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Protesto no Carrefour denuncia racismo estrutural e pede justiça para João Alberto

“Não basta não ser racista, é preciso ser antirracista”, conclama Movimento Negro Capixaba em Vila Velha

O assassinato de João Alberto Silveira Freitas, morto a pancadas por seguranças do Carrefour, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, nessa quinta-feira (19), fez com que o movimento Negro Capixaba realizasse uma manifestação no Carrefour do Shopping Vila Velha. O protesto foi neste sábado (21). Por meio de cartazes, palavras de ordem e performances artísticas, os manifestantes cobraram a responsabilização dos envolvidos no crime e da rede de supermercados, além de denunciar o racismo estrutural.

Foto: Marco Antônio

Durante o protesto, foi destacado que o racismo institucional nas empresas corrobora com a ideia de que negro é ladrão e merece a morte, fazendo com que crimes como o ocorrido com João Alberto sejam comuns em diversos espaços. Por meio de um jogral, os manifestantes deixaram claro, ainda, que estavam ali para “denunciar o silêncio do Estado, a violência da polícia e o genocídio do povo negro” e deixar claro que os brancos devem se juntar aos negros na luta antirracista.

“Quem não se pronuncia é conivente com o racismo. Não basta dizer que não é racista, tem que ser antirracista”, disse Pandora, militante do Movimento Negro. Em uma performance feita na área central do shopping, Pandora recordou o assassinato de George Floyd, homem negro estrangulado por um policial em Minnesota, nos Estados Unidos, no mês de maio deste ano. A performance denunciou o racismo que sufoca, que tira o ar de todos negros e negras. 

Para Ana Paula Rocha, do Círculo Palmarino, a manifestação foi positiva diante da receptividade dos funcionários das lojas e outras pessoas. “Famílias se juntaram ao movimento, crianças mostravam os punhos cerrados. Contamos com muitos artistas, com música, com grupos como AfroKizomba, Negra Ô. Foi um misto de dor e revolta, mostramos que o único caminho é a resistência, a denúncia ao racismo”, diz.
Foto: Marco Antônio

O advogado André Moreira, ao se referir ao Carrefour, afirmou que “eles querem nosso dinheiro, mas não nos querem aqui dentro”. Ele recordou outros casos de racismo ocorridos na rede de hipermercados, como em 2009, quando seguranças agrediram o vigia e técnico em eletrônica Januário Alves de Santana, no estacionamento de uma unidade em Osasco. A vítima foi confundida com um ladrão e acusada de roubar o próprio carro. 

André recordou que os casos de racismo no Carrefour são de longa data. Em 2004, três atores que participaram do filme “Cidade de Deus”, em São Paulo, prestaram queixa contra o estabelecimento e um policial militar por constrangimento ilegal, denunciação caluniosa e injúria racial. Na ocasião eles disseram que se dirigiram ao caixa eletrônico para sacar dinheiro, sendo abordados por dois seguranças do supermercado.

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