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A operação de erro

Apesar das trapalhadas do governo federal,  há  quem acolha mentiras e cubra a realidade com falsos moralismos ideológicos 

Com a chegada da vacina, nasce a esperança e mais uma derrota do obscurantismo e da mentira. Um baque em Bolsonaro, na linha de frente da tropa de incompetentes e desastrados no comando do governo brasileiro, o dito ministro Pazuello na ala de destaque, tal e qual um sargento Garcia das histórias em quadrinhos, que, com sua visão esdrúxula, nunca consegue prender o Zorro. Apesar das trapalhadas, ainda obtém a aprovação de quem acredita em mentiras e encobre a realidade em véus de falsos moralismos ideológicos e o antipetismo doentio. 


O governo segue às tontas, provocando desastres à sua volta, bem à vontade diante da omissão de tantos e dos aplausos de evangélicos igrejeiros, exultantes com as mentiras de um governo, motivo de piada em todo o planeta, responsável por colocar o Brasil no maior retrocesso de sua história. Mas a vacina chegou, finalmente temos motivo para comemorar, apesar da crise brasileira, da tragédia em Manaus e das jogadas de marketing de políticos, muitos deles agora com o passo apressado para aparecer bem na foto, bem diferente do comportamento assumido há poucos meses.

Esse fio de luz proporcionado pela ciência, no entanto, corre risco, resultante do negacionismo, da guerra ideológica e da incompetência do capitão presidente, potente disseminador da Covid-19 no país. Os estoques de vacinas disponíveis são reduzidos e estamos na dependência de a China liberar o Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA), essencial para a fabricação das vacinas pela Fundação Osvaldo Cruz e (Fiocruz) e o Instituto Butantan, o que possibilitará a produção em larga escala. Sem isso não tem vacina para todos.

Embora assustador, a ameaça, no entanto é ignorada pelo próprio capitão presidente, em campanha eleitoral para 2022, cujo único foco é engordar o rebanho de fiéis seguidores. A estratégia envolve grupos amontoados na casinha em frente ao palácio do Planalto, como ocorreu nesta segunda-feira (18), em sites bolsonaristas, nas redes sociais e em pregações e mensagens ditas evangélicas. Para estes, o capitão presidente é um enviado de Deus, sua fala é quase sagrada, e, assim, deve ser obedecida. Incorrem no que a Bíblia chama de “operação de erro”. 

“E por isso Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam a mentira; para que sejam julgados todos os que não creram a verdade, antes tiveram prazer na iniquidade” (2 Tessalonicenses 2.11-12). O texto, se aplicado ao capitão presidente e à influência exercida junto à camada evangélica que ainda o apoia, é bem claro. Seu governo é um emaranhado de mentiras, de disseminação de ódio e preconceito, de exaltação à morte e não à vida, exatamente o contrário da doutrina cristã. E segundo a Bíblia, o pai da mentira é o Diabo e não Deus.

A condução do governo, com seus fake news, comprova essa afirmativa. Ao negar a doença e defender tratamento precoce na base de sulfato de hidroxicloroquina, de politizar a pandemia e tratar o assunto com viés ideológico, seguindo o alvo de sua bajulação maior, Donald Trump, o capitão contribuiu para muitas mortes. Ele age por meio de mentiras e ameaças e, como em outros estados, o Espírito Santo também foi atingido, om a ajuda de grupos cristãos predominantemente evangélicos. 

“Tratamento precoce salva vidas!!” é frase que foi afixada em um outdoor em Vitória, no mês de agosto de 2020, incentivando as pessoas a se automedicarem com hidroxicloroquina. Frases desse tipo ainda hoje podem ser vistas em redes sociais, no vácuo de absurdos de que a vacina contém um chip que irá provocar outras doenças, entre outras inverdades.

A derrota representada com a chegada da vacina e o baque na batalha de marketing político, levou o capitão presidente a outra ameaça, depois da rasteira do governador de São Paulo, João Dória, ao ganhar a primazia no domingo, de aplicar a primeira vacina contra a Covid 19 no Brasil,: “Quem vai decidir se o povo vai viver numa democracia ou numa ditadura são as Forças Armadas”, disse, demonstrando total desconhecimento da Constituição Brasileira e sinalizando para a ameaça de uma ditadura, por meio de um golpe militar. .


A infeliz frase, agora parte do volumoso acervo de erros, equívocos, bizarrices e coisas sem noção do atual governo, torna mais tenso o cenário no qual tudo está fora de lugar. Além da tragédia da Covid-19, do risco de atraso na imunização da população, do encolhimento da economia, da volta da inflação, há a ameaça de uma ditadura militar, a face mais negra do autoritarismo. O aceno é acolhido por negacionistas, tanto da gravidade da Covid-19 quanto da economia e da própria democracia, tornando o cenário mais sombrio..


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