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A ameaça contínua

Descaso do governo no combate à Covid-19 e a militarização da política constroem um quadro sombrio no país

No Brasil, comer está mais caro. Situação gerada pela alta da inflação, fruto direto do descontrole da economia, por falta de um projeto para o país, com o objetivo de envolver toda a população. Viver também está difícil, a ronda da morte assusta a todos, pelo aumento da violência e o avanço da Covid-19. Um cenário preocupante, que se torna mais sombrio com a crescente militarização da política e o surgimento de novos atores com o discurso da renovação, mas que, na prática, não promovem nenhuma mudança.

O quadro é preocupante, menos para o presidente da República, mais voltado para ações que o mantenham no poder e em frivolidades tipo a exposição de roupas usadas no dia da posse, em um evento brega de doer, onde aparece com a mulher fazendo merchandising para seu alfaiate. Para ele, essas coisas merecem atenção maior do que buscar uma solução para os problemas da nação, o principal deles viabilizar uma vacina contra a doença. Quem sabe, tenta desviar o foco de sua incompetência.

Motivo de mobilização de governantes de todo o mundo, a vacinação contra a Covid-19 sofre um boicote de Bolsonaro, completamente perdido, que joga a questão para a esfera política e não a trata como uma urgência de saúde pública, como deveria ser, caso o país fosse governado por uma pessoa com capacidade de cumprir as obrigações inerentes ao cargo.

Dezembro chegou com o recrudescimento da doença, 177.888 mortes contabilizadas no dia do ridículo desfile dos Bolsonaro. Na mesma data, o governo zerou o imposto de importação de armas de pequeno porte – revólveres e pistolas -, honrando compromisso firmado em julho, ocasião em que o capitão, em contenda com o Supremo Tribunal Federal (STF), bradou: “Acabou, porra!”.

Todos podem se armar, como parte da política de ódio que sacode o país desde 2016. Tem ódio para todos, a começar pelo PT, negros, homossexuais, indígenas, esquerdistas, comunistas, enfim, foi o que restou do golpe. E ódio não faz as coisas andarem, nada constrói, gera paralisia.

A partir de agora, a ameaça é sempre maior, dói no estômago e no bolso, e assusta ainda mais com o que virá por aí com a cobrança da conta por parte da elite que viabilizou Bolsonaro no poder, hoje ávida pelas reformas que tiram direitos e fragilizam as relações de trabalho. Se não forem entregues em 2021, bem como um programa de vacinação, ele pode ser tirado do cargo antes do tempo previsto.

Depois de reunião com o ministro da Saúde, general Pazuello, nessa terça-feira (8), o governador Renato Casagrande chamou a atenção para a urgência da vacinação em massa e alertou que o governo pode acabar mais cedo. Nem por isso, no entanto, os horizontes se apresentarão mais planos. O cenário formado desde o golpe de 2016 jogou o Brasil em uma situação de atraso e obscurantismo, configurada nas escolhas feitas nas recentes eleições municipais, com a vitória de candidatos da direita e da extrema direita e a militarização da política.

Como se não bastasse, há o surgimento de áreas representativas da direita travestidas de centro-esquerda ou de nova política que não passam de frutos do antigo e ultrapassado modelo com o discurso de renovação. Exemplos estão por aí, um deles a equipe de transição do prefeito eleito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos), composta por integrantes de gestões passadas, de triste lembrança, principalmente no que se refere aos servidores públicos e à área de segurança pública.

Nesse quadro sombrio, há alguns lampejos de esperança que podem ser vistos em setores progressistas. No entanto, há que refletir que a esquerda passa por uma fase de acomodação. Burocratizou-se e falta participação popular, não tem povo. O resultado das eleições mostra essa anomalia e registra que, passada a campanha, esfria a relação com setores da sociedade. Sem esse chamamento, de forma permanente, o cenário não se altera.

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