Valnísio Hoffmann, do Sindipetro-ES, denuncia descaso no combate à Covid-19 pela empresa
O ato é fruto de um chamamento nacional e contou com adesão no Espírito Santo. Segundo o sindicato, o número de contaminados entre os trabalhadores da empresa chegam a cerca de 12% que estão ou já tiveram Covid-19, muito acima do percentual médio da população em geral, próximo de 6%.
“É uma mensagem de protesto da categoria para dizer que não podemos aceitar a atual situação e o discurso negacionista de que está tudo bem na empresa. A Petrobras se apresenta como se fosse um mundo paralelo, uma empresa fictícia, porque no chão das unidades não está acontecendo do jeito que eles dizem”, questiona Valnisio Hoffmann, coordenador-geral do Sindipetro-ES,
O dirigente aponta entre os problemas o aumento do número de profissionais realizando atividades não essenciais de forma presencial neste momento, que é o mais crítico da pandemia no país. “As pessoas seguem se expondo ao ter que pegar ônibus lotados e aumentam o número de pessoas nas unidades, ocupando os espaços de salas, áreas comuns e refeitórios, aumentando o risco de contaminação”, afirma.
Hoffmann denuncia também a situação de trabalhadores terceirizados que estariam burlando os testes de Covid-19 para não correrem o risco de perderem o auxílio-alimentação caso testem positivo e tenham que ficar em casa, além da falta de testagem nas plataformas de petróleo, depois do embarque dos trabalhadores.
“Eles ficam três dias em hotel para fazer testagem antes de embarcar. Nós recomendamos que haja testagem após alguns dias embarcados, pois o teste pode ter sido feito na janela em que o vírus foi contraído, mas ainda não pode ser identificado.
No mesmo dia do ato “lockdown”, o sindicato recebeu a informação de suspeitas de casos de contaminação nas plataformas p-57 e P-58 e enviou ofícios pedindo mais informações da Petrobras. Em um deles, alerta sobre os riscos da Parada Programada da P-58 no início de abril. Trata-se de uma atividade grande de manutenção da embarcação, que pode envolver até cerca de 400 pessoas em confinamento em alto-mar. O Sindipetro-ES solicitou informações sobre os protocolos que seriam adotados para testagem e as medidas em caso de surto, além de solicitar que a parada seja postergada dada a gravidade do momento em que os leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) estão escassos no Espírito Santo e em todo Brasil.
Em outro ofício, a entidade sindical alerta a gerência da Unidade de tratamento de Gás de Cacimbas (UTGC), em Linhares, norte do Estado, sobre a necessidade de suspensão do retorno de trabalhadores que já estiveram trabalhando de casa para as atividades presenciais. “Se durante um longo período esses trabalhadores estavam em home office e produzindo, essa volta ao trabalho presencial não se justifica, ainda mais nesse momento tão crítico”, diz o ofício.
O Sindipetro-ES abriu canais para os petroleiros denunciarem descaso ou risco de contaminação em ambientes de trabalho pelo e-mail [email protected] ou pelo WhatsApp 99583-2315.