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Depois do esquema desvelado no Iases, denúncias podem chegar ao sistema prisional

 

Há quase um ano, Século Diário publicou uma série de reportagens que revelava fortes indícios de corrupção nos contratos entre o Instituto de Atendimento Socioeducativo do Espírito Santo (Iases) e a Associação Capixaba de Desenvolvimento e Inclusão Social (Acadis). As denúncias, que à época foram tratadas com descaso pelas autoridades, finalmente estão sendo confirmadas pela operação da Polícia Civil batizada de “Pixote”, que prendeu 13 pessoas envolvidas no esquema na última sexta-feira (17). Quadro delas, inclusive, foram soltas hoje (22); as outras devem permenecer detidas por mais cinco dias.
 
Assim como no caso do Iases, desde 2008 o jornal também vem denunciando os contratos da Secretaria de Justiça, todos sem licitação, para a construção das unidades prisionais. Até 2010, último ano do governo Paulo Hartung, o Estado havia gasto mais de meio bilhão de reais na construção de presídios com praticamente duas empresas: Verdi Construções e DM Construtora, ambas do Paraná.
 
Além dos contratos para a construção de presídios, o jornal denunciou os contratos com as empresas terceirizadas que hoje administram sete das 35 unidades prisionais. As reportagens apontavam um suposto esquema montado dentro da Sejus para beneficiar empresas ligadas a coronéis reformados, que ocuparam cargos no primeiro escalão dos governos de José Ignácio Ferreira e Paulo Hartung. Foram denunciadas também as empresas que fornecem alimentação aos presídios, em função de irregularidades nos contratos, muitos deles sem licitação.
 
Em entrevista ao jornal A Gazeta, publicada nesta quarta-feira (22), o secretário parece já antecipar sua “defesa prévia”, ao justificar os contratos da Sejus com empresas que administram as unidades prisionais terceirizadas. Embora o delegado Rodolfo Laterza, que comanda as investigações no Iases, garanta que o escopo da operação se limita à autarquia, não está descartada a hipótese de que existam outras investigações em curso para apurar irregularidades no sistema prisional. 
 
Na mesma entrevista, Roncalli chegou a comentar sobre as falhas na Penitenciária de Segurança Máxima 1 de Viana, que é administrada pelo Instituto Nacional de Administração Prisional (Inap). Ele admitiu que houve falhas, mas que foram corrigidas. Em seguida, disse que as unidades de Colatina e Viana, ambas administradas pelo Inap, serão licitadas em breve. Afirmou que o edital deve sair em 20 dias.
 
Para quem está ouvindo o secretário falar sobre o Inap pela primeira vez, até parece que ele não via a hora de se livrar da empresa. Entretanto, o secretário, ao lado do deputado Josias da Vitória e da juíza da Vara de Execuções Penais de Colatina Simone Spalenza, foi um dos maiores entusiastas do projeto de privatização do sistema. 
 
A empolgação com o sistema de privatização era tamanha que, em 2007, os três gravaram, voluntariamente, um vídeo institucional para promover o trabalho do Inap. Coincidência ou não, Da Vitória, então presidente da Comissão de Segurança da Assembleia Legislativa, defendeu que o sistema de privatização fosse estendido também às unidades de internação de adolescentes. E parece que alguém ouviu o seu apelo. No ano seguinte, o colombiano Gerardo Mondragón, com a ajuda do deputado, levava o sistema de co-gestão para o CSE-Cariacica e, posteriormente, Linhares.
 
Para quem não teve oportunidade de assistir ao vídeo em 2011, reprisamos o vídeo promocional (editado) dos “garotos-propaganda” do Inap. Fica a pergunta: que isenção teria Roncalli agora para conduzir um processo de licitação para substituir o Inap que, inclusive, pode ser uma das empresas do certame?
 

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