domingo, novembro 24, 2024
22.1 C
Vitória
domingo, novembro 24, 2024
domingo, novembro 24, 2024

Leia Também:

Fórum de Mulheres reivindica políticas públicas em Cariacica

Manifesto encaminhado à gestão de Euclério Sampaio alerta para violência no município e questiona atuação da Força Nacional

O Fórum de Mulheres de Cariacica, criado este ano em meio às preparações para o Dia Internacional da Mulher, apresentou para a gestão de Euclério Sampaio (DEM) um documento com reivindicações de políticas públicas, como a concretização de um trabalho em rede de enfrentamento à violência contra a mulher no município, com os princípios da Lei Maria da Penha no âmbito da assistência, saúde, educação e justiça. 

O grupo também exalta a necessidade de realização de campanhas informativas sobre os direitos das vítimas, medidas protetivas de urgência e contatos de órgãos de ajuda; trabalhos de formação e conscientização dos homens sobre a violência contra a mulher; além de fortalecimento do Conselho Municipal dos Direitos das Mulheres e da Rede de Atendimento Psicossocial e políticas públicas, também com foco na juventude.

O manifesto, intitulado “Pela Vida das Mulheres” foi protocolado virtualmente na Prefeitura de Cariacica, uma vez que o Fórum tentou marcar uma reunião com a vice-prefeita Edna Luzia Furtado (Avante), sem sucesso.

Uma das integrantes do grupo, Lurdinha Vasconcelos, afirma que as mulheres continuarão tentando dialogar com o poder público municipal sobre as reivindicações e também as protocolarão na Câmara de Vereadores e na Vara da Mulher, no Fórum de Cariacica. 

O grupo afirma que trabalhos de formação profissional e assistência psicológica poderiam ser feitos, por exemplo, em espaços como a Casa da Mulher Brasileira, que tem como foco as mulheres vítimas de violência, sendo a implementação dessa iniciativa uma das propostas do grupo. A Casa da Mulher Brasileira, explica Lurdinha, é um programa do Governo Federal, coordenado pelo estadual, que poderia ser pleiteado pela gestão municipal.
No documento, o Fórum destaca que em Cariacica há 196 mil mulheres, sendo 61% delas negras, ou seja, cerca de 119 mil. “Cariacica tem uma história diferenciada seja na sua formação urbana, seja na história de corrupção que emperrou e atrasou subitamente a administração e, dolorosamente, em se tratando de violência. Uma triste realidade espelhada e amplamente divulgada através da imprensa, onde nosso município tem liderado o ranking de mortes no Estado”, diz o documento.
O manifesto aponta que, em 2019, foram registrados 145 homicídios em Cariacica. Esse número aumentou para 175 no ano de 2020. “Ou seja, em dois anos Cariacica enterrou 320 pessoas. Estamos falando de 320 famílias que choram, de mulheres, que ficam viúvas, de crianças órfãs e de mães com coração partido”, ressalta.

O grupo também questiona: “Por que a Força Nacional de Segurança não conteve a violência no município?”. Os bairros que estão sob a guarda nacional Flexal I; Flexal II; Graúna; Padre Gabriel; Castelo Branco; Rio Marinho; Jardim de Alah; Jardim Botânico; Alzira Ramos; Nova Rosa da Penha; Nova Esperança; Bandeirantes; Maracanã; Vila Izabel; Vista Mar; Campo Belo; Bela Aurora; Cariacica-Sede; Prolar; Aparecida; Porto de Santana; Porto Novo; Itacibá; Nova Brasília; Nova Valverde; Mucuri; Campo Grande e Vila Capixaba, o que tem de atividades culturais, suporte familiares, atividades de formação profissional para tirar esses ou essas adolescentes e jovens da mira do tráfico?”.


Para o Fórum de Mulheres, “violência se combate com políticas públicas”. E acrescenta: “o modo arcaico de combater violência com polícia se esgotou. Mas mesmo assim, continua como prioridade e visibilidade através da mídia”.
Lurdinha afirma que a violência urbana atinge diretamente a vida das mulheres, já que na sociedade patriarcal cabe a elas o cuidado com a família, com os filhos, sendo as mães, principalmente, que buscam alternativas para tirar os jovens da dependência química, do tráfico e de outras ações ilícitas.
Diante disso, para o grupo, a questão da violência não pode ser encarada somente com repressão policial, mas com atividades culturais, suporte às famílias, formação profissional e políticas de saúde.

“Segundo a Organização Mundial da Saúde [OMS], a dependência química é doença. Portanto, a pessoa doente precisa ser tratada, e Cariacica é o único município da Grande Vitória que não tem Centro de Atenção Psicossocial. Famílias perdidas e transtornadas, muitas ameaçadas pelo familiar durante os surtos do uso, e sem tratamento adequado no município”, alerta o manifesto.


O Fórum de Mulheres de Cariacica é integrado pelo Movimento de Mulheres de Cariacica (Momuca), Associação de Mulheres de Cariacica em Libertação (Amucabuli), Associação de Mulheres de Cachoeirinha, Pastoral Operária e Centro de Estudos Bíblicos do Espírito Santo (Cebi/ES), Comissão da Mulher Advogada OAB – 11ª subseção, Federação das Associações de Moradores de Cariacica (Famoc), Associação CostumesArtes – Banco Sol, Coletivo Kizomba ES, Marcha Mundial das Mulheres Estado e  Frente pela legalização do aborto ES, 
além de mulheres que não integram nenhuma entidade.

Mais Lidas