“Nós não estamos vivendo a segunda onda. Essa é a primeira ainda, porque não zeramos os óbitos”. A afirmação foi feita pelo governador Renato Casagrande (PSB) em pronunciamento na tarde desta quarta-feira (18), após reunião com diversas entidades públicas e privadas, com objetivo de estabelecer um novo posicionamento em relação ao estágio atual da pandemia de Covid-19.
Os presidentes do Tribunal de Justiça e do Tribunal de Contas, Ronaldo Gonçalves de Sousa e Rodrigo Chamoun, respectivamente, participaram da reunião, ao lado de representantes da Assembleia Legislativa, do Ministério Público Federal, da Defensoria Pública, da Associação dos Municípios do Espírito Santo (Amunes) e de entidades do setor produtivo e das igrejas católica e evangélicas, além da equipe do governo do Estado.
“Nós estabilizamos o número de óbitos, infelizmente, esse número parou de cair. Nos últimos sete dias foram 10,71 em média por dia e 11,29 na média dos últimos 14 dias”, informou Casagrande. “No auge da pandemia chegamos a 40 óbitos aproximadamente na média de 14 dias. Mas também já chegamos a oito. Como estabilizou, paramos de cair, é um sinal de alerta”, enfatizou.
O crescimento do número de casos ativos confirmados, contextualizou, também está sendo observado, em parte em decorrência da ampliação da testagem, que agora é feita em toda as pessoas sintomáticas, independentemente da idade ou presença de comorbidades. Mas é inegável, salientou o governador, que está havendo maior interação entre as pessoas, o que eleva o contágio e, consequentemente, o número de casos graves e internações hospitalares, bem como o número de mortes.
“Pressionou um pouco o sistema de saúde, chegamos a 48% de ocupação dos leitos potenciais que são 715 leitos de UTI. Hoje estamos com 46%, 47%. Se passa de 50% a matriz de risco muda”, informou, voltando a ressaltar: “foi fundamental abrir 1,5 mil leitos, sendo 715 de UTI. Foi fundamental ter investido na estrutura própria do ES e não em hospital de campanha”.
De qualquer forma, em função da necessidade de novo posicionamento das entidades e das pessoas, o mapa de risco e as medidas qualificadas para as atividades econômicas e sociais irão mudar a partir desta segunda-feira. “Nossa diretriz, nossa referência, é a matriz de risco, que produz o mapa de risco. A matriz considera o número de casos ativos de 28 dias atrás, o número de testes feitos nos municípios e a média de óbitos de 14 dias. Isso no eixo de ameaças. Na vulnerabilidade, são o número de leitos de UTI ocupados. Passou de 90%, é risco extremo”, explicou.
“Vamos mudar as medidas qualificadas, que serão apresentadas na sexta feira [20] e o mapa de risco que vai valer a partir de segunda-feira. Vamos ter um novo protocolo que valerá a partir de segunda-feira”, disse, sem dar detalhes, mencionando apenas que em “ambientes que têm controle” haverá menor restrição e nos que não têm controle, as restrições serão maiores.
Como exemplo de ambiente controlado, Casagrande citou comércios em que o gerente disponibiliza máscara para todos os vendedores, lavatório ou álcool em gel para todos e onde não é permitido entrar sem máscara. “Não precisamos ter tantas restrições pra ele”.
“É um momento diferente do auge da pandemia. aprendemos a conviver com a pandemia. Hoje nós temos que tomar medidas que podem ser diferentes das medidas tomadas lá atrás pra manter atividades econômicas e sociais”, argumentou.
Nesses últimos meses, explanou o governador, “por termos reduzido os óbitos e a ocupação de leitos, as pessoas ficaram mais à vontade e a preocupação que quase todos tinham no passado, também reduziu, então a interação aumentou. O que nós estamos pedindo hoje é pra manter os cuidados, nem falo em isolamento, mas os cuidados e isolamento para quem é do grupo de risco”.
“A vacina não chegou ainda e a polêmica no Brasil não nos permite saber quando irá chegar. E quando tiver não será pra todos ao mesmo tempo. Podemos passar 2021 todo vacinando a população”, disse.