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‘Consegui me blindar, ser feliz apesar de tudo que está acontecendo’

Cantora e compositora capixaba de sucesso nacional, Ana Muller fala de novo momento, regravações e disco inédito

Uma das artistas capixabas com maior alcance nacional nas plataformas de música, Ana Muller está de volta depois de um tempo para descansar e repensar sua carreira. O que ela promete para o próximo ano é um novo trabalho, “mais solar, mais pra cima”, depois do denso e autorreflexivo Incompreensível, lançado em junho de 2019.

O primeiro passo do novo momento foi dado nesta semana com o relançamento de Fragmentar, um de seus grandes sucessos, que faz parte da coletânea Prelúdio, lançada aos poucos a partir desta primeira canção. “Senti a necessidade de regravar músicas antigas que são as mais escutadas, porém nem sempre com uma qualidade muito boa, pois foram gravadas de forma despretensiosa, com vídeos caseiros, no celular mesmo”, conta a cantora nascida em Ibatiba mas criada em Cariacica, onde vive até hoje.

Ana Muller é um desses fenômenos musicais contemporâneos que emergem a partir da internet, pois foi dessa maneira despretensiosa, gravando e subindo em redes como Soundcloud e YouTube, que sua música chegou a inúmeros cantos do país.

O local de gravação de Prelúdio foi a Sala Taquetá, em São Paulo, marcando a nova parceria da cantora e compositora com o selo Taquetá, que vai lançar as novas versões e o próximo álbum inédito, que deve ser um EP. Além das plataformas de áudio, Fragmentar foi lançado em vídeo no YouTube, no mesmo estilo voz e violão e ambiente caseiro que marcaram o primeiro impulso da carreira de Ana Muller.

A artista entende que o relançamento destes sucessos ajuda a marcar uma transição entre Incompreensível e o novo disco que virá em 2021, com uma mensagem oposta. “Nesse período de pandemia, tinha necessidade de fazer público se reconectar com minha música, sempre tive uma proximidade muito grande com o público”, diz. Junto com as regravações, também será lançada uma música inédita, dando início ao novo momento da carreira.

O distanciamento social em si não chegou a ser tão impactante para Ana. “Sou uma pessoa reservada, saio pouco de casa, minha família é minha vizinha”, conta. Mas embora não tenha estranhado tanto o isolamento, lamenta ver tantas mortes, sofrimento e dificuldades no país, chegando também a atingir pessoas próximas. “É impossível não ser afetado por isso”, afirma.

Mas apesar do momento tão adverso para a humanidade, Ana Muller vive seu florescer. “Apesar do caos do mundo, consegui ser feliz. Passei a vida toda sendo triste. Agora consegui me blindar, ser feliz apesar de tudo que está acontecendo”, conta a artista de 28 anos, que até os  24 enfrentou diversos processos de depressão. A terapia conseguiu revertê-los e ela se sente leve, plena. Começou inclusive o antigo desejo de estudar faculdade de Psicologia, cursando atualmente o segundo período.

Fernanda Tiné

“O Incompreensível foi muito denso. Venho de uma trajetória de músicas que falam de amor romântico e nele não teve nada de amor romântico, fala do processo que todo mundo passa de analisar sua trajetória, seu caminho e reavaliar as coisas. Representou um momento que eu estava passando”, lembra.

Depois do lançamento do disco, ela tirou férias dos palcos para cuidar de si. “Tudo começou a ficar leve e isso se refletiu no meu trabalho”. Quando veio a pandemia, a maioria das canções do novo trabalho já estava prontas. E a tranquilidade de Ana permanece.

João Gilberto, Miúcha, Tom Jobim, Vinícius de Morais e Dorival Caymmi são alguns dos artistas que têm influenciado seu momento, que promete um disco porvir cheio de brasilidades, com base no violão. “No meu processo de composição sempre fui uma compositora de circunstância. Uma coisa servia de circunstância para que eu escrevesse. Agora nesse processo, tenho experimentado outras formas de composição”, relata.

Revisitando acontecimentos, se colocando em outros lugares ou inventando histórias para transformar em música, como fazia quando criança. “As músicas têm falado muito do processo de leveza que tenho vivido, de amor leve e tranquilo, falando de mim de forma mais bem-humorada”. Outra novidade foi a composição pela primeira vez em parceria com outro artista, em O Dia Seguinte (à do Itamar), parceria com Rodrigo Alarcón, já disponível nas redes, com uma sonoridade de alegria tropical.

Nos resta acompanhar o desenrolar de Prelúdio a preparar o porvir musical de Ana Muller. Como assistir com deleite e paciência a um casulo terminando de transmutar sabendo que depois veremos uma borboleta a voar.
Fernanda Tiné

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