O Sindicato dos Petroleiros do Espírito Santo (Sindipetro/ES) fará uma manifestação na próxima quarta-feira (4) em frente ao prédio administrativo da Petrobras, em São Mateus, norte do Estado. A partir das 8h serão vendidos botijões de gás a R$ 40,00, subsidiados pelo sindicato, para as 100 primeiras pessoas que comparecerem. Quem estiver com o botijão cheio, pode pegar um cupom para troca em até 60 dias.
Após as vendas, será realizada uma carreata, que seguirá rumo ao Centro de São Mateus.
As ações fazem parte da campanha “Petrobrás Fica no Espírito Santo”, que busca sensibilizar a sociedade em relação aos impactos sociais, econômicos e ambientais previstos com a venda dos campos terrestres do norte capixaba.
“Esses descontos serão bancados pelos petroleiros para mostrar qual seria o preço justo do gás de cozinha se não fosse a atual política de preços imposta pelo governo federal, que privatizou a Liquigás prometendo a redução do valor, mas isso não aconteceu”, ressalta o presidente do Sindipetro, Valnísio Hoffmann.
Segundo ele, o local onde será o protesto foi escolhido em virtude do seu simbolismo, uma vez que se trata da primeira sede administrativa da Petrobras no norte do Espírito Santo.
O Sindipetro já fez outras ações semelhantes em defesa do preço justo do gás e contra as privatizações, incluindo a sede da estatal em Vitória em 2019. A mais recente foi em setembro, no bairro Santo Antônio, em Cariacica, onde foram sorteados 100 cupons de vale-troca por um botijão de gás de 13 quilos. O mesmo foi feito na atividade cultural do Dia Internacional da Mulher, em março, no Parque Moscoso, Centro de Vitória. O Sindipetro também já subsidiou combustível, possibilitando sua venda a R$ 2,00.
Os campos terrestres a serem vendidos no norte do Estado incluem unidades administrativas, operacionais e o Terminal Norte Capixaba, nos municípios de Jaguaré, Linhares e São Mateus. O processo de venda do Polo Norte Capixaba, que contempla os campos terrestres de Cancã (CNC), Cancã Leste (CNCL), Fazenda Alegre (FAL), Fazenda São Rafael (FSRL), e Fazenda Santa Luzia (FSL), começou no último dia 21 de agosto.
Além do Terminal, o Polo abrange 269 poços, três estações de tratamento de óleo, quatro estações satélite, gasodutos e oleodutos. A venda, segundo o Sindipetro, fará com que o Espírito Santo perca de imediato 43% de receita, atingindo investimentos em políticas públicas como saúde e educação. Apesar de os impactos serem maiores onde a empresa atua, eles atingem todos os municípios, como afirma o sindicato.
Valnísio aponta que a Petrobras se dedica a uma gama de atividades, como exploração, produção, distribuição e refino, conseguindo, portanto, suportar crises, o que não acontece com empresas de pequeno e médio porte, que são as que devem comprar as unidades e o Terminal. “Se vem uma crise e a empresa quebra, ela sai do norte do Estado, deixando desemprego e desastres ambientais”, alerta.
O sindicalista explica ainda que o lençol freático em São Mateus é próximo ao reservatório de petróleo, portanto, operações sem segurança podem contaminar a água. “Um vazamento ali seria um desastre ambiental imenso”, destaca, afirmando ainda que não houve audiência pública para discutir a venda com a comunidade.
Outro problema, aponta, é o fato de que a Petrobras, ao perder espaço no Espírito Santo, acarreta a perda de royalties para o Estado e de projetos ambientais, culturais e sociais aos quais a estatal costuma apoiar. “Foi aprovada uma lei que estabelece que empresas de pequeno e médio porte podem reduzir os royalties de 10% para 5%, enquanto que a Petrobras, por ser de grande porte, não pode”, informa.
Destacam-se, ainda, as perdas de postos de trabalho e a precarização dos trabalhadores. “As empresas que comprarem vão querer reduzir postos de trabalho para ter mais lucro, bem como benefícios”, alerta Valnísio.