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​Deputados bolsonaristas rejeitam quarentena e falam até em ‘teoria da conspiração’

Pastor Marcos Mansur, sem qualquer comprovação, disse que o vírus foi criado pela China

Discursos inflamados, elogios e críticas ao governador Renato Casagrande (PSB), transmissão ao vivo da fala de uma mulher desesperada por falta de condições de trabalho, xingamentos e ofensas, e até uma “teoria da conspiração” arquitetada pela China para dominar o mundo. Assim foi a sessão da Assembleia Legislativa desta terça-feira (16), quando os deputados repercutiram a quarentena de 14 dias anunciada pelo governo do Estado, com início nesta quinta-feira (18).

Parlamentares aliados ao presidente Jair Bolsonaro se pronunciaram contrários à quarentena, na linha de atuação do governo federal, que nesta terça-feira formalizou a substituição do general Eduardo Pazuello pelo médico Marcelo Quiroga no Ministério da Saúde. Os deputados usaram termos ofensivos, no mesmo clima da carreata do último domingo (14), que motivou a aprovação pela Assembleia de duas notas de repúdio à ação dos bolsonaristas que se manifestaram em frente ao prédio onde reside o governador e foram até a casa de sua mãe, Dona Anna, de 88 anos.

Para o deputado Pastor Mansur (PSDB), “lockdown, infelizmente, é um mecanismo de condicionamento de uma agenda ideológica, que está sendo implantada no planeta. Foi por isso que o vírus maligno, mortal, chinês, repito, foi criado e estrategicamente espalhado pelo planeta”, disse, adotando uma forma de abordagem muito utilizada em igrejas evangélicas, procedente da chamada “teoria da conspiração”, conhecida por manter esse público amarrado a informações sem qualquer comprovação, que o torna presa fácil de fake news.

“Esse vírus maldito, mortal, que, na minha opinião, foi estrategicamente fabricado – isso eu posso pensar e colocar dessa forma -, e espalhado pelo mundo. A China quebrou as pernas do mundo e está vendendo as muletas, vendendo as seringas, vendendo as agulhas, vendendo as máscaras, vendendo os imunizantes e nós estamos aqui no Espírito Santo debatendo essa questão”, continuou Mansur, ressaltando: “Eu não sou negacionista!”.

Para ele, “infelizmente o vírus é uma praga, que veio da China, é uma peste, e nós estamos num cenário de guerra mundial, uma devastação mundial, sem arma física ou nuclear, mas uma arma biológica”. Acrescentou, ainda, que os meios de comunicação estão criando uma cortina de fumaça para “evitar a gente tocar nesse assunto que estou tocando”.

“Estão inventando hoje, porque não se fala mais no vírus da China, no vírus maligno da China, mas agora já é a variante, a brasileira, a variante britânica, a italiana, para tentar se encobrir a verdadeira origem e os verdadeiros culpados dessa desgraça mundial, desse caos mundial”.

O pastor abordou também o pronunciamento do governador Renato Casagrande, “que está tendo que encarar e tomar medidas impopulares, porque seja lockdown, seja quarentena, todos aqueles setores que são afetados já não suportam mais, porque a economia do Estado, a economia do Brasil, das pessoas, ninguém aguenta mais. E aqui cabe uma palavra de ânimo, de elogio ao governador, porque eu ouvi agora que o Estado estará tomando medidas econômicas para assistir os setores que serão mais afetados”.

O deputado Torino Marques (PSL), outro aliado do presidente Jair Bolsonaro, também ocupou a tribuna e se pronunciou contrário à quarentena. Afirmou que o Brasil está à frente de todos os países da Europa na questão de vacinação e enalteceu a política do presidente da República no combate à pandemia.

Ele defendeu o tratamento precoce da Covid-19, ao contrário da maioria da comunidade científica nacional e mundial, de prefeitos e governadores e de outras personalidades da vida política, social, religiosa e cultural do país, que colocam o Brasil como exemplo de má condução no combate à pandemia. “Paralisação [quarentena] é estúpida e anticiência”, disse, com voz empostada, apontando o dedo indicador para a câmera da TV Assembleia.

Já o deputado Capitão Assumção (Patri), que chegou à sessão já perto do final, prosseguiu com xingamentos ao governador Renato Casagrande e ao secretário de Saúde, Nésio Fernandes, para ele um “paramédico cubano”, e colocou no microfone uma mulher, de nome Kátia T. Guimarães, que ocupou todo o tempo com um discurso desesperado afirmando passar fome e outras necessidades por conta do lockdown (na verdade medidas restritivas) decretado em março de 2020.

Os deputados Emílio Mameri (PSDB), Iriny Lopes (PT) Sergio Majeski (PSB), Freitas (PSB), Marcos Madureira (Patri), Vadinho Leite (PSDB) e Janete de Sá (PMN) se manietaram favoráveis à quarentena anunciada pelo governo, mas destacaram a necessidade de reforçar os mecanismos de auxílio financeiro aos micro e pequenos empresários, com abertura de crédito nas redes oficiais.

Para a deputada Iriny Lopes, o presidente da República vem contribuindo para piorar a situação, com o estímulo ao não uso de máscaras, ressaltando também medidas a serem tomadas no transporte coletivo. Já o deputado Emílio Mameri afirmou que o Estado possui uma estrutura apropriada para uma campanha de vacinação, enalteceu o SUS, mas lamentou: “Não temos vacinas”, em referência ao atraso do governo federal.

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