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Dias sombrios

Das ruas para o legislativo, a guerra declarada pelos bolsonaristas no Espírito Santo

Redes sociais

A guerra declarada pelos bolsonaristas do Estado contra o governador Renato Casagrande e tudo que envolve as restrições necessárias para o combate ao coronavírus, seguindo os movimentos do presidente Jair Bolsonaro, rendeu cenas deprimentes nesta semana nas ruas e nos poderes legislativos. Gritaria, bate-boca e até dedo em riste foram registrados nos plenários da Assembleia Legislativa e da Câmara de Vitória, resultado dos ânimos exaltados e do desfecho do protesto “verde e amarelo” realizado no último domingo (14), em Vitória, que levou parte do grupo para a frente da casa de Dona Anna, de 88 anos, mãe do governador. Na Câmara, o embate principal ficou por conta de Gilvan da Federal (Patri), vereador em primeiro mandato e participante ativo dos atos em oposição a Casagrande, e Denninho Silva (Cidadania), que passou pelo local de carro com a família e se disse “indignado pelo ato covarde, lamentável, inacreditável”. Já na Assembleia, pelo deputado que é conhecido por repetidas posturas questionáveis, o Capitão Assumção (Patri), e o deputado Bruno Lamas (PSB), correligionário de Casagrande. Nos dois casos, a situação explodiu em decorrência de pedidos de nota e moção de repúdio pela presença de manifestantes da rua de Dona Anna, que motivaram também discursos críticos de parlamentares e de solidariedade à idosa. Assumção foi pra cima de Lamas, o que exigiu a presença do segurança do legislativo estadual no plenário, enquanto Gilvan e Denninho distribuíram bate-rebate. Salvo poucas diferenças, os episódios tiveram em comum frases do tipo: “não tenho medo do senhor”; “não vai me intimidar”; “a sua farda não me mete medo”; “comigo não!”; “não tenho medo de grito” e “pode vir que estou preparado”. Quase um convite ao ringue, com chance de ainda piorar. Dias e tempos cada vez mais sombrios…

Protagonista
Gilvan da Federal, pelos discursos, participou do protesto de domingo até a chegada na Praça do Papa. Assumção prosseguiu eufórico com o grupo, como mostram vídeos publicados nas redes sociais, primeiro até a casa do governador, em Bento Ferreira, e, depois de Dona Anna, em Bairro República.

Pontos distintos
Nas falas tanto de Gilvan quanto de Assumção, defesas de que as manifestações foram “legítimas. Os questionamentos, porém, não passaram por aí em nenhum momento. Pelo contrário, deputados e vereadores fizeram questão de defender o direito ao protesto. Mas não em frente à casa de uma idosa, que nada tem a ver com o executivo, muito menos com a história.

Querem mais
Sobre o governador, os bolsonaristas colocaram ainda mais lenha na fogueira: “fez teatro”, “só faltou chorar, merece o Oscar”, “se fez de vítima” e “usou a mãe”.

Controvérsias
A partida de Assumção para cima de Lamas foi nessa quarta-feira (17), depois do bolsonarista contestar termos da nota de repúdio aprovada na Assembleia, de que houve ofensa e atitudes agressivas à Dona Anna. No entanto, o discurso de Denninho na Câmara, feito ainda na segunda (15), reforçou o conteúdo negado pelo deputado.

Correndo
…o vereador contou que foram ditas “palavras de baixo calão” e avisou: “eu não ouvi, eu vi, presenciei”. Ele lembrou que o bairro, composto em 80% por idosos, “ficou horrorizado”. E mais: que parou para alertar uma servidora da Câmara que estava por lá, e ela teria inflamado um grupo contra ele, sendo obrigado a “sair correndo com o carro, para não correr risco de ser linchado”.

Apuração interna
Denninho queria abertura de Processo Administrativo Disciplinar (PAD) contra ela, identificada em plenário como Alexandra. O presidente da Câmara, Davi Esmael (PSD), respondeu apenas que “será apurada a participação”, reforçando que a questão se limita ao protesto em frente à residência da mãe do governador.

Histórico
Dos pronunciamentos que sucederam o vereador do Cidadania, Anderson Goggi (PTB) foi incisivo: manifestação contra o governador tem que ser feito no Palácio Anchieta ou na residência oficial. Depois, recapitulou a atuação de um “deputado fanfarrão”, lembrando do processo de quebra de decoro por oferecer recompensa e incitar um assassinato; invasão a hospitais em plena pandemia; e até foto com arma na mão da filha, uma criança.

Cronograma
Gilvan e Assumção seguem nas ruas puxando atos, como na última terça-feira (16), no Palácio Anchieta, no momento em que Casagrande anunciava a quarentena do Estado, e, nesta sexta-feira (19), na Praça do Pedágio, em Vitória, Dizem eles que pela “liberdade” e contra o “lockdown”.

Desserviço
O deputado, assim como o presidente Jair Bolsonaro, também pede nas redes sociais: “não obedeça aos governadores”, e vem postando vídeos nesse sentido para estimular seus seguidores.

‘Oportunistas’
Nesta sexta-feira (19), ao ser questionado sobre medidas que podem ser consideradas impopulares, Casagrande respondeu: “Não estou preocupado com desgaste. Não imaginei enfrentar uma pandemia dessas e vou proteger os capixabas, cumprir meu dever, independentemente dos protestos. Tem gente que está preocupada com a sua vida, de seus familiares e empregados. Mas nesses atos também tem muitos oportunistas, procurando colher alguma migalha nesse debate”.

Angustiante
O Espírito Santo e o País vivem o pior momento da pandemia, com risco de colapsar o sistema de saúde, e já com a triste marca, por aqui, de 6,8 mil mortos e 355,4 mil casos, sendo 39 e 2 mil, respectivamente, somente nas últimas 24h. Tem gente que não consegue dormir com um barulho desse. Tem gente que desdenha. É no mínimo assustador.

Nas redes
Em cerca de 20 dias, os medicamentos utilizados na intubação poderão terminar. Se Bolsonaro não for afastado com urgência, o Brasil assistirá a uma carnificina inimaginável! Estancar sua sabotagem e inoperância é questão de sobrevivência: um ato de legítima defesa!”. Fabiano Contarato, senador pela Rede.

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