Mais de cinco milhões de estudantes estão inscritos para fazer o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que acontece nos dias 17 e 24 de janeiro. Porém, até o momento o Ministério da Educação (MEC) não apresentou nenhum plano para garantir a segurança das pessoas durante a realização da prova. Essa situação tem preocupado os estudantes, fazendo com que se mobilizem nas redes sociais para, mais uma vez, ser adiada a aplicação da avaliação.
O diretor de Acesso ao Ensino Superior da União Nacional dos Estudantes (UNE), Raphael Reis, um dos articuladores em nível nacional e estadual da campanha #AdiaEnem, ocorrida no primeiro semestre de 2020, afirma que a iniciativa foi realizada em um cenário de incertezas, fazendo-se necessário, agora, retomar a mobilização. “Chegamos em janeiro com um governo incompetente que não conseguiu segurar a pandemia”, diz Raphael, que afirma que as entidades estudantis defendem o adiamento para pelo depois que começar a vacinação no país.
O diretor da UNE destaca que um dos agravantes para a realização do Enem ainda este mês é a segunda onda da Covid-19, que faz subir o número de casos e óbitos em praticamente todo o país., Outro problema, afirma, é a iminência de crescimento ainda mais intenso em decorrência das aglomerações registradas nas festas de fim de ano. “É um risco para quem vai fazer a prova e para as pessoas que irão aplicar”, salienta. De acordo com ele, a mobilização pelo adiamento está sendo feita principalmente pelas redes sociais, já que o MEC não recebe as entidades estudantis.
Kalianna Tolentino Mendes Soares, do Movimento Popular Juventude em Disparada e do grêmio estudantil Margarida Maria Alves, do Colégio Estadual, em Vitória, faz críticas ao fato de o governo Federal manter o Enem em janeiro e não apresentar nenhum protocolo de segurança. “A gente acha um escárnio. O Enem é a única forma de entrar no ensino superior. O governo Federal não pensa em adiar e deixa a gente de lado. Estamos vendo os casos de Covid-19 aumentando, não sabemos como vai ser na hora da prova, se os fiscais serão preparados para inspecionar casos de quebra de protocolo sanitário, por exemplo”, diz.
A União Brasileira dos Estudantes (UBES) também tem mostrado preocupação diante do assunto. “É um absurdo estarmos a 10 dias da prova e o MEC não apresentar as medidas e providências que serão tomadas para garantir a segurança dos milhões de estudantes, por exemplo quantos alunos por sala farão a prova. Não há qualquer preocupação do ministério com a situação de crescente contaminação”, afirma Rozana Barroso, presidente da Ubes.
A entidade secundarista vem pedindo providências do MEC há nove meses, desde um calendário adequado até a garantia de inclusão digital para um Enem com menos desigualdade. “É impossível mensurar o tamanho do impacto emocional aos estudantes que irão participar do Enem, sem ter ao menos o mínimo de noção se existe ou não segurança à saúde em seus locais de prova. Por isso, é inaceitável o silêncio do Ministério no momento”, afirma a presidente da entidade.