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Sociedade civil discute usos e preservação dos galpões do IBC

Tombamento do imóvel em área de 33 mil metros em Jardim da Penha evitou leilão para a iniciativa privada 

“Você já parou para refletir sobre a história dos Galpões do IBC? E sobre as diversas possibilidades de novos usos coletivos para eles?”. Essas são as perguntas disparadoras do evento Café com IBC, criado por uma articulação de entidades e movimentos sociais. A primeira edição vai acontecer na próxima quarta-feira (3), às 19h, de forma virtual, em endereço que será divulgado na página do projeto no Instagram.

Entidades da sociedade civil se uniram para iniciar debates sobre os possíveis usos de um imóvel que tem provocado polêmica desde o ano passado: os galpões do Instituto Brasileiro do Café (IBC), localizado num terreno de 33 mil metros quadrados em Jardim da Penha, Vitória, que o governo federal pretendia leiloar para a iniciativa privada. A decisão, sem nenhum debate prévio com a sociedade, desagradou muitas pessoas, mas o processo de venda só acabou suspenso após o Conselho Estadual de Cultura (CEC) aprovar o tombamento provisório do imóvel como patrimônio histórico, em novembro de 2020, o que impediu a demolição da atual estrutura e freou os interesses imobiliários.

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Com o aparente recuo da Superintendência de Patrimônio da União (SPU), autarquia responsável pela gestão dos imóveis federais, a sociedade civil capixaba volta a se articular para discutir os possíveis usos do local, de forma a atender aos anseios da população e todos potenciais usuários do espaço, localizado num bairro valorizado da capital capixaba.

Os convidados para o debate no dia três, que terá como tema A preservação dos Galpões do IBC e da história capixaba, são Daniela Bissoli, doutora em Urbanismo e conselheira na Câmara de Patrimônio Arquitetônico, Bens Móveis e Acervos do Conselho Estadual de Cultura; Viviane Pimentel, doutora em Patrimônio Cultural e professora da Faesa; e Fernando Achiamé, historiador e membro da Academia Espírito-Santense de Letras (AEL). A mediação será de Otávio de Castro, conselheiro do Instituto dos Arquitetos do Brasil no Espírito Santo (IAB-ES).

Uma segunda live acontecerá no dia 10 de março. “Nesta outra atividade serão abordadas as possibilidades que a economia criativa pode oferecer para ocupar aquele espaço. Seria importante abrir caminho para isso, com possibilidades muito diversas de uso. Se o poder público apoiar, a iniciativa privada também vai entrar de diversas formas”, aponta Otávio de Castro.

A história do IBC se relaciona com a história econômica do Espírito Santo e com a construção de Jardim da Penha. A construção dos galpões terminaram em 1962, anos antes da construção das 106 primeiras casas que iniciaram a ocupação residencial do bairro. O que não se esperava é que o início de operação do espaços de armazenamento fosse coincidir com a crise do até então principal produto da economia capixaba, o café.

O declínio do preço e a política de erradicação dos cafezais levaram o espaço a ser utilizado para armazenamento de grãos pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que funcionava ali até o ano passado, embora se alegasse que havia bastante espaço ocioso.

Desde a década de 1980, o movimento comunitário de Jardim da Penha já defendia que o espaço tivesse seu uso voltado para atividades culturais, esportivas, recreativas e outros usos públicos e sociais.

Porém, os galpões do IBC e seu terreno foram incluídos dentro de um projeto nacional de venda de patrimônios públicos lançado pelo governo de Jair Bolsonaro, junto a outros imóveis no Espírito Santo e em todo Brasil. No Estado, era o imóvel mais valioso, com lance mínimo previsto para R$ 35 milhões. Mas o edital para o leilão, previsto para o segundo semestre de 2020, acabou atrasando e, por fim, não saiu.

“No ano passado houve a tentativa da União de realizar a venda dos imóveis para a iniciativa privada sem qualquer discussão com a sociedade. Pretendia-se o total apagamento da história dos galpões e também a apropriação privada desse espaço que tem um grande potencial para ser aproveitado em benefício da coletividade”, argumenta a nota do projeto Café com IBC, que inclui entidade como o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-ES) e o BR Cidades. “Vamos lutar pela preservação do nosso patrimônio público e para a sua reversão em favor da coletividade”, defendem.

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