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Projeto Língua Viva divulga arte indígena e língua tupi

Tupinikins de Aracruz e membros de outras etnias participam da produção de fotos, textos e podcast 

Brendo Cordeiro

A cultura, a arte e a língua dos povos Tupinikim do Espírito Santo são o centro do projeto “Língua Viva – Imagens em Movimento em Debate”, que usa os meios digitais para divulgar mais sobre a história, memória e pensamento deste e de outros povos originários do Brasil. Um acervo digital com fotografias, textos e podcast farão parte do site www.linguaviva.org, que já está no ar junto com as redes sociais do projeto no Instagram e Facebook.

Uma galeria virtual com acervo fotográfico registrando a vida e o território Tupinikim será montada no espaço virtual, com contribuição da artista Beatriz Pêgo, moradora da aldeia de Amarelo, e outros fotógrafos tupinikins. O podcast, que está em fase final de edição, será divulgado em abril no site do projeto e no Spotify, contando com entrevista com os linguistas Jocelino Tupinikim e Urutau Guajajara e o do cineasta Tiago Matheus Tupinikim, que utiliza o audiovisual como ferramenta para difusão da língua tupi.

O tupi foi a língua mais falada no Brasil por séculos. O povo Tupinikim, primeiro a ser contatado pelos portugueses no início da invasão colonial portuguesa, mantém em Aracruz, no litoral norte capixaba, seu único território remanescente, composto por diversa aldeias. Devido ao impacto da urbanização e industrialização do entorno, a língua foi deixando de ser falada e os últimos nativos em língua tupi na região faleceram entre as décadas de 1960 e 1980. Porém, desde 1999, os Tupinikim de Aracruz têm trabalhado na revitalização da língua, que já é ensinada nas escolas das aldeias desde 2007.

A proposta do projeto Língua Viva surgiu a partir de diálogos da antropóloga Aline Moschen com membros das aldeias de Aracruz, formando uma equipe de trabalho composta por não-indígenas e indígenas de várias etnias, incluindo os Tupinikim. “Essa visibilidade é importante e estratégica para o diálogo de indígenas com a sociedade não-indígena. Tenho observado que as políticas do Estado sempre focaram nas pessoas indígenas a partir de um lugar alegórico, muito voltado para satisfazer a curiosidade não-indígena”, aponta Aline, que acredita que em Aracruz as políticas municipais para os povos Tupinikim e Guarani têm foco principalmente no turismo.

“A conversa entre não indígenas e indígenas deve ser dar a partir de outro lugar, da equidade de pensamento. Sabendo que os povos indígenas têm muitos direitos negados, na dimensão do pensamento precisamos dialogar de igual para igual. O projeto quer valorizar o pensamento indígena e o colocar em destaque e relacionar com as artes indígenas que vêm sendo produzidas”, diz a antropóloga.

O projeto conta ainda com participação de Anapuaka Tupinambá, Jaider Esbell, da etnia Macuxi, e Idjahure Kadiwel, descendente dos povos terena e Kadiwéu, como artistas e intelectuais indígenas de outros estados brasileiros que contribuem com a produção de conteúdos publicados no site Língua Viva, abordando principalmente a arte indígena como estratégia para o diálogo intercultural, trazendo a diversidade e amplitude do tema, que tem sido debatido não só a nível regional, mas também no plano nacional.


Espírito Santo alberga os últimos Tupinikim do Brasil

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https://www.seculodiario.com.br/direitos/espirito-santo-alberga-os-ultimos-tupinikim-do-brasil

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