A suspensão foi decidida após conseguirem marcar reunião com o deputado Marcos Garcia (PV)
A manifestação que seria realizada pelos motoristas de aplicativo na tarde desta sexta-feira (24), em São Mateus, norte do estado, foi cancelada após os trabalhadores conseguirem uma reunião com o deputado estadual Márcio Garcia (PV), na próxima segunda-feira (1). Uma das lideranças do movimento, Arthur Benaya, informa que o parlamentar se comprometeu a fazer uma ponte entre os manifestantes e o governador Renato Casagrande (PSB), com quem querem se reunir para reivindicar que o governo do Estado zere o ICMS, pois acreditam que, assim, o preço dos combustíveis reduzirá.
Arthur relata que a reunião foi conseguida por intermédio do prefeito de Linhares, Guerino Zanon (MDB), e da Polícia Rodoviária Federal (PRF), como condição para que as manifestações cessassem. “Não vamos fazer a manifestação hoje a tarde em São Mateus nem a que estava prevista para a próxima segunda em Linhares, mas se não formos recebidos pelo governador, voltaremos a fazer manifestação, e dessa vez serão maiores”, diz.
Nesta manhã, eles fecharam a ponte Joaquim Calmon, em Linhares, também no norte. Arthur afirma que os motoristas, por causa do valor elevado do combustível, estão pagando para trabalhar. “A corrida mínima do 99 [aplicativo 99 Pop], por exemplo, é R$ 5,50. Quando a gente faz uma corrida dessa a gente ganha o suficiente para colocar um litro de gasolina e fica sem nada”, diz. A ponte ficou fechada das 4h às 6h. Posteriormente, os manifestantes fizeram o que eles chamam de operação pare siga, ou seja, o tráfego era liberado por 20 minutos e depois fechado por mais 20 até às 9h.
O Sindicato dos Petroleiros do Espírito Santo (Sindipetro) afirma que zerar o ICMS ajuda, mas não é esse o fator principal. O diretor da entidade, Valnísio Hoffmann, afirma que ela apoia o movimento pelo preço justo, mas destaca que o ICMS não é o responsável exclusivo pela elevação dos preços, pois em 2016 o imposto era no valor atual e a gasolina custava R$ 2,69. O fator principal, diz Hoffmann, é a política de preços atrelada ao dólar, fazendo com que o produto seja vendido preço que as importadoras exigem.
“Na hipótese de zerar o ICMS, e se as empresas exigirem o aumento do combustível para R$ 10,00, o consumidor terá que pagar R$ 8,10. Continua caro”, exemplifica. Os motoristas de aplicativo e o Sindipetro estão promovendo ações conjuntas pelo preço justo do combustível. Está prevista para a próxima segunda-feira (1), uma carreata em São Mateus, com concentração a partir das 9h, na Base 61, que é o prédio da Petrobras.
A manifestação que os motoristas fizeram nesta quarta-feira contra o preço dos combustíveis não foi a primeira. Na sexta-feira (19), eles fecharam a BR 101, em frente à Petrobras, em São Mateus. No sábado (20), retornaram à cidade, onde fecharam a ponte que dá acesso ao bairro Litorâneo. Também fecharam a ponte Joaquim Calmon, em Linhares.