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Artista promove bioescultura comunitária em Viana

Trabalho idealizado por Piatan Lube usa mudas de araçá para construir um oca natural e pública

Divulgação

Dar um aspecto comunitário à arte é uma das intenções dos trabalhos de Piatan Lube. Sua nova obra recebeu o nome de Araóca e provoca muita reflexões possíveis sobre sua cidade, Viana. Trata-se de uma “bioescultura comunitária”, como define. As atividades começaram na última terça-feira (24) e a inauguração informal com apresentação à comunidade será nesta sexta (27), com evento oficial na próxima quarta-feira (2), em Viana Sede, em frente à histórica Estação Ferroviária. Mas a obra só deve estar de fato “pronta”, se é que se poderá algum dia dizer isso, daqui há quatro anos, segundo avalia. Isso porque se trata de uma obra viva, construída a partir da própria natureza.

Um molde em forma de domo geodésico serve de base para a construção da Araóca, cujo nome é uma junção de araçá, planta nativa, e oca ou maloca, habitação típica indígena. Ao redor dela serão plantadas 600 mudas, que serão manejadas e induzidas pelo artista com apoio dos moradores, para que ao longo do seu crescimento siga as formas do domo, cuja estrutura que serve de molde poderá ser retirada mantendo a escultura apenas com as plantas. A técnica usada, explica o artista, é de fazer “biotranças”: “ponto a ponto dos galhos serão dobrados e conectados com a planta ao lado, assim todas as plantas crescerão ligadas uma a outra, estrutural e energeticamente, metaforizando a relação de nós com o todo planetário”, conta.

A ideia surgiu há alguns anos, durante uma residência artística de Piatan em outra localidade de Viana, Araçatiba, nome indígena dado por conta da abundância de araçás, árvore que dá um pequeno fruto comestível. O dito “progresso” não só apagou a herança indígena da região, como também desviou o curso do Rio Jucu, que banhava o distrito de Araçatiba e justificava a abundância da planta que deu nome à localidade, já que ela abunda nas áreas de várzea. Com a canalização e desvio do rio, Araçatiba se transformou ao longo da história, tendo sido uma grande fazenda jesuítica e também quilombo.

Agora, na região central do município, a obra comunitária concebida por Piatan busca rememorar a importância desta planta nativa. Mas a proposta não é de uma obra estática para ser contemplada, pelo contrário, é de um espaço que possa ser utilizado e apropriado pela comunidade do entorno e sociedade em geral, como um espaço público para atividades e encontros.

Piatan já planeja alguns eventos no local, como rodas musicais, oficinas e sessões de cineclube. “É para ser um espaço vivo, vazio, mas para ser utilizado pela comunidade. Não quero determinar o uso, mas ajudar a conduzir um processo para não virar uma obra intocável, que é justamente a nossa maior crítica à maioria dos artistas contemporâneos, que criam obras para serem apenas olhadas”, comenta o artista.

O projeto, que tem financiamento da Fundação Nacional das Artes (Funarte), realizou ao longo da semana a montagem da geodésica, o manejo e preparo de solo, adubação orgânica e plantio com apoio da comunidade.

Os trabalhos de Piatan podem ser acessados no site https://piatanlube.wixsite.com/website.


A arte comunitária e o (des)monumento no Rio Doce

“Monumento de Amor ao Rio Doce”, projeto do artista Piatan Lube, realizou entre os dias 17 e 22 de julho sua primeira etapa no munic&iacut


https://www.seculodiario.com.br/cultura/a-arte-comunitaria-e-o-des-monumento-no-rio-doce

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