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Patriotas destoantes

No partido comandado por Rafael Favatto no Estado, as lideranças, definitivamente, não falam a mesma língua

Tati Beling/Ales

Partido pequeno no Espírito Santo, com baixa representação, o Patriota parece sempre aberto para receber novos quadros e ganhar alguma musculatura, mesmo que os perfis sejam, muitas vezes, nada alinhados. Foi assim que a legenda filiou, há um ano, o deputado estadual Capitão Assumção, após sua expulsão do PSL, apesar da atuação completamente destoante do presidente estadual da legenda, o também deputado Rafael Favatto, e do histórico de casos polêmicos registrados desde o início do atual mandato, com uma meta clara e incansável de liquidar o governador Renato Casagrande (PSB). Essa diferença entre os dois, que já era evidente, ficou muito mais no decorrer da pandemia do coronavírus e, à medida que os movimentos puxados pelo presidente Jair Bolsonaro avançam, aumenta o abismo entre as lideranças locais. Assumção é um dos cabeças do grupo bolsonarista no Estado que ataca o tempo inteiro o governador e o secretário de Saúde, Nésio Fernandes, seja com atos e convocações à população para desobediência civil, seja com pedido de impeachment e discursos inflamados na Assembleia. Já Favatto está no caminho contrário, exalta a condução dos dois na pandemia, elogia, e, como médico, critica posicionamentos repetidos à exaustão pelos negacionistas. Outro dia, após mais um pronunciamento de Assumção, disparou: “tem que falar a verdade, não criar alardes e factoides”. Nos últimos dias, outro quadro do Patriota da mesma cartilha de Assumção apareceu e levantou a questão partidária. O vereador de Vitória, Gilvan da Federal, ao fazer live para avisar da estratégia do impeachment e convocar manifestações com foco na Assembleia, citou Favatto dizendo que não se importa com sua expulsão no caso de insatisfação em relação ao movimento que agora coloca pressão nos deputados, incluindo o próprio presidente estadual do partido. Tanto Assumção quanto Gilvan protocolaram pedidos nesse sentido no legislativo estadual, por enquanto ignorados no plenário. Com esse cenário de “cada um no seu quadrado” e as articulações já em curso para um palanque de oposição, resta observar como o Patriota chegará às eleições de 2022: enfim alinhado (se é que é possível) ou ainda sem falar a mesma língua.

Segue…
Além de Favatto e Assumção, a bancada do Patriota agregou há pouco tempo, com a eleição de Lorenzo Pazolini (Republicanos) a prefeito de Vitória, o deputado Marcos Madureira, que é aliado do governo. Favatto ainda faz algumas críticas específicas, mas em tom ameno. Ele virou segundo vice-presidente da Mesa Diretora, em composição articulada por Casagrande junto com o presidente Erick Musso (Republicanos).

Ruído
Nessa relação Favatto-Madureira, porém, também já teve ruído, mas por outro motivo. Madureira ameaçou sair do partido, alegando falta de diálogo com o presidente estadual. O assunto, porém, parece ter esfriado. Foi falado, na época, até em Justiça para garantir a saída sem perder o mandato.

Vereadores
Nas câmaras da Grande Vitória, além de Gilvan da Federal, o partido tem Fabio do Vale, em Vila Velha, e Pablo Muribeca e Saulinho da Academia, na Serra. Nas redes sociais, o primeiro se aproxima mais do perfil de Favatto. Já os dois da Serra fazem críticas mais contundentes ao governo, que inclui medidas restritivas e discursos semelhantes ao dos bolsonaristas, mas ainda bem distante de Assumção e Gilvan.

Protestos
O deputado e Gilvan, como já dito aqui, participam ativamente das manifestações “verde e amarelo” realizadas no Estado. Na última delas, que rendeu investigação, o que dizem é que o vereador não prosseguiu junto com Assumção para as residências de Casagrande e, depois, de sua mãe, Dona Anna, de 88 anos. Mas depois, obviamente, defendeu o ato que envolveu a idosa, alvo de notas de repúdios.

Nada
Sobre o impeachment, se na sessão dessa segunda-feira (29) o assunto ainda passou rapidamente pelo plenário da Assembleia Legislativa, por meio de Assumção e Torino Marques (PSL), nesta terça, nem isso. Ao aprovar o projeto do auxílio às famílias mais vulneráveis do Estado, os discursos da maioria dos deputados se concentraram em elogiar o governador.

Contatos
A propósito, até agora, Gilvan já publicou, em suas redes sociais, fotos de dez deputados, com os respectivos contatos de telefone, email e redes sociais, incentivando os seguidores a cobrá-los sobre o pedido. Estão por lá: Fabrício Gandini (Cidadania), Coronel Alexandre Quintino (PSL), Janete de Sá (PMN), Luiz Durão (PDT), Marcos Garcia (PV), Adilson Espindula (PTB), Alexandre Xambinho (PL), Bruno Lamas (PSB), Carlos Von (Avante) e Dary Pagung (PSB). Diz ele que colocará os 30.

Nunca mais
Circulam nas redes sociais dois atos convocados para esta quarta-feira (30), em plena quarentena. Um pede – pasme! – “intervenção militar com Bolsonaro no poder” e será realizado às 14h, na Prainha em Vila Velha. O outro no Centro de Vitória, na “Praça Vermelha”, com pauta oposta, “Ditadura nunca mais: ato em memória dos mortos e desaparecidos de 1964”. Nesta data, foi consolidado o golpe militar no Brasil.

Tão necessário, tão difícil
Mais uma reunião com prefeitos, nesta terça-feira (30), debateu a urgência de fiscalização para garantir o cumprimento da quarentena decretada no Estado. Foi convocada pelo Ministério Público Estadual (MPES), após um final de semana ainda com movimentação nas praias. Cansativo e inacreditável.

Precisa muito mais
E quem foi chamado? Os prefeitos de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos); de Cariacica, Euclério Sampaio (DEM); de Viana, Wanderson Bueno (Podemos); e de Vila Velha, Arnaldinho Borgo (Podemos). “Reconheço o esforço de todos aqui, mas precisamos fazer um pouco mais”, reforçou a procuradora-geral de Justiça. Luciana Andrade.

Nas redes
Considero o dia mais triste de toda a pandemia. Tudo que é lícito dizer no exercício da vida privada, nem sempre edifica ou convém na vida pública. Gostaria que as pessoas que negam o horror tivessem uma expressão mínima de humanidade neste momento hediondo que o Brasil vive. Nésio Fernandes, secretário de Saúde, sobre o recorde de 89 mortes por Covid no Estado.

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