Anúncio foi feito pela deputada Soraya Manato, após interlocução com o governo federal
A Grande Vitória terá mais escolas no modelo cívico-militar este ano. O anúncio foi feito nesta terça-feira (9) pela deputada federal Soraya Manato (PSL), em suas redes sociais, após interlocução com o governo federal. As novas unidades serão em Vila Velha, Vitória, Serra e Cariacica, por meio do Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares, gerido pelos ministérios da Educação e da Defesa.
O município administrado por Euclério Sampaio (DEM) já havia feito o anúncio oficial, em 18 de fevereiro, quando assinou a ordem de serviço para as obras no local onde será implementada a escola, no bairro Itanguá, em Cariacica. Viana inaugurou uma unidade com essa proposta ainda em 2020.
Apesar da expansão no Espírito Santo, o modelo não é unanimidade entre os profissionais da área. O coletivo de professores Educação pela Base acredita que as escolas cívico-militares são apontadas como solução por defenderem a disciplina, mas que a disciplina, em meio à educação, “não é um fim em si mesma”.
“Há outros fatores que contribuem para o processo educacional, não somente a disciplina. Tem que levar em consideração a formação de profissionais da educação, a valorização desses trabalhadores, o investimento em infraestrutura”, diz o integrante do coletivo, Antônio Barbosa.
Para ele, o modelo das novas escolas anunciadas pela deputada fere o que foi construído ao longo do tempo pela sociedade brasileira, como a gestão democrática. “Educação não é empresa, não é destacamento militar, não é ONG [Organização Não Governamental]. Tem sua maneira própria de gestão, tem que prezar pela livre manifestação de pensamento. O modelo militar, em sua essência, não permite o questionamento”, afirma
Antônio acredita que a expansão das escolas cívico-militares é um retrocesso. “Por mais que sejam cívico-militares, ou seja, que tenham os civis como professores e os militares como gestores, abrem caminhos para que outros postos sejam ocupados por militares. A educação tem que ser feita por profissionais da educação, não por militares, que não têm perfil para isso, nem formação”, defende.
Antônio destaca, ainda, o fato de as escolas cívico-militares não tratarem a “raiz do problema” com os alunos.
“Se o aluno é indisciplinado, e na escola não cabe a indisciplina, então ele precisa ser excluído. Temos que lembrar que as escolas cívico-militares normalmente são instaladas em áreas de vulnerabilidade social e que isso pode ter consequência no comportamento dos alunos. Esses colégios também não tratam da questão da diversidade, então, temas como bullying e racismo não serão debatidos”, prevê.
Escolas cívico-militares na Grande Vitória preocupam profissionais da educação
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