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‘Educação é um direito básico que está nos sendo negado’

Estudantes da escola Hilda Miranda, na Serra, questionam retirada de Química e Física da grande curricular

Estudantes do terceiro ano da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Hilda Miranda, em Porto Canoa, na Serra, coletam assinaturas em um abaixo-assinado a ser entregue para a Secretaria Estadual de Educação (Sedu), no qual reivindicam a reinserção das disciplinas de Física e Química na grade curricular. A retirada das matérias, de acordo com eles, impõe prejuízos ao conteúdo necessário para um bom desempenho no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

“O Enem é essencial para ingressar no ensino superior. Com a retirada desse conteúdo, percebe-se que educação é um direito básico que está nos sendo negado”, diz uma das alunas, Jéssica Ferreira.

A jovem cursa o terceiro ano do curso técnico de Manutenção de Suporte em Informática, junto com Renan Portela, que repete as críticas à retirada das disciplinas. Também foram excluídas Sociologia e Filosofia, mas os estudantes acreditam que o mais prejudicial para o Enem é a não oferta de Física e Química.

Renan conta que sua turma ingressou no primeiro ano do ensino médio regular. A Sedu, porém, os integrou ao ensino técnico a partir do segundo ano. Ele relata que as possibilidades de curso técnico apresentadas foram somente Logística e Manutenção de Suporte em Informática, sendo garantido pela Sedu que, por não terem iniciado o ensino médio integrado ao técnico, não teria retirada de disciplinas. “Mas agora estão priorizando o técnico e esquecendo o que precisa para fazer o Enem”, reclama.

Ao procurarem professores e diretores da escola para tratar do assunto, os estudantes relatam que foram informados de que a retirada das disciplinas faz parte da reforma do Ensino Médio, aprovada em 2017.

“O Hilda Miranda sempre foi uma escola que gostamos muito. A estrutura é boa, os professores e demais profissionais são acolhedores. Antes do projeto técnico era uma escola excelente”, ressalta Jéssica.

Renan recorda que os estudantes não tiveram opção diante da entrada do curso técnico, pois o ensino médio regular estava sendo oferecido no Hilda Miranda no turno matutino, no qual muitos alunos não poderiam estudar devido ao horário do estágio.

Outra queixa dos alunos é de que, ao ingressar no segundo ano, tiveram que fazer dois anos de curso técnico em um, já que no primeiro o conteúdo foi do ensino médio regular.

‘Reivindicação é legítima’
O professor e integrante do coletivo Resistência & Luta Educação, Swami Bérgamo, considera legítima a reivindicação dos estudantes. “O governo do Estado precisa rever isso”, afirma.

Ele destaca que na Portaria 150-R, que trata das organizações curriculares em 2021, é estabelecido, no artigo 28, § 4, que nas unidades escolares que ofertam as 2ª e 3ª séries dos cursos técnicos integrados ao ensino médio, será mantida a organização curricular vigente.

“Estão implementando um novo currículo para quem já estava com um currículo em andamento. O certo seria implementar o novo currículo para quem fosse entrar no primeiro ano. Não foi dada opção para os alunos. Ou eles aceitavam as condições, ou sairiam da escola”, diz Swami.

O professor acredita que essa atitude é mais um atentado à gestão democrática nos estabelecimentos de ensino, assim como o retorno das aulas no sistema híbrido e a inserção de novas matérias sem formação para os docentes que as irão lecionar.

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