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Joana Bentes lança ‘Kintsugi’ na busca do amor próprio e universal

Cantora e compositora capixaba apresenta videoclipe com performance como prelúdio de disco que sai neste mês

Kintsugi é uma técnica antiga de origem japonesa de consertar peças de cerâmica quebradas, colando suas partes com um verniz polvilhado de ouro, deixando nos objetos as marcas visíveis dos remendos feitos. Mais que uma prática de não descarte, reflete toda uma filosofia que nos leva a pensar sobre a própria vida, nossas dores e cicatrizes e recuperações. É todo esse conceito que é trazido pela artista Joana Bentes para a canção Kintsugi, lançada junto com o início de 2021.

A canção ganhou um videoclipe no qual Joana usa o próprio corpo como expressão. Formada em Artes Plásticas pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) em 2014, ela decidiu seguir profissionalmente na música, mas não deixou de lado os elementos absorvidos de outras artes. O vídeo registra uma performance de mesmo nome que ela fez como um ritual com três momentos: argila, corte e ouro, além de uma surpresa final. É justamente um chamado a olhar para si mesmo, a juntar os próprios cacos e seguir adiante, reconhecendo as fraquezas e limitações e se reconstruindo, sem se envergonhar das cicatrizes.

Em tempos de pandemia, muitas reflexões que adiávamos acabam sendo impostas. “É um momento de transformação, de entender que a gente tem mil fragilidades, que passa por diversos processos. E isso se torna valioso a partir do momento que a gente enxerga a si mesmos, vai se conhecendo, se cobrando menos e se amando mais”, reflete a artista.

É Kintsugi que serve justamente como a resina e o ouro que unem as canções do primeiro álbum de Joana, que será lançado nas plataformas virtuais no dia 21 de janeiro com o sugestivo título de A gota do mar contém o oceano inteiro. Conectam o que foi pensado inicialmente como dois EPs e se tornou um disco só, ligando músicas centradas num amor romântico com canções na busca do amor próprio e de um amor universal, que ao fim estão em extrema conexão. “Seriam como EPs opostos mas queria que tivesse alguma ponte entre esses dois olhares. Tudo isso somos nós. Não tem como dizer ‘nunca mais vou me apaixonar’. Mas você pode se apaixonar de uma forma mais madura, mais consciente”, diz.

O disco trará seis canções autorais e duas versões, uma delas já lançada, Preciso aprender a ser só, de Gilberto Gil. A produção musical foi feita pela própria Joana Bentes em home studio, contando com participações de músico à distância.

Quéli Unfer

Nascida em Vitória, Joana aprendeu com o pai a primeira música no violão e estudou em escolas que estimularam o desenvolvimento artístico. Tocou em bandas e começou a compor suas próprias músicas, mas foi só depois que terminou a faculdade que decidiu firmemente investir na carreira musical, tendo lançado em 2016 o EP, “Entre” e outros singles posteriores, como “Aqui”, que ultrapassou a marca de 1 milhão de plays no aplicativo Spotify.

Nos últimos anos morou em Brasília (DF), onde trabalhou com produção de exposições artísticas, e desde 2018 vive em Belo Horizonte (MG), de onde tem origem sua família materna.

“Eu sou muito movida pelas paixões. Acho que senti que tinha alcançado o que tinha disponível na época em Vitória, senti que precisava experimentar outros lugares para entender minha música em outros lugares”, relata. Na capital mineira, além do reencontro familiar, também conheceu outros músicos da cena local, além de poder circular por espaços culturais de maior envergadura que no Espírito Santo.

Mas não muda a essência de sua música e sua busca. A música brasileiríssima. E a busca de se expressar pela arte sobre o amor, em toda sua amplitude.

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