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Rodovia desmoronando oferece risco para motoristas e ciclistas

Trecho da Rodovia do Sol entre Guarapari e Anchieta tem trânsito ainda maior durante o verão

Não é de hoje que o trecho da Rodovia do Sol (ES 060) entre Meaípe (Guarapari) e Ubu (Anchieta) está desmoronando. Atualmente, a pista, que se situa entre a o mar e a Lagoa Maembá, apresenta três pontos de grande desmoronamento, em que a ciclovia e o acostamento já caíram parcial ou totalmente diante do impacto do mar nas falésias da região.

Segundo Luciely Ravani Liberato, presidente da Associação Comunitária de Porto Grande, uma das comunidades próximas aos desmoronamentos em Guarapari, a situação está grave há mais de uma ano. Foram feitas sinalizações de emergência na pista, já que em alguns trechos há apenas o espaço mínimo para passarem dois automóveis. “Eu passo por lá de carro de vidro aberto, por medo de que a pista desabe e eu fique presa no carro”, relata uma moradora de Porto Grande. Se para os automóveis o receio é que a pista siga cedendo, para ciclistas e pedestres já é uma realidade perigosa ter que transitar rente aos automóveis por não contar mais com espaço adequado para eles.

Trecho da Rodovia do Sol em que a ciclovia e o acostamento já demoronaram. Foto: Vitor Taveira

Tudo fica ainda mais preocupante com a chegada do verão, quando o fluxo de carros entre Anchieta e Guarapari aumenta significativamente, principalmente nos fins de semana. Na altura de Porto Grande ainda está sendo construída uma casa de shows de grande porte, a Parador P12, que havia anunciado sua inauguração para o final do ano passado, mas acabou adiando por tempo indeterminado diante da situação da pandemia de Covid-19. Sua abertura implicaria fluxos massivos de automóveis em período noturno, quando a visibilidade é ainda mais dificultada. É a mesma estrada que dá acesso à Samarco, empresa de grande porte que voltou a funcionar.

Os moradores relatam casos de acidentes, desde quedas de pessoas e veículos a colisões provocados pela frenagem de carros. “É uma via rápida, então pessoas que não conhecem a região acabam freando bruscamente e o carro de trás pode colidir. Já presenciei uns três acidentes”, alerta Moisés da Cruz Costa, morador do bairro de Mãe-Bá, em Anchieta.

Ele alerta que o número de praticantes de ciclismo como atividade física e de lazer tem aumentado bastante na região nos últimos anos. A população local também se desloca frequentemente em bicicleta, seja para trabalhar em Meaípe ou outros lugares, seja para resolver coisas pontuais. Alguns também se movem a pé ou praticam caminhadas e corridas usando a pista.

“Já foram feitas várias reportagens mostrando os impactos, já estive no DER tentando conversar com o presidente mas não consegui. Até agora nada de obra”, diz Luciely. DER é o Departamento de Edificações e de Rodovias do Estado do Espírito Santo, responsável pela manutenção das estradas estaduais. O próprio site da entidade registra que foram feitas obras para reforma da pista e contenção da maré com o uso de pedras em 2015 e 2016, mas logo o problema retorna.

Pode haver ali um vício de origem, já que a estrada foi construída à beira das falésias, que são formações litorâneas geradas justamente pelo choque constante das ondas do mar com as rochas, provocando o desgaste ao longo do tempo. Do outro lado da pista ainda está a lagoa e uma área alagadiça, que indicam um terreno ainda mais instável.

Vinícius Brina, da Associação de Moradores de Meaípe, cobra uma solução que possa de fato resolver o problema, já que as últimas ações foram paliativas, que amenizaram o risco mas não duraram muito tempo. Ele conta que a última promessa do DER é que o edital para as obras que incluiriam o aterramento na praia de Meaípe e a solução na pista havia sido prometido para dezembro passado.

Contactado pela reportagem, o órgão estadual informou que a o projeto para recuperação da ES-060 e engordamento da praia da região já está pronto mas se encontra em fase final de trâmites administrativos. Porém, a previsão apontada para a publicação do edital é ampla: para o primeiro semestre deste ano. Apesar de questionado sobre possíveis ações emergenciais no trecho, o DER não informou previsão de alguma ação nesse sentido. Existem placas de sinalização nas áreas de risco e também guard rails (muretas metálicas), mas em alguns casos eles estão caindo junto com a pista.

Da última obra, a comunidade de Porto Grande ainda amarga um prejuízo: parte da terra movida foi jogada sobre o campo de futebol da comunidade, matando o gramado e deixando o piso desnivelado. Mas isso já é outra história. Ou melhor, é parte da mesma história. O fato é que enquanto esperam pelas obras prometidas, os moradores seguem apreensivos tremendo uma tragédia anunciada.

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