domingo, novembro 24, 2024
19.9 C
Vitória
domingo, novembro 24, 2024
domingo, novembro 24, 2024

Leia Também:

Ciclo de debates discute atualidade e futuro da cultura no Espírito Santo

O artista Fabio Carvalho é um dos convidados para o “Cultura em Colapso”, que acontece em abril de modo online

Ao desmonte das políticas culturais que já era uma realidade nos últimos anos, somou-se a pandemia da Covid-19, que levou à paralisação de boa parte das atividades artísticas e culturais no país. Fora todas as dificuldades que já implicam o fazer cultural dos artistas e produtores brasileiros. É buscando debater esse cenário difícil, que acontece o evento Cultura em Colapso”, com uma série de seis debates ao vivo de forma online a serem realizados entre os dias 6 e 15 de abril pelo Instagram do canal da Mídia Ninja ES.

Entre os temas que serão discutidos com convidados de diferentes formações, atuações e territórios do Espírito Santo estão os retrocessos e descontinuidades nas políticas públicas culturais, a precarização do trabalho no setor, a necessidade de descentralização dos recursos, as limitações das políticas de editais, e a falta de políticas para equipamentos culturais independentes.

O nome do evento busca chamar atenção para a gravidade do momento que se enfrenta. “Algumas trabalhadoras e trabalhadores do setor não conseguem desenvolver nenhuma atividade, passam por necessidades básicas, como a falta de alimentos”, aponta Karlili Trindade, da Ciclo Escola de Economia Criativa, um dos grupos que organizam o “Cultura em Colapso”.

“Com certeza vivemos um grande colapso geral, mas precisamos pôr luz sobre o colapso da cultura pela importância de sua dimensão não somente econômica, mas simbólica e social. A cultura se faz, existe e resiste, independente de recursos, mas a que custo isso acontece? Com a precariedade do trabalho? Com artistas, produtores e gestores desenvolvendo diagnósticos clínicos de ansiedade e depressão? Qual é o custo humano desse colapso?”, questiona.

Um ano depois do início da paralisação por conta da pandemia, a cultura segue sem poder voltar a se apresentar. O avanço de governos conservadores, geralmente mais avessos aos investimentos e políticas de cultura, incluindo o governo federal, onde o Ministério da Cultura foi extinto e passou a ser uma secretaria dentro do Ministério de Turismo, também vem dificultando a manutenção de projetos e espaços culturais, assim como a sobrevivência dos trabalhadores do setor. Mas apesar da emergência do momento, a programação busca especialmente debater questões estruturais.

O projeto é fruto de parceira da Ciclo com outras entidades como o próprio Mídia Ninja ES, Associação Cultura Capixaba (Cuca), Espaço Thelema, Editora Cousa, Guilene Leonardi Publicidade, Bacutias, Coisas de Ruth e Studio 7 Luas.

Convidados de vários municípios e atuações na cultura

A mesa de abertura, no dia 6, às 19h30, horário de todos os debates, será com o tema ” Os retrocessos na Cultura e a descontinuidade das Políticas Públicas Culturais” e vai contar com presença do cineasta Adriano Monteiro, do gestor cultural Erlon Paschoal e da deputada estadual Iriny Lopes (PT).

No dia, seguinte, o debate será sobre “O setor cultural e a romantização da precariedade do trabalho”, tendo como convidadas as produtoras culturais Simone Marçal, Karlili Trindade e Juliana Barbosa, esta líder do movimento SOS Graxa, que arrecada fundos para apoiar trabalhadores que atuam nos bastidores da cultura e ficaram sem recursos.

Fechando a primeira semana, “A urgência da descentralização dos recursos e investimentos” será discutida com Fabíola Melca, agitadora cultural de Divino de São Lourenço, Crislayne Zeferina, ativista do Território do Bem, conjunto de comunidades de Vitória, e um terceiro convidado ainda a confirmar.

A segunda semana de evento terá início no dia 13, com a subsecretária de Cultura de Viana, Renata Weixter, e os artistas e produtores culturais Fábio Carvalho e chama.amanda que vão realizar o bate-papo sobre “Os editais e a ineficiência de políticas seletivas”, abordando o caráter burocrático, competitivo e concentrador desse formato que tem sido um dos carros-chefe das políticas culturais contemporâneas.

No dia 14 o tema é “A ausência de políticas para manutenção dos equipamentos culturais independentes”, abordando as dificuldades enfrentadas por espaços culturais na Grande Vitória e interior. Quem participa da conversa é Antônio Vitor, do Centro Cultural Eliziário Rangel, Luiz Cardoso, da Má Companhia, e um terceiro convidado a ser confirmado.

A última das atividades do ciclo terá como assunto “O futuro da Cultura: perspectivas, mudanças e desafios”, pensando questões como pluralidade, mecanismos de fomento e distribuição de recursos. Quem participa é a líder quilombola Selma Dealdina, de São Mateus, Joelma Consuelo, ligada à cultura popular de Muqui, e uma terceira convidada, que será uma representante indígena, formando uma mesa totalmente feminina.

“Os convidados têm atuações institucionais, de resistência, luta, mobilizações, posicionamentos favoráveis a políticas públicas e a valorização das outras dimensões da Cultura que não somente a econômica, mas a simbólica e social”, resume Karlili Trindade sobre a programação, que está mais detalhada no box ao final desta matéria.

E-book será lançado com temas dos debates

Além dos debates, o “Cultura em Colapso” vai produzir um e-book editado pela Editora Cousa reunindo diversos artigos que reflitam sobre o momento vivido e os temas de debate propostos pelo evento em formatos e gêneros literários diversos, como ensaio, crônicas, poesia, conto, microconto ou qualquer outra linguagem.

Cada pessoa pode inscrever um trabalho de sua autoria por meio do preenchimento de formulário online. As propostas escritas devem ter até três páginas no formato especificado na chamada e os outros formatos como fotografia, desenho, ilustração, design, pintura ou outras imagens devem ter no máximo uma página.

As inscrições ficam abertas até o dia 3 de abril, com resultado final da seleção divulgada no dia 12 do mesmo mês.

Mais Lidas