Medição de temperatura: apenas 26% das crianças e adolescentes infectadas apresentam febre
Findado nesta segunda-feira (1) o prazo estabelecido pelo governo do Estado para que as redes municipais de ensino retomem as aulas em formato híbrido ou presencial, o que se pôde ver é que grande parte atendeu ao comando do secretário Vitor de Angelo, havendo, no entanto, prefeituras que mantiveram o ensino exclusivamente remoto, podendo também haver as que ainda não iniciaram o calendário letivo de 2021.
A União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação no Espírito Santo (Undime/ES) prepara uma pesquisa sucinta sobre a questão para esta semana, de forma a atualizar o que foi apurado na pesquisa realizada em janeiro em parceria com a Associação dos Municípios dos Espírito Santo (Amunes). “No decorrer da semana devemos ter atualizações sobre isso”, informou o presidente da Undime/ES, Vilmar Lugão.
Em janeiro, a Amunes e a Undime apuraram que apenas três redes municipais de ensino pretendiam retornar às aulas de forma presencial em 2021; 20 municípios (27%) manteriam o ensino remoto; 34 municípios (45%) adotariam o ensino híbrido; outros 19 (25%) não haviam definido; e três não haviam respondido ao questionário.
Calendários na Grande Vitória
Na Capital, o retorno presencial neste primeiro de março foi para os estudantes do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental e da Educação de Jovens e Adultos (EJA). No dia 15 retornam as turmas do 1º ao 5º ano do ensino fundamental e, no dia 29, a Educação Infantil dos grupos 5 e 6.
Apenas 26% têm febre
A imagem das crianças tendo a temperatura auferida em um termômetro na entrada da escola, também veiculada no Espírito Santo, com ênfase pela Prefeitura de Vitória, apesar de tentar passar uma imagem de segurança para as comunidades escolares, merece uma ressalva, destaca a doutora em Epidemiologia Ethel Maciel, professora do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e coordenadora, pela Ufes, do Núcleo Interinstitucional de Estudos Epidemiológicos (NIEE), que assessora tecnicamente o governo do Estado nas tomadas de decisões sobre a gestão da pandemia de Covid-19.
“Esse protocolo, com termômetro de testa, vai rastrear um pouco de pessoas doentes, mas a gente sempre tem que ter em mente que não é um protocolo definitivo, porque há muitos assintomáticos e muitos que, mesmo tendo sintomas, não terão a febre como um deles. São crianças e adolescentes que vão estar com Covid, podem transmitir o vírus, mas não terão a febre como sintoma”, disse.
O alerta tem como base um estudo feito em conjunto com o Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN) e divulgado em agosto de 2020. Nele, os pesquisadores analisaram dados dos inquéritos sorológicos relacionados à população de 2 a 22 anos e do Painel Covid-19, na faixa etária de 0 a 19 anos.
Os dados mostraram ausência de sintomas em 35% das pessoas de 2 a 22 anos entrevistadas e a tosse como o sintoma mais comum (40%), seguido de febre, presente em apenas 26% dos entrevistados.
Máscaras mais filtrantes para professores
Diante dos dados, Ethel salienta que a medição da temperatura deve ser complementada por outras medidas, para dar mais segurança a estudantes, famílias e trabalhadores. A distribuição de máscaras mais filtrantes (N95 ou PF2) aos professores é a primeira garantia que deveria estar sendo providenciada.
O monitoramento dos profissionais e dos estudantes, com testagens periódicas e maciças, e a garantia da substituição dos profissionais que adoecerem, também deveriam receber atenção dos gestores. “Isso seria fundamental enquanto a gente espera as vacinas para esse grupo, a priorização da escola e dos trabalhadores da Educação junto com os idosos”, recomendou, na última sexta-feira (26), ressaltando que “a escola não é uma ilha”, ou seja, reflete o que acontece na comunidade a qual ela pertence. “O que a gente precisa é a garantia, pelas nossas autoridades, que o controle da doença vai ser feito nas comunidades para fora da escola, na nossa sociedade”, pediu, destacando a redução da lotação no transporte coletivo e testagem da população em larga escala.
Vacinação prioritária para trabalhadores da Educação
A vacinação prioritária dos trabalhadores da Educação foi enfatizada durante a audiência pública realizada nesta segunda-feira (1º) pela Comissão de Educação da Assembleia Legislativa (Ales).
Na audiência pública da Assembleia, a diretora do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Espírito Santo (Sindiupes), Noêmia Simonassi, cobrou a aprovação de um projeto de lei que inclui a categoria como prioridade na vacinação e disse que, mesmo tendo vacinado somente 2,9% da população capixaba, o Estado determinou o retorno das aulas presenciais em março. “Isso significa a previsão de mais contaminação, mais internações, e mais mortes. Nossos profissionais da educação estão colocando a vida em risco em atendimento à ordem do governo do Estado”, alertou.
Presente na audiência, a assessora de relações institucionais da Secretaria de Estado da Educação (Sedu), Aline Nunes, afirmou que os profissionais da educação estão inseridos como prioridade no plano de vacinação, mas que houve entendimento na Justiça de que “não poderíamos associar vacinação com retorno presencial das aulas, seguindo os protocolos rígidos sanitários”.