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‘Não basta ser negro, tem que ser antirracista’

Lula Rocha defende eleições de negros como forma de fomentar pautas de combate ao racismo nos municípios

Foi lançado nesse sábado (7), durante a 25° edição do Sarau Palmarino, o manifesto pelo voto negro no Espírito Santo, como estratégia para o enfrentamento ao racismo estrutural. Entretanto, afirma o integrante do Círculo Palmarino, Lula Rocha, “não basta ser negro, tem que ser antirracista”. Ele lembra que as eleições este ano acontecem em novembro, mês da Consciência Negra. “Precisamos ampliar ainda mais esse debate, para aumentar a participação dos negros e negras na política”, reforça.

Lula Rocha destaca que eleger negros comprometidos com a pauta antirracista contribui para que ações de combate ao racismo sejam pensadas nos municípios. E, ainda, que dentro da questão racial, é preciso contemplar também o gênero, buscando eleger mulheres negras. “Em toda a Grande Vitória, a única Câmara que tem mulheres negras é a de Vila Velha, com duas”, informa. 

Segundo o manifesto, assinado por cinco entidades, dados da Pesquisa Nacional de Amostras de Domicílio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (PNAD/IBGE) mostram que 61% da população do Espírito Santo é negra. Entretanto, essa comunidade está sub-representada nos espaços de poder. “Essa maioria não é refletida nas Câmaras de Vereadores, nos palácios governamentais e nos altos escalões dos poderes, por exemplo”, diz a nota.
As entidades defendem que nas eleições 2020 é possível mudar esse quadro votando em candidaturas negras. “É a nossa chance de diminuir essa desigualdade gritante também produzida pelo racismo estrutural em nosso país. E essa tarefa não é apenas nossa enquanto negros e negras, mas sim de todas pessoas comprometidas com a luta racial. A democracia no Brasil só será efetiva quando houver pluralidade nos espaços de poder que hoje são ocupados majoritariamente por homens brancos cis”, aponta o documento. 
Além da divulgação do manifesto, também é realizada uma campanha nas redes sociais. Os integrantes das entidades que assinaram o documento irão intensificar o apoio a candidatos negros que defendem pautas antirracistas. Essas entidades são Agentes Pastoral Negros (APNs/ES); Círculo Palmarino; Movimento Negro Unificado (MNU), Movimento Quilombo Raça e Classe/ES e União de Negros Pela Igualdade (Unegro). 
Segundo Lula Rocha, a campanha pelo voto nos negros com pauta antirracista é em nível nacional. Outra ação semelhante é a campanha #MulheresPretasNoPoder, do Coletivo Conecta, que busca estimular o voto em mulheres negras. De acordo com a articuladora do Coletivo no Espírito Santo, Mônica Oliveira, é crucial que as mulheres negras “pensem soluções para os problemas da população, em especial de mulheres cis e trans negras, em âmbito municipal”. 
O grupo destaca que as eleições acontecem em meio à Década Internacional de Afrodescendentes 2015-2024, definida pela Organização das Nações Unidas (ONU), “mas a população negra, sobretudo mulheres, ainda têm baixa representatividade nos parlamentos e executivos”. Também salienta que “experienciamos como efeito da pandemia da Covid-19, um cenário de aprofundamento das desigualdades, que afeta principalmente mulheres negras a curto, médio e longo prazo”.
Outro ponto destacado é que essas mulheres, assim como outros grupos vulnerabilizados (idosos, indígenas, pessoas com deficiência e moradores de comunidades periféricas), “não ocupam espaços que lhes permitam influenciar na definição de políticas em níveis federal, estadual e municipal”. O Coletivo informa que, no Brasil, 63% das casas chefiadas por mulheres negras estão abaixo da linha da pobreza. “Elas vivenciam o dia a dia das mazelas sociais e buscam alternativas para sobreviver a um ambiente de escassez, injustiças e, por isso, sofrem triplamente a discriminação: mulher, negra e pobre”, afirma. 
A Coletiva Conecta, informa a articuladora do Espírito Santo, é uma teia colaborativa de Comunicação e Produção Multimídia, pensada, construída, gerenciada e protagonizada por mulheres negras, com foco em arte, comunicação e política. O trabalho, explica Mônica, tem como objetivo central fortalecer a comunicação de negócios, projetos, ativismos, ideias e artes de outras mulheres negras por meio da expertise em comunicação e mídia.

Candidatos da Umbanda e Candomblé buscam espaço no legislativo

Combate ao racismo e à intolerância religiosa, valorização da cultura negra e defesa do Estado laico são algumas das pautas

https://www.seculodiario.com.br/politica/candidatos-da-umbanda-e-candomble-buscam-espaco-no-legislativo

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