Deputado disse que “mulheres não têm muito interesse de participar da política” e “a gente tem que apelar para que elas trabalhem”
As declarações do deputado estadual Hudson Leal (Republicanos), na sessão do dia oito de dezembro da Assembleia Legislativa, provocaram reações do Movimento de Mulheres. Em nota, mulheres organizadas em diversos partidos políticos, movimentos e organizações sociais, repudiaram o fato de o parlamentar ter dito que “as mulheres não têm muito interesse de participar da política” e que “a gente tem que apelar para que elas trabalhem”. Na sequência, recordam, Hudson Leal se manifestou contrário às cotas de gênero nas eleições.
De acordo com a nota, as declarações “representam uma afronta às conquistas históricas das mulheres para garantir o aumento da representação e protagonismo das mulheres na política”. O grupo recorda que o direito ao voto foi conquistado pelas mulheres no Brasil apenas na década de 1930, fruto da luta das feministas sufragistas, e desde então, elas sempre estiveram subrepresentadas nos espaços de poder político.
Além disso, destaca que as candidaturas de mulheres apresentaram um ligeiro aumento em relação ao pleito anterior. Compuseram 33,3% do total de candidaturas às prefeituras e Câmaras, “embora esse percentual ainda permaneça muito próximo ao mínimo de 30% estipulado pelas cotas de gênero e a representatividade permaneça baixa na política institucional”.
Deputado se manifesta
Em nota enviada a Século Diário, o deputado manifestou “muita tristeza” em relação à nota de repúdio. “Absurdamente estamos vivenciando tempos bárbaros, de exacerbação da violência, do individualismo, de ataques aos mais diversos tipos de direitos e de negação de valores fundamentais. Como cidadão e político sempre direcionei meus discursos com total respeito a todos, independentemente de gênero, raça, religião ou orientação sexual”, apontou.
Hudson Leal afirma que, na sessão plenária do dia 8 de dezembro, fez “denúncias gravíssimas no que diz respeito ao sistema de cotas de gênero utilizado para as eleições proporcionais. No município de Vila Velha, alvo de minha queixa, diversas mulheres foram utilizas como laranjas por partidos políticos e não obtiveram nenhum voto, também houve caso de marido e mulher concorrendo em chapas opostas. Com tal situação fica claro que alguns partidos, para cumprirem o sistema de cotas, utilizam mulheres para preencher essas lacunas”.
O deputado “esclarece que em momento algum de minha fala fiz oposição a este sistema de cotas, mas acredito que o mesmo deva ser revisto para que não ocorram prejuízos a candidatos(as), independentemente da proporção do gênero. Lembro ainda que em 2016, a chapa PSL e PMB, montada por mim, elegeu duas mulheres como vereadoras: Dona Arlete e Patrícia Crisântemo, e neste ano nos orgulhamos por eleger Lari Camponesa – Republicanos Rio Novo do Sul – a primeira vereadora transexual do Estado. Sempre tratadas com muito respeito e igualdade”.
Além disso, se manifesta “a favor não somente das cotas para a disputa eleitoral, mas também de que existam cotas para vagas no legislativo. Devemos, neste momento, reunir forças para questionar este fato ocorrido em Vila Velha”, finalizou.