo nos EUA simula comportamento de partículas em sala de aula para indicar medidas de redução do contágio

Agência Brasil

Para reduzir os riscos de transmissão do coronavírus (SARS-CoV-2) no retorno das aulas presenciais, as salas devem manter janelas abertas e as carteiras precisam estar dispostas a uma distância mínima de 2,40 entre si, sendo equipadas com barreiras de vidro ou acrílico. 

As conclusões são de um estudo realizado pela Universidade do Novo México, nos Estados Unidos, e publicado nessa terça-feira (20) na revista Physics of Fluids, do Instituto Americano de Física (API, na sigla em inglês), com o título Numerical investigation of aerossol transport in a classroom with relevance to Covid-19 (Investigação numérica do transporte de aerossol em uma sala de aula com relevância para Covid-19, em tradução livre). 


O estudo utilizou metodologias de ciências da computação simulando o interior de uma sala de aula com janelas abertas e ar-condicionado e analisou o tamanho das partículas em suspensão no ar e como elas se movimentam até se depositarem nas superfícies. 
A simulação foi em uma sala com 81 metros quadrados e três metros de altura. Dentro dela, um professor e nove alunos, distribuídos em três fileiras, com as carteiras distantes 2,40 metros entre si. 
A epidemiologista e professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) Ethel Maciel destaca que, mesmo utilizando uma distância de 2,40m, que já é maior do que a de 2m estabelecida no Brasil para ambientes fechados (em ambientes abertos é de 1,5m), não foi considerada suficiente para diminuir a contaminação. 
“O estudo verificou que os estudantes que ficam na fileira do meio transmitem mais o vírus do que os que ficam nas fileiras dos cantos, devido à forma de circulação das partículas. Então levanta a importância de pensar em não colocar a fileira do meio, aumentando a distância entre as carteiras, para eliminar mais um risco”, explica. “Até a posição que o estudante está na sala interfere na transmissão”, salienta. 
Outro ponto que merece atenção no planejamento do retorno às aulas no Espírito Santo é o uso de ar-condicionado. Mesmo com o sistema utilizado nos Estados Unidos usualmente, que filtra e renova o ar – ao contrário do que é comum no Brasil, que não tem essas duas funções – ficou provada a necessidade de manter as janelas abertas. “Se as janelas forem abertas, a gente reduz a exposição às partículas em quase 40% e os aerossóis em suspensão no ar em até 80%. Então janelas abertas são super importantes”, enfatiza a epidemiologista.
O estudo também comprovou que as barreiras de vidro ou acrílico, instaladas nas carteiras dos estudantes, reduzem a exposição ao vírus. “É uma coisa tão ruim pensar nisso, os estudantes ficarem numa cápsula, mas as barreiras reduzem em 92% a transmissão”, acentua. 
O uso de máscaras, por sua vez, não foi considerado no experimento, ressalva Ethel Maciel, mas os pesquisadores verificaram que, fazendo o uso delas, não haveria mudança significativa dos resultados, apenas uma diminuição da velocidade com que as partículas são lançadas no ar. 
Outro ponto importante é o acúmulo de partículas nos materiais de estudo dos alunos. “Observaram que as partículas que saem de um aluno para o outro podem ficar no caderno, no estojo por algum tempo, mostrando a importância da higienização de forma mais constante. Talvez pensar em cada aluno ter o seu álcool gel e aumentar a frequência de higienização das mãos”, sugere a epidemiologista.

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