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Seminário online discute cultura e antirracismo

Martinho da Vila é um dos participantes do “Quero, Quero Culturas Negras”, que terá debates, palestras e performances

Música e negritude são temas centrais do Seminário “Quero, Quero Culturas Negras”, que acontece de 24 a 26 de fevereiro em formato online no YouTube do cantor e percussionista Tunico da Vila, um dos idealizadores do projeto. Durante os três dias, artistas e pensadores negros participarão de palestras, rodas de conversa e apresentações relacionadas com o tema.

Entre os convidados está o sambista Martinho da Vila, que é embaixador cultural de Angola no Brasil e compôs em 1977 Quero, Quero, música que inspira o título do evento, regravada recentemente em nova versão por seu filho Tunico.

Além deles, participam do seminário a professora da Universidade Federal do Estado (Ufes), Patrícia Rufino, a psicóloga Cláudia Sales, os pesquisadores culturais Rômulo Corrêa e Déborah Sathler, a rapper capixaba Afari e a matriarca do congo Celeuza Sales.

Tunico da Vila explica que a proposta do evento é promover o intercâmbio de ideias sobre culturas negras e antirracismo. “Como diz a lenda do pássaro quero, quero, que aprendeu a querer duas vezes para si e para os outros, e possui similaridade com a filosofia africana bantu e o conceito de ubuntu, uma pessoa é uma pessoa por meio de outras pessoas, isso inclui solidariedade, cooperação, respeito, acolhimento, generosidade em sintonia para o bem coletivo”, diz sobre o conceito do evento que acontece em formato online por conta da pandemia do coronavírus, contando com recursos da Lei Aldir Blanc.

Cláudia Sales define o racismo como uma violência que adoece, gera sofrimento e mata todos os dias a população negra no Brasil. “O racismo coloca um alvo em nossas costas. O meu papel como profissional de saúde mental é mais do que conscientizar, é acolher, respeitar e demonstrar afeto a todos que se identificarem com essa luta”, diz a psicóloga.

A abertura do evento na quarta-feira (24), às 20h, terá a performance percussiva Herança do Samba, apresentada ao vivo por Tunico da Vila aliando percussão com atabaque e a contação de histórias ancestrais sobre a origem africana do samba e de seus principais subgêneros e de ritmos de Angola como massemba e semba, que fazem parte da origem do samba brasileiro.

Em seguida, será a vez do debate “Arte e cultura como políticas públicas de saúde mental para a população negra”, no qual participam Patrícia Rufino, que é professora, doutora em Educação e coordenadora do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da Ufes (Neab), e Cláudia Sales, a psicóloga especializada em população negra.

Na quinta-feira (25) à noite, também às 20h, o debate começa com a roda de conversa “História oral e culturas negras: questões de gênero, cultura e saúde”. A escritora e mestra em Humanidade Déborah Sathler, autora do livro 30 anos da gravação Madalena do Jucu: perspectivas históricas e novos alcances, dialoga com a técnica de enfermagem Celeuza Sales, rainha da banda de congo Amores da Lua, alertando entre outros pontos para o impacto da pandemia nas comunidades negras e a importância do autocuidado e da disseminação de informações corretas.

Em seguida, o debate terá o tema “Zacimba, Madalena e Domingas: aspectos históricos da cultura negra feminina no Espírito Santo”, com participação do pesquisador de memória e cultura negra capixaba Rômulo Corrêa e artista e ativista Afari. Eles apresentam a pessoa de Dona Domingas, mulher negra e periférica capixaba que trabalhava como catadora, e foi homenageada com uma estátua colocada em frente à escadaria do Palácio Anchieta, símbolo do poder no Espírito Santo, um feito tão incomum como desapercebido num Estado de pouca memória. Também falarão das novas leituras culturais sobre personagens como a princesa africana Zacimba Gaba, que liderou e libertação de negros que chegavam escravizados ao norte do Espírito Santo, e de Madalena, presente no congo capixaba em suas diversas localidades.

No último dia, sexta-feira (26), a programação começa às 19h, e terá três atrações. O início das atividades será com o pesquisador, escritor e artista Martinho da Vila, que realiza a palestra “A música dançante das Américas é negra”, na qual faz uma abordagem da relevância da difusão dos saberes e fazeres das culturas negras na contemporaneidade.

Antonio João e Pedro Caninne Fereira, o Tunico da Vila, fala em seguida com o tema “Angoleiro: encontro das culturas negras”, falando do antirracismo, de suas vivência musicais no Brasil e na África, e de sua experiência de trabalho junto ao cineasta estadunidense Spike Lee.

O encerramento do seminário contará com a performance artística “Kalumbas – Rap trançado”, apresentada ao vivo por Afari, na qual conta histórias sobre mulheres negras capixabas cantando e falando dos aspectos simbólicos do cabelo e da música negra enquanto trança os cabelos de uma menina.

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