Mulheres também reivindicam vacinação para todos, “Fora, Bolsonaro! Fora, Mourão!”, e manutenção do Auxílio Emergencial
Cerca de 40 cruzes foram fincadas nos arredores da Segunda Ponte, próximo à Estação Pedro Nolasco, em Jardim América, Cariacica. A ação abre a programação desta segunda-feira, oito de março, referente ao Dia Internacional da Mulher, e busca fazer memória às mulheres assassinadas no Espírito Santo e as que morreram de Covid-19, além de denunciar as “cruzes que carregam em seu cotidiano”. Também são reivindicadas a vacinação imediata para todos, o “Fora, Bolsonaro! Fora, Mourão!”, e manutenção do Auxílio Emergencial.
As mulheres estão entre o público mais afetado pela pandemia, afirma a integrante do recém- criado Fórum de Mulheres de Cariacica, Penha Lopes. Ela destaca que, em uma sociedade na qual a divisão sexual do trabalho impõe às mulheres a tarefa de cuidar da família, o zelo que precisam ter com os doentes em meio à crise sanitária as sobrecarrega ainda mais, assim como o trabalho home office. Para aquelas que não têm a possibilidade do trabalho remoto, Penha salienta que resta o risco de ter que se submeter a aglomerações nos terminais de ônibus.
A integrante do Fórum recorda, ainda, que muitas mulheres são provedoras de suas famílias, sendo assim, a pandemia as precariza e aumenta suas condições de pobreza, ao impor a elas o desemprego, e, consequentemente, o trabalho informal como alternativa para subsistência. Essa realidade motiva também a defesa da manutenção do Auxílio Emergencial, também reivindicado na ação desta segunda.
Penha salienta a necessidade de os homens se comprometerem na luta contra o machismo. “Gostamos de receber flores, gostamos de receber parabéns, mas queremos o compromisso dos homens com a luta das mulheres pelo fim da violência e todas as formas de opressão”, defende.
No Espírito Santo, comparando os dados da Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp) nos anos de 2019 e 2020, a violência contra as mulheres teve um aumento tanto no que tange às mortes violentas como em relação aos registros de Ocorrências da Lei Maria da Penha, denunciam as mulheres. Em 2019, foram registradas 91 mortes violentas no Estado. Já em 2020, até 31 de dezembro, 102 mortes. Trata-se de um aumento real de 12% de assassinatos de mulheres.
Dessas 102 mulheres mortas violentamente, 34,31% eram pardas, 9,8% brancas, 6,96% pretas e 49% não informaram. Dentre os meios utilizados para assassiná-las, verificaram-se 56 crimes por arma de fogo, 31 por arma branca, oito não informados e sete por outros meios. “O governo do Espírito Santo não efetivou nenhuma política real de enfrentamento às violências contra as meninas e mulheres nesses tempos, o que tem causado um impacto maior na situação de vulnerabilidade e no aumento dos índices de violências dessa população no Estado, diz o manifesto divulgado para as ações do Dia Internacional da Mulher.