Fevereiro será de preparação de alunos e professores para aula remota, afirma Alessandro Bermudes.
As prefeituras de Cariacica, Serra, Vila Velha e Vitória seguem seu planejamento de não retomar as aulas presenciais em fevereiro, como pretendido pelo governo de Renato Casagrande (PSB), que chegou a pautar o assunto em reuniões com os municípios no início do mês, objetivando convencê-los da agenda afoita.
O secretário serrano de Educação, Alessandro Bermudes, o Professor Bermudes, afirma que o desejo dos municípios é retornar sim, mas somente em um contexto pandêmico de maior segurança que a atual. “Estamos buscando proteger os alunos e nossos trabalhadores”, afirma.
Usar o argumento de que o Estado reabriu as escolas outubro passado para justificar a nova reabertura no próximo mês não é legítimo, pondera Bermudes. “O cenário de outubro era muito diferente. Era de queda no número de casos e de mortes. Agora estamos vivendo o contrário. A palavra correta pra esse momento é prudência”, assevera.
De fato, nesta segunda-feira (18), foi constatado que o Espírito Santo cumpre apenas dois dos sete critérios estabelecidos pela Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz) para caracterizar um contexto mínimo de segurança para o retorno das aulas presenciais.
Na avaliação da epidemiologista Ethel Maciel e do matemático Etereldes Gonçalves Junior, ambos professores da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), o momento não é propício para a reabertura das escolas, pois os dados indicam que estamos em franco crescimento da pandemia, numa segunda onda provavelmente ainda mais agressiva que a primeira. Em fevereiro, a tendência é de que os números de mortos e casos novos sejam ainda maiores.
Em síntese, explanaram os dois cientistas, o conjunto dos sete indicadores da Fiocruz tem o objetivo de mostrar para a população e o poder público que “a pandemia precisa estar num patamar muito baixo, com viés de queda (Rt abaixo de 1), precisa ter capacidade hospitalar e de testagem, mais garantia de isolamento dos casos positivos”. Somente nesse contexto, salientam, “pode-se dizer que o risco de haver um colapso rapidamente, com a reabertura das escolas, é menor”. Mas, “infelizmente, o Espírito Santo ainda não atingiu esse estágio”.
Diagnóstico, capacitação e informatização
Assim, em fevereiro, as quatro redes municipais organizam a realização de uma avaliação diagnóstica dos alunos e uma capacitação dos professores e demais trabalhadores. A avaliação irá medir o que foi apreendido pelos estudantes em 2020, para planejar o conteúdo que será ministrado em 2021.
Já a capacitação vai abranger os vieses tecnológico, sanitário e pedagógico. “Na Serra estamos recebendo novos profissionais. Precisamos treiná-los nas novas plataformas e nos protocolos, isso é muito sério”, destaca. Após as duas etapas concluídas, terá início o ensino remoto.
“Inicialmente, nós queremos fazer um processo de capacitação nos nossos servidores. E ainda em fevereiro, com essa capacitação, voltarmos de forma remota, observando os cenários. Se o cenário estiver favorável, com redução do número de casos e mortes, nós podemos iniciar uma volta às aulas de forma híbrida, começando das séries finais até as iniciais”, descreve.
A priorização da vacinação dos profissionais da Educação – recomendada por especialistas em Epidemiologia, educadores e sociedade civil – também está no radar de reivindicação dos municípios da região metropolitana. “Se nesse período [de início das aulas remotas] o governo estadual garantir a vacinação dos trabalhadores, seria um fator muito positivo pra volta presencial”, posiciona Bermudes.
Em paralelo, a prefeitura implementa um sistema de gestão educacional informatizada. Diferentemente de Vitória, por exemplo, que já a possui, “o município de Serra não tem tecnologia nas escolas, não existe sistema de gestão escolar, as matriculas são feitas no papel”. O salto tecnológico, conta o secretário, foi um pedido feito pelo prefeito Sergio Vidigal (PDT) na primeira semana de seu governo: ter pelo menos 25% da rede municipal de educação com esse sistema de gestão até meados de março.
Mediante essa informatização, acredita, será possível conhecer melhor a realidade das famílias dos estudantes, suas principais demandas em relação à educação e tecnologia para ensino remoto. “Não se faz gestão sem informação. Nosso objetivo é tornar a gestão mais tecnológica pra facilitar a vida dos alunos, dos professores e também dos pais dos estudantes. Eles podem ter acesso às notas dos alunos pela internet, por exemplo”, projeta.