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​Parlamento ou ‘puxadinho’?

Enquanto o ano eleitoral de 2022 ainda se encontra distante, a Assembleia vai funcionando em harmonia com o governo

“Tem muito fio desencapado e nós estamos com uma caixa de fita isolante”. Apesar do tom de zombaria, a fala do presidente reeleito da Assembleia Legislativa, Erick Musso (Republicanos), dita nessa terça-feira (2) na sessão de instalação do ano legislativo, traduz o cenário entre os deputados estaduais, em articulação para garantir lugar nas comissões mais importantes da Casa. Uns ganham, outros ficam sem, como Danilo Bahiense, que perdeu a comissão de Segurança Pública para o suplente recém-chegado à vaga, Luiz Durão (PDT), conforme circula nos bastidores.

Com a Mesa Diretora formada, no contexto da primeira parte do alinhamento com o governador Renato Casagrande (PSB), a hora agora é

e de acertar arestas e manter o campo aliado propenso a atrair novos seguidores. De um lado, o presidente Erick Musso, reeleito para um terceiro mandato, do outro o próprio governador, ambos de olho no que poderá ser novembro de 2022, quando poderão estar juntos ou em trincheiras opostas. Tudo irá depender dos projetos pessoais de cada um, certamente ainda não de todo revelados.

Enquanto o ano eleitoral de 2022 ainda se encontra distante, a “união sem descompasso”, nas palavras de Erick Musso, segue cortando aqui e acolá, distribuindo os 391 cargos sob seu controle direto e outros tantos sobre os quais exerce influência, para agrado de colegas ávidos por manter seus cabos eleitorais e apaniguados. Tudo dentro de uma harmoniosa convivência para o bem do Espírito Santo, conforme discursos feitos na medida certa para camuflar a ausência do necessário e imprescindível debate sobre projetos em tramitação na Casa.

A própria reeleição é um exemplo do que ocorre na Assembleia Legislativa, um “puxadinho” do Palácio Anchieta, como afirma atento o observador da cena política, que complementa a frase com um “Casagrande passou de carroçada”, ao comentar sobre a controversa reeleição, que deu ao governo controle quase total sobre o Legislativo, contestada publicamente apenas por dois dos 30 parlamentares, Iriny Lopes (PT) e Sergio Majeski, o patinho feio do partido de Casagrande, o dito socialista PSB.

“União” à parte, o governo buscou ampliar a vitória com a criação de um bloco parlamentar, formado pelos partidos Republicanos, MDB, Podemos, PDT, PSDB, PMN, PSB, Patriota, PSL, Pros, PP, DEM, Solidariedade, PV, Avante, PL e PTB, liderado pelo deputado Dary Pagung (PSB), 3x-líder do governo. Como se não bastasse, o presidente eleito deverá suspender medida adotada em 2019 por meio das quais ele tem plenos poderes de decisão, sem precisar passar pela Mesa Diretora.

Na próxima segunda-feira (8), o parlamento retorna à normalidade, com a maioria dos cenários já delineados, as comissões formadas, por meio de articulações no fim de semana, quando “os fios desencapados” receberam a devida cobertura a fim de evitar faíscas, que poderiam provocar curtos circuitos. E assim, o parlamento – ou “puxadinho” -, dependendo do ponto de vista, segue em frente, movendo-se em uma articulação de maior envergadura, visando evitar uma contestação judicial da reeleição do atual presidente, a partir de pedidos de abertura de processos já formulados.

Caso a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-ES) ou o Juízo da Vara da Fazenda Pública Estadual de Vitória se manifestem favoravelmente à abertura de processos investigativos, como ocorreu em 2019, quando Erick Musso tentou antecipar a reeleição, de forma irregular, e foi obrigado a voltar atrás, as coisas poderão tomar outro rumo. No entanto, como diz o ditado popular, pelo andar da carruagem tudo dá a entender que nada irá mudar.

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