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‘Escolas não são ilhas, controle da pandemia começa na comunidade’, alerta Ethel

Entre as recomendações de controle interno, estão máscaras PF2 para trabalhadores e isolamento de infectados

“A escola não é uma ilha, nós estamos interligados, e o que a gente precisa garantir das autoridades é o controle da pandemia para fora do ambiente escolar”. O alerta foi feito pela epidemiologista Ethel Maciel, ao responder à pergunta do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe-Ifes), se há segurança para que as escolas voltem às atividades presenciais.

Professora do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e coordenadora, pela Ufes, do Núcleo Interinstitucional de Estudos Epidemiológicos (NIEE), que assessora tecnicamente o governo do Estado nas tomadas de decisões sobre a gestão da pandemia de Covid-19, Ethel ressaltou a interdependência entre o que acontece dentro e fora dos portões das escolas.


“Nós precisamos compreender que a escola é uma extensão da comunidade onde ela está inserida. Se a pandemia está descontrolada na comunidade, ela não passa a ser controlada da porta da escola pra dentro”, salientou.

Sobre o retrato atual da pandemia, Ethel enfatizou a gravidade desta segunda onda brasileira e mundial, com muitos casos ativos, muitas pessoas internadas e muitas mortes. No Espírito Santo, informou, são mais de vinte óbitos por dia há algumas semanas, chegando a mais de 30 em alguns momentos. “Não há que se falar em controle com esses números alarmantes de mortes”, avaliou.

É preciso reduzir as taxas de contaminação, de ocupação de leitos hospitalares e de óbitos, sublinhou. “O que a gente precisa é a garantia, pelas nossas autoridades, que o controle da doença vai ser feito nas comunidades para fora da escola, na nossa sociedade”, pediu, destacando a redução da lotação no transporte coletivo e testagem da população em larga escala.
“Quais as medidas foram colocadas para diminuição de lotação no transporte coletivo? Nós precisamos cobrar isso. Não adianta ter protocolos dentro da escola, as contaminações vão chegar se nenhum outro controle for feito. Quais as medidas pra diminuir a lotação nos transportes coletivos?”, reivindicou. “Todos os casos na comunidade estão diagnosticados? Os seus contatos estão sendo rastreados? Estamos fazendo exame nos contatos? São essas questões que a gente precisa cobrar”, explanou.
Do portão da escola para dentro, as medidas que precisam ser garantidas começam com a entrega de equipamentos de proteção individual aos trabalhadores. “Nesse momento que a gente já sabe das novas variantes, é muito importante o uso de máscaras mais filtrantes”, acentuou a epidemiologista, indicando o uso da “peça facial filtrante (PF2)”ou N95 – dois nomes para a mesma máscara, que oferece maior proteção que as de tecido. “Os trabalhadores vão receber essas máscaras?”, perguntou.
Outro ponto de controle interno é a garantia da devida substituição dos profissionais que adoecerem. “A Secretaria de Educação, a escola, a universidade, a faculdade… vão prover equipamentos de proteção individual para os seus trabalhadores? Como vão ser os protocolos de isolamento e como vão fazer as substituições? O que vai acontecer no caso de um professor adoecer? Vai haver contratação de pessoas?”, perguntou.
Por fim, como vem sendo dito há meses, conforme as recomendações da Organização Mundial da Saúde e da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz), é preciso garantia do monitoramento de trabalhadores e estudantes, testagem dos suspeitos e dos contatos diretos dos infectados, bem como isolamento dos doentes. “Como nós vamos saber e poder monitorar os professores de forma transparente e os estudantes que estarão se infectando porque estarão na escola, por conta desse ambiente? É importante que a gente tenha ferramentas para fazer esse acompanhamento de forma muito transparente”.
Finalmente, outro pleito também reivindicado há meses, e que chegou a ser classificado de “desonestidade intelectual” por parte do secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, a vacinação dos trabalhadores das escolas. “O ideal nesse momento, que nós já estamos com as vacinas chegando, seria imunizar os trabalhadores da Educação”, disse Ethel.
Considerando, no entanto, a ineficiência do governo federal para prover a vacinação da população na velocidade necessária, um caminho para conduzir, simultaneamente, a priorização dos educadores no Plano Nacional de Imunização (PNI) e o retorno ao trabalho presencial nas escolas, seria a distribuição das máscaras PF2 ou N95. “Isso seria fundamental enquanto a gente espera as vacinas para esse grupo, a priorização da escola e dos trabalhadores da Educação junto com os idosos”, recomendou.
“A escola não é uma ilha, a escola não está isolada”, voltou a enfatizar a epidemiologista. “Os protocolos que acontecem na escola não dão conta de todas as coisas que permeiam antes da chegada desse estudante na escola, a forma como as famílias entendem as medidas de prevenção, se utilizam máscaras em outros ambientes, tudo isso vem para dentro da escola”, ponderou.

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