Movimentos sociais participam do evento contra remoção de famílias durante e depois da pandemia
Lançada durante a pandemia da Covid-19 a nível nacional, a Campanha Despejo Zero terá seu lançamento oficial nesta quinta-feira (29), às 19h, por meio de evento online que será transmitido ao vivo pelo Facebook Brigadas Populares ES e pelo YouTube do Br Cidades. Na ocasião, estarão representados movimentos sociais do campo e da cidade que participam da campanha a nível nacional e local. De acordo com levantamento da campanha, foram registrados mais de 6,3 mil famílias que sofreram despejos somente entre março e agosto deste ano, em plena pandemia.
Segundo Marcus Loss, das Brigadas Populares, a campanha surge da necessidade de prestar apoio e dar visibilidade a territórios vulneráveis que estão sofrendo ameaças. “Tem como objetivo barrar os despejos desumanos ocorridos frente à uma crise sanitária mundial, em que a orientação é: ficar em casa. Como permanecer em casa, com tantas famílias sendo despejadas das próprias residências construídas pelas mesmas? E sem nenhuma assistência dos órgãos públicos?!”, questiona Marcus, ele mesmo ameaçado de despejo da Casa Resistência Urbana, imóvel ocupado depois de anos de abandono pela Prefeitura de Vitória, que obteve recentemente liminar favorável à reintegração de posse.
Na cerimônia de lançamento da campanha no Estado estarão presentes, além de Marcus Loss, Maria Clara Silva, líder histórica do Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLN), que também atua nas ocupações urbanas na Grande Vitória, e Vinicius Lamego, da Defensoria Pública Estadual (DPE), que tem acompanhado a questão dos conflitos e da luta por moradia na perspectiva da garantia de direitos.
Maria Helena Vasconcelos, do Conselho Estadual de Direitos Humanos, também compõe a mesa de lançamento, que ainda contará com representantes de movimentos do campo, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), representado pelo dirigente Rodrigo Gonçalves, Kátia Penha, da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), e Toninho Guarani, da Comissão Guarani Yvyrupa. Participa ainda o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).
“Aqui no Estado, faremos um mapeamento destes territórios ameaçados de despejo e com riscos de ameaças, e intervenções nos imóveis que sofreram reintegração de posse anteriormente e que, até hoje, continuam ociosos. Construímos uma carta coletiva com a participação de diversos movimentos sociais com proposições para o poder público”, explicar Marcus Loss sobre os próximos passos da campanha no Espírito Santo.
A proposta é tornar a campanha Despejo Zero como permanente e aberta à construção coletiva, lutando para evitar qualquer atividade que tenha finalidade de desabrigar famílias ou comunidades sem garantia de direitos para as mesmas, sejam elas fruto de ação judicial ou administrativa decorrente da iniciativa pública ou privada.
Prefeitura de Vitória consegue despejo da Casa Resistência Urbana
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