O presidente da Assembleia Legislativa, Erick Musso (Republicanos), está em franca mobilização com as maiores empresas do Estado para angariar recursos financeiros destinados ao combate dos efeitos da pandemia de Covid-19 junto aos capixabas. O mote da iniciativa é o reconhecimento de que o setor não parou em nenhum momento e precisa intensificar sua presença nas ações voltadas para reduzir os impactos da crise sanitária.
“Quantos bilhões de dólares a Vale teve de recebimento dos seus insumos, produtos, da sua atividade no ano de 2020? Quantos bilhões de dólares a maior empresa de celulose do mundo, que tem a maior região dela sediada no Espírito Santo, teve de arrecadação no ano passado? Quantos bilhões de dólares nós tivemos de tantas outras grandes capixabas?”, questionou, durante a sessão ordinária dessa quarta-feira (7).
“A indústria capixaba desde o primeiro momento, ainda no ano passado, tem sido pouco alcançada pelos decretos de medidas restritivas. Teve alcance, mas com impactos muito menores do que dos bares, restaurantes, comércio, lojas, e assim por diante. A indústria capixaba não parou. Todos nós temos as nossas responsabilidades. O Poder Executivo tem a responsabilidade dele, o Legislativo, o Judiciário, o Ministério Público, o Tribunal de Contas. Também a Federação do Comércio [Fecomércio] e a Federação da Indústria [Findes] tem as suas responsabilidades”, elencou.
Nessa caminhada juntos aos empresários, sublinhou, a busca não será por “relações institucionais”, mas sim pelo “presidente da Vale, o presidente da Suzano, o presidente da Arcelor, o presidente da Imetame, o presidente do ES Em Ação, o presidente do Portocel, o presidente da Jurong, da Águia Branca, das grandes empresas desses Estado, as vinte maiores, EDP, Real Café, enfim”, listou, “para que nós possamos fazer um movimento de Estado, com organização, planejamento, liderança, firmeza, para que nós possamos estancar esse problema”.
“A escala de infectados pela Covid é enorme e é veloz. Se faz necessário um investimento financeiro consistente por parte da indústria”, ressaltou, sugerindo, a princípio, “a construção de dois grandes hospitais de campanha, com 330, 400 leitos”, para a qual disse ser necessário solicitar um orçamento ao secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes.
“Eu acho que se nós colocarmos a Federação das Indústrias, o Espírito Santo em Ação, convocarmos os empresários que amam o Espírito Santo, que investem, que moram e que gostam desse Estado, para que a gente possa fazer uma conta pra que não fique pesado pra ninguém, nós vamos conseguir com velocidade fazer um atendimento dessas demandas”, argumentou, anunciando uma primeira reunião direcionada à empreitada, que seria realizada ainda na tarde quarta-feira, aproveitando uma agenda já programada para tratar da campanha de arrecadação de alimentos lançada pela Assembleia e que já contava com apoio expresso da Federação.
“Temos que pensar no simples e no macro. E essa aceleração [das infecções e internações por Covid-19] só será freada se nós unirmos os nossos esforços e criarmos um movimento de Estado, de liderança, de energia, com afinco, determinação, com mão batendo sobre a mesa pra estancar a sangria que está no Espírito Santo”, conclamou, pedindo, em seguida, “com muita humildade”, o apoio falar em nome do conjunto dos deputados e da Assembleia. “Uma andorinha só não faz verão”, poetizou.
No momento, destacou, é preciso que “a Assembleia passe a ser protagonista no combate a essa praga que tem assolado, amedrontado, acuado, entristecido milhares de famílias brasileiras e capixabas, e que nós só vamos combater com ação”, argumentou. “Chegou a hora de agir, de botar tapa na mesa, de dividir responsabilidade, porque é um problema de todos nós”, asseverou.
Como a proposta fugia à pauta do dia e, tendo sido colocado pelos colegas a necessidade de obter mais informações por parte da Sesa para então aprofundar o debate, as manifestações foram sucintas, mas todas, de apoio à necessidade de estabelecer maior protagonismo da Assembleia e das indústrias sobre a questão.
O médico lembrou, ainda, que a unidade hospitalar está apenas com 30 leitos em funcionamento devido à falta de insumos. “Não adianta abrir uma nova estrutura e ter falta de material neste momento”, expôs, sendo seguido pelo líder do governo, Dary Pagung (PSB), que reforçou a escassez de insumos e de profissionais, que estão “cansados e desesperados”.