Enquanto o ano eleitoral de 2022 ainda se encontra distante, a Assembleia vai funcionando em harmonia com o governo
“Tem muito fio desencapado e nós estamos com uma caixa de fita isolante”. Apesar do tom de zombaria, a fala do presidente reeleito da Assembleia Legislativa, Erick Musso (Republicanos), dita nessa terça-feira (2) na sessão de instalação do ano legislativo, traduz o cenário entre os deputados estaduais, em articulação para garantir lugar nas comissões mais importantes da Casa. Uns ganham, outros ficam sem, como Danilo Bahiense, que perdeu a comissão de Segurança Pública para o suplente recém-chegado à vaga, Luiz Durão (PDT), conforme circula nos bastidores.
Com a Mesa Diretora formada, no contexto da primeira parte do alinhamento com o governador Renato Casagrande (PSB), a hora agora é
Enquanto o ano eleitoral de 2022 ainda se encontra distante, a “união sem descompasso”, nas palavras de Erick Musso, segue cortando aqui e acolá, distribuindo os 391 cargos sob seu controle direto e outros tantos sobre os quais exerce influência, para agrado de colegas ávidos por manter seus cabos eleitorais e apaniguados. Tudo dentro de uma harmoniosa convivência para o bem do Espírito Santo, conforme discursos feitos na medida certa para camuflar a ausência do necessário e imprescindível debate sobre projetos em tramitação na Casa.
A própria reeleição é um exemplo do que ocorre na Assembleia Legislativa, um “puxadinho” do Palácio Anchieta, como afirma atento o observador da cena política, que complementa a frase com um “Casagrande passou de carroçada”, ao comentar sobre a controversa reeleição, que deu ao governo controle quase total sobre o Legislativo, contestada publicamente apenas por dois dos 30 parlamentares, Iriny Lopes (PT) e Sergio Majeski, o patinho feio do partido de Casagrande, o dito socialista PSB.
“União” à parte, o governo buscou ampliar a vitória com a criação de um bloco parlamentar, formado pelos partidos Republicanos, MDB, Podemos, PDT, PSDB, PMN, PSB, Patriota, PSL, Pros, PP, DEM, Solidariedade, PV, Avante, PL e PTB, liderado pelo deputado Dary Pagung (PSB), 3x-líder do governo. Como se não bastasse, o presidente eleito deverá suspender medida adotada em 2019 por meio das quais ele tem plenos poderes de decisão, sem precisar passar pela Mesa Diretora.
Na próxima segunda-feira (8), o parlamento retorna à normalidade, com a maioria dos cenários já delineados, as comissões formadas, por meio de articulações no fim de semana, quando “os fios desencapados” receberam a devida cobertura a fim de evitar faíscas, que poderiam provocar curtos circuitos. E assim, o parlamento – ou “puxadinho” -, dependendo do ponto de vista, segue em frente, movendo-se em uma articulação de maior envergadura, visando evitar uma contestação judicial da reeleição do atual presidente, a partir de pedidos de abertura de processos já formulados.
Caso a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-ES) ou o Juízo da Vara da Fazenda Pública Estadual de Vitória se manifestem favoravelmente à abertura de processos investigativos, como ocorreu em 2019, quando Erick Musso tentou antecipar a reeleição, de forma irregular, e foi obrigado a voltar atrás, as coisas poderão tomar outro rumo. No entanto, como diz o ditado popular, pelo andar da carruagem tudo dá a entender que nada irá mudar.