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​Segurança e marketing

Pomover blitzen pela cidade, como fez o prefeito  Lorenzo Pazolini, não basta para garantir segurança à população

Os quatro novos prefeitos dos maiores municípios da Região Metropolitana – Vitória, Vila Velha, Cariacica e Serra – iniciam os mandatos mostrando serviço, cada um à sua maneira, tendo a cobertura de câmaras de vereadores, todas elas sob controle, em decorrência de bases políticas fortes que garantiam a eleição dos respectivos presidentes. Davi Esmael (PSD) na Capital, Bruno Lorenzutti (Podemos), em Vila Velha, Lelo Couto (DEM), em Cariacica, e Rodrigo Caldeira (PRTB), na Serra –  todos reeleitos, são aliados dos executivos municipais, um quadro resultante de articulações visando uma harmoniosa convivência. 

Das primeiras ações, visando causar impacto na sociedade, o prefeito da Capital, Lorenzo Pazolini (Republicanos), saiu à frente e apostou em iniciativas que lhe proporcionaram visibilidade midiática quando delegado da Infância e Juventude da Polícia Civil. Apressou-se em realizar blitzen nas ruas da cidade, já na primeira noite depois da posse, acompanhado do secretário municipal de Segurança, o também delegado Ícaro Ruginski. 


Fizeram parte do grupo os chefes da Guarda Municipal e o vereador Gilvan Aguiar (Patriota), que é policial federal, paramentado com vestes militares de operações camufladas, daquelas inspiradas – e não poderia ser diferente – nos marines estadunidenses, copiada por forças de segurança brasileiras. Apesar de toda essa movimentação, fica o questionamento sobre como serão daqui por diante as ações para garantir segurança à população. 
Espera-se que a gestão nessa área não se resuma apenas a iniciativas que estão mais para estratégias de marketing, enaltecendo a figura do herói contra o crime do imaginário popular, muito distante da realidade. O aspecto social da criminalidade extrapola o pensamento binário de polícia contra bandido que domina a maioria das ações de combate ao crime no país, de longa data, que ganhou força no governo Bolsonaro.

Existem outros fatores, muitas vezes ignorados, que surgem em crises econômicas, como a que o país atravessa no momento, atingindo estados e municípios, gerados na pandemia da Covid 19 e, também, por conta da ineficiência da gestão pública a partir de 2019. Em cenário como esse, a criminalidade é favorecida, por conta do aumento da pobreza, fome, miséria, desnutrição, desemprego, subemprego e analfabetismo, entre vários outros fatores, que não podem ser esquecidas por qualquer gestão pública responsável, porque são robustas vias indutoras de prática do crime.

São questões que precisam receber um tratamento adequado, ao lado de ações preventivas, extremamente necessárias se adotadas em conjunto com outros setores da administração. Mostrar serviço somente no maniqueísmo polícia/bandido é contribuir para ampliar os índices de violência, já assustadores ao extremo. Intitular-se legalista por participar de blitzen nas ruas da cidade não condiz com a realidade. 
A visão terá que ser mais ampla para identificar necessidades da população muito além de ajustes fiscais, da forma como aconteceu com a aprovação da reforma da Previdência na Câmara de Vitória, nesta segunda-feira (4). Um exemplo de legalismo às avessas, haja vista a ausência de debate sobre o tema, que afeta a milhares de servidores públicos e suas famílias, e a condução discretamente autoritária da mesa diretora da Casa, fixando a marca da subserviência do Legislativo municipal à nova gestão.

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