Ato em São Mateus marcou o começo da paralisação dos trabalhadores por direitos e contra o desmonte da Petrobras
Foi na Base 61, em São Mateus, que os trabalhadores petroleiros do Espírito Santo deram início a uma greve nesta sexta-feira (5), reivindicando “a defesa da vida, dos empregos e dos direitos da categoria”, diante do momento de crise política, econômica e sanitária no país e os constantes ataques à Petrobras.
“Não podemos admitir que milhares de trabalhadores tenham suas vidas viradas de ponta-cabeça, sem que a direção da Petrobras aceite sequer negociar alternativas propostas pela categoria”, reivindica a carta assinada pelo Sindicato dos Petroleiros do Espírito Santo (Sindipetro-ES).
A situação de ataque a direitos que vem ocorrendo nos últimos anos tem se agravado ainda mais com a situação de pandemia do coronavírus. O sindicato relata que a cada semana há novos contágios entre os petroleiros por conta da negligência da atual gestão da empresa, comandada nacionalmente por Castello Branco.
“Muitos gerentes ainda insistem em desrespeitar normas de segurança e protocolos estabelecidos por órgãos de saúde. É a política da negação, a mesma tática criminosa do governo Bolsonaro”, relatam. Nesse sentido, apontam falta de testagem, realização de cursos presenciais, diagnóstico equivocado feito por médicos e serviços não essenciais funcionando normalmente nas unidades.
Além dos efeitos negativos da pandemia, a categoria protesta pelo aumento dos riscos de acidentes de trabalho devido à redução do efetivo por meio de planos de demissão sem reposição de vagas, o que resulta em trabalhadores acumulando funções ou dobrando as jornadas. O Sindipetro-ES classifica a situação como “desesperadora” e aponta que as refinarias e terminais estão se transformando em “bombas-relógio”, podendo ser local de grandes tragédias.
Os trabalhadores reclamam ainda que a atual gestão da empresa pública vem desrespeitando sistematicamente o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), descontando de forma indevida o banco de horas dos trabalhadores, impedindo a compensação de horas, não negociando com um grupo de trabalho dos sindicatos, entre outros.
“Diante de tudo isso, não nos restou outra alternativa a não ser a greve, aprovada em assembleia pela categoria. Lutamos contra todos esses ataques e em defesa dos direitos dos trabalhadores”, ressalta a nota dos petroleiros.
Segundo o Sindipetro-ES, todo processo que vem acontecendo faz parte de um mesmo projeto, focado na desintegração e desmonte do Sistema Petrobras para que a empresa atenda apenas aos interesses privados, do mercado e de acionistas.
A primeira ação foi feita na Base 61, no norte do Estado, por se tratar de uma unidade com risco de ser fechada. O sindicato foi chamado para uma reunião com a Petrobras para negociar o efetivo mínimo a ser mantido durante a greve para garantir a segurança das unidades. De acordo com a entidade sindical, as ações da greve devem se intensificar nos próximos dias.